Depois de uma época complicado, onde a manutenção na Liga foi apenas selada no «sprint» final, o V. Setúbal segue tranquilo no sexto lugar do campeonato à 10.ª jornada.
 
Os sinais dados pela equipa do Sado na pré-época pareciam antecipar o cenário de mais um ano difícil. Isso e a aposta em jogadores provenientes dos escalões inferiores, quatro deles do CNS. Um deles é Costinha, que se tem assumido como uma das revelações da Liga na primeira fase da época, e que falou com o Maisfutebol após um treino no Estádio do Bonfim.
 
O extremo, que passou pelos escalões de formação da Académica e do FC Porto, admite que o V. Setúbal não foi levado a sério pelos adversários no início da época, mas diz que a situação mudou: «Agora veem-nos com outros olhos.» A cumprir a primeira época na Liga aos 23 anos, o jogador deixa ainda elogios ao treinador. «Não olha a estatutos. Quem estiver melhor no treino é quem vai jogar ao domingo.»

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O Vitória está no sexto lugar da Liga com 14 pontos. Onde é possível chegar?

«Nós temos uma equipa muito ambiciosa. Queremos atingir a manutenção o mais rápido possível e a partir daí vamos encarar os jogos como até aqui. Queremos os três pontos, o máximo possível.»
 
Mas estão surpreendidos com o lugar ocupado no campeonato?
«Não! E o plantel sabe isso perfeitamente. Sempre confiámos na nossa equipa. Apesar de os resultados da pré-época não terem sido animadores, sabíamos que eram apenas resultados de pré-época e nunca nos fomos abaixo. Passa muito pela ambição que a equipa técnica nos transmite e que nós temos. Não estamos minimamente surpreendidos com isso.»
 
A possibilidade de o Vitória estar daqui a uns tempos a lutar pelos lugares de acesso à Liga Europa é descabida?
«Não sei se será descabido, vou deixar isso para os comentadores de futebol. Estamos focados em atingir o mais rápido possível a manutenção. No fim do campeonato faremos as contas e logo se verá.»


 
Quim Machado assumiu que a conquista da Taça de Portugal é um dos objetivos do V. Setúbal para esta época. Não é uma fasquia muito elevada?
«Não dira que seja muito elevada porque o palmarés do Vitória demonstra que não é. Já tem taças no currículo e só com ambição é que as coisas se conseguem.»
 
O Frederico Venâncio disse que a vossa equipa não foi levada muito a sério no início da época. Também sente isso?
«Sem dúvida! E agora, sempre que entramos em campo, vemos que as equipas nos olham de maneira diferente. Já têm um pouco de receio. Antes vinham aqui e jogavam muito mais para a frente e agora têm mais calma. Isso também teve a ver com o que aconteceu na pré-época, em que os nossos resultados não foram animadores, e as pessoas já pensava que estava aqui uma equipa que ia descer. Demonstrámos dentro de campo que as coisas não são assim.»
 
Essa ideia formou-se só pelos resultados da pré-época ou também pelo facto de o V. Setúbal ter no plantel alguns jogadores que na época passada estavam no CNS?
«Isso também influenciou. Acho que os outros clubes pensaram que íamos ser uma equipa de CNS e enganaram-se. Agora veem-nos com olhos diferentes, seguramente. Nota-se perfeitamente que agora têm muito mais cuidado connosco.»
 
Lembro-me do jogo com o Arouca aqui no Bonfim, que ficou 0-0. Foi isso que se passou nesse dia?
«Sem dúvida. O Arouca é uma equipa muito bem organizada. Mas eles sabiam que, para roubar aqui pontos, teriam de ser ainda mais organizados. E foi isso que se viu no jogo.»
 
Como tem sido trabalhar com Quim Machado?
«Muito bom. É um treinador muito ambicioso, que gosta que todos os jogadores rendam o máximo e que não olha a estatutos. Quem estiver melhor no treino é quem vai jogar ao domingo e temos de estar sempre preparados porque temos um colega atrás de nós que está sempre pronto para nos roubar o lugar.»
 
No início da época o treinador utilizou várias vezes o argumento da pouca experiência de I Liga de alguns jogadores para justificar alguns erros, nomeadamente no jogo em casa com o Boavista, em que o V. Setúbal esteve a ganhar por 2-0 e a jogar contra dez e acabou por deixar-se empatar. Isso retira-vos pressão?

«Retira. E o treinador dá-nos liberdade dentro de campo. Ele vai sempre assumir o nosso erro e é muito bom saber que podemos fazer o que queremos, claro que com responsabilidade, mas que do meio campo para a frente temos liberdade para fazer o que nós queremos. Temos alguma inexperiência, mas agora as coisas estão diferentes. Se esse jogo com o Boavista fosse agora, as coisas talvez fossem diferentes.»
 
O que é que mudaria?
«Se estivéssemos a ganhar por 2-0 e a jogar com mais um jogador, teríamos gerido mais a bola, tido outra calma e não ir tanto para a frente.»