2015 foi um ano recheado de novidades na carreira de Lucas João. O gigante avançado nascido há 23 anos em Luanda terminou a temporada 2014/2015 com um interessante registo ao serviço do Nacional (sete golos em 38 jogos oficiais), tendo despertado de imediato o interesse de alguns emblemas sonantes do futebol nacional e também de alguns emblemas estrangeiros.

Ciente das suas capacidades e dono de um discurso firme e seguro, Lucas João tem conhecido o lado bom da fama ao longo dos últimos meses. A transferência para o estrangeiro sucedeu-se, mesmo que não tenha sido para um emblema do primeiro escalão: o Sheffield Wednesday, histórico do futebol britânico, procura um regresso à Premieship para breve e decidiu-lhe apresentar uma proposta tentadora. O jogador não poderia recusar, ainda para mais sabendo que teria um treinador português a orientá-lo (Carlos Carvalhal).

Os primeiros meses em terras de Sua Majestade têm sido muito bons, como atestam os seis golos em 19 partidas oficiais, a juntar a diversas boas exibições. Para que fique bem evidenciado o momento mais agradável que atravessa, na última partida do Championship, Lucas João entrou ao intervalo e bisou, garantindo assim a vitória do Sheffield Wednesday frente ao Huddersfield.

O estilo, que alia físico e uma certa técnica, além da capacidade de finalização, tem encantado os aficionados do Wednesday, que até já lhe dedicaram uma música. Além da boa prestação no Championship, o Wednesday já eliminou dois gigantes (Newcastle e Arsenal) da Taça da Liga e Lucas João teve um contributo importante para a equipa nesses desafios.

Como se isto fosse pouco, o jogador somou as duas primeiras internacionalizações pela Seleção Nacional no duplo compromisso frente a Rússia e Luxemburgo (tendo jogado a titular neste último). Ao Maisfutebol, o jogador deu conta do entusiasmo com que tem vivido os últimos meses, além das expectativas para 2016, tanto a nível de clube como de seleção.

Estava à espera de tudo aquilo que lhe tem acontecido neste ano de 2015?

Não esperava que acontecesse tudo de forma tão repentina. A verdade é que a mudança foi grande mas fui recebido da melhor forma aqui em Sheffield. Tenho de agradecer a toda a gente, desde os meus companheiros, ao meu treinador e à empresa que me agencia. Todos me têm ajudado nesta nova etapa. Felizmente tudo tem corrido bem mas aviso que não irei parar por aqui...

Vejo que a experiência lhe tem corrido bem em Inglaterra. Já é um dos jogadores mais admirados pelos adeptos e elogiados pela crítica...

Sim. A adaptação à cidade, apesar da língua e de tudo o resto, foi fácil. Muito graças ao trabalho do mister Carlos Carvalhal, que me vai dando dicas e isso tem-me ajudado. Felizmente, tanto eu como o treinador temos tido sucesso... (risos)

Carlos Carvalhal teve alguma influência na sua chegada? Como tem sido trabalhar com ele?

Teve muita influência. Trabalhar com ele tem sido fácil, porque é alguém ambicioso, que quer quer sempre mais e tenta transmitir isso aos jogadores. Além disso, tem tentado passar experiência ao plantel, o que nos tem ajudado imenso neste início de época.

A época tem corrido bem até agora. Há margem de manobra para o Sheffield Wednesday acreditar numa subida à Premier League já este ano?

Bom, o clube traçou um objetivo a dois anos. Nós, este ano, comprometemo-nos a pensar jogo a jogo e é o que temos feitos. No final, faremos as contas. O clube tem as suas metas e nós temos trabalhado no sentido de as alcançar...

Na Taça da Liga, já eliminaram Newcastle e Arsenal e na próxima eliminatória segue-se o Stoke. Já conseguem pensar em Wembley ou ainda é muito cedo?

Não... Há que ir jogo a jogo, como disse anteriormente. É a melhor forma de pensar e atuar no futebol. Há que jogar o que sabemos e deixar tudo dentro de campo. É verdade que tivemos muita atenção por termos eliminado duas equipas da Premier League, mas vamos manter-nos concentrados. Oxalá possamos voltar a surpreender frente ao Stoke...

No Verão passado, foi noticiado o interesse de alguns emblemas importantes do futebol nacional e internacional no seu concurso. Tem a ambição de jogar nalgum dos três grandes ou prefere ficar em Inglaterra por agora?

Com certeza que tendo chegado a Inglaterra, tendo a ambição de jogar na Premier League e sei que tenho de fazer muito por isso. No entanto, não escondo que, um dia, gostaria de representar algum dos grandes em Portugal. São três grandes equipas, é lógico que poderia ser interessante.

Depois de uma primeira chamada à Seleção Nacional em março (para o jogo frente a Cabo Verde), voltou a ser convocado recentemente e teve a oportunidade de somar as primeiras internacionalizações. Qual é a sensação de vestir a camisola das Quinas?


De tudo o que me aconteceu no último ano, ter chegado à Seleção foi o ponto mais alto. Foi um autêntico sonho realizado ter a oportunidade de defender as cores do meu país.

O que lhe disse Fernando Santos antes de se estrear?

Basicamente, recomendou-me que fizesse aquilo que sei, aquilo que tenho feito para chegar até aqui.

Tendo em conta a escassez de pontas de lança na Seleção principal, acredita que poderá ter um lugar reservado na lista de 23 convocados para o Europeu?

O que eu tenho de fazer para lá estar é continuar a exibir-me a bom nível e a marcar golos. Depois cabe ao nosso seleccionador escolher os jogadores que acha mais indicados. Agora, é claro que gostava muito de ter a oportunidade de jogar o Euro 2016.