Sá Pinto feliz no Legia: «Não quero fazer uma colónia de portugueses»

«Na Arábia fiquei fechado num supermercado porque iam rezar»

Está atento ao campeonato português?

Aos jogadores, sim, como vê (risos). Ao campeonato não como gostava, mas individualmente sim, vou observando alguns jogadores que se estão a destacar na Liga. Ver um jogo do princípio ao fim, sem me focar num ou outro jogador, nem tanto. Quando cheguei à Polónia não conhecia a Liga, os jogadores e a minha equipa - tirando alguns jogadores -, então nos últimos quatro/cinco meses foi esse o meu foco.

Um dos treinadores que está a dar cartas é Abel Ferreira, que, curiosamente, o substituiu nos juniores do Sporting. Como é que surgiu essa oportunidade?

O Abel foi meu colega de equipa e quando fui para os sub-19, acho que já nem estava a jogar, estava a recuperar de um prolema no joelho. Sempre soube que ele gostava do treino e, como estava lá a treinar sozinho, disse-lhe para treinar connosco e começou a ajudar-nos, a colaborar e a familiarizar-se com o treino - eu sabia que ele estava a tirar o curso. Temos uma ótima relação e gosto muito dele. Ele também gostou do desafio, começou a colaborar, ajudando aqui e acolá e criou uma boa empatia com a equipa. Toda a gente gostava dele e quando surgiu a oportunidade de eu ir para a equipa principal o Carlos Freitas perguntou-me em relação ao treinador dos juniores e eu disse-lhe que podíamos lançar o Abel.

Sente-se como uma espécie de padrinho do Abel?

Não, nada disso. O Abel tem a capacidade que tem e tem paixão. Foi algo que surgiu com naturalidade. E logo no primeiro ano correu muito bem, foi campeão e começou a fazer a carreira que está a fazer e eu estou muito orgulhoso do trabalho dele.

E o que guarda da época 2011/2012 quando chegou à equipa principal do Sporting?

Guardo grandes momentos. Foi a minha primeira época como treinador principal. Tivemos resultados fantásticos, mas perdemos a final da Taça que foi uma grande tristeza. Na Liga Europa chegámos às meias-finais. O Sporting em mais de 100 anos de história tem cinco meias-finais de competições europeias e eu tenho o prazer de ter estado em duas delas uma como jogador e outra como treinador. Em cinco estar em duas, é um feito para mim. Lembro-me também dos dérbis contra o Benfica, o Jesus levava seis vitórias seguidas e ganhámos 1-0 e podíamos ter ganhado por mais - fizemos um jogo fantástico. Na Taça, tínhamos ganhado uns dias antes ao Sp. Braga do Jardim, o Leonardo, meu querido amigo, e era a equipa mais perigosa em transição, a mais difícil de jogar, que defendia muito bem e saia muito rápido, e nós ganhámos bem, seis dias antes da final... a equipa estava muito forte física e mentalmente, ninguém previa aquele resultado. E o famoso percurso na Liga Europa, foi fantástico: a vitória com o Manchester City, a chamada equipa dos 500 milhões, que tinha ganho 6-0 ao FC Porto no conjunto das duas mãos e o FC Porto foi campeão. Quando fomos lá jogar lembro-me que diziam ‘coitados, mas o que é que o Sporting vai lá fazer? Enfim, enfim’. Eu disse ‘pois é, deixem-nos falar’. E não é a jogar a uma não, jogámos a duas. No primeiro jogo, como sabe, estivemos a semana toda a treinar o calcanhar do Xandão (risos), ganhámos bem, e no segundo jogo sofremos muito, mas fomos uma equipa valente, concentrada e com alma, que não só jogou um grande futebol mas que também soube jogar com organização e estratégia. E o Pereirinha com o braço ao peito. Merecemos passar.