Paulo Machado viveu duas temporadas de boas recordações no Olympiakos. Venceu dois campeonatos e uma taça da Grécia.  Por isso, regressar ao emblema grego estará sempre na lista de desejos do jogador português.

O sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões ditou-lhe esse mesmo regresso ao Karaiskákis, mas como rival. Assim, se marcar, Paulo Machado garantiu ao Maisfutebol que não vai festejar. Pelo respeito ao clube e aos adeptos que são difíceis de agradar, mas que sempre lhe demonstraram enorme carinho.

Nesse regresso a «casa», o médio do Dínamo Zagreb, que partilha balneário com Eduardo, Ivo Pinto e Gonçalo Santos, encontrará mais dois portugueses: Marco Silva e Hernâni.

Paulo Machado acredita que o treinador terá sucesso em Piraeus, apesar da enorme exigência do clube.


No grupo (F) da Liga dos Campeões vai defrontar o Bayern Munique, Arsenal e Olympiakos. Que hipóteses tem o Dínamo Zagreb?
É normal que se diga que somos a equipa mais fraca deste grupo, mas só em campo isso se verá. No futebol, como na vida, tudo é possível e o Dínamo pode surpreender porque não estão à espera. Às vezes, perante adversários menos fortes, as grandes equipas entram mal e há que saber aproveitar.

Este sorteio ditou um grupo forte, mas também um regresso a «casa»: ao terreno do Olympiakos. Está ansioso?

É verdade! Vou voltar a uma casa onde fui muito feliz durante dois anos e onde vivi momentos espetaculares. Estou ansioso, sim. Foi um clube que me marcou muito, que me proporcionou dois anos fantásticos. Jogar frente a uma equipa que me conhece tão bem será sempre especial.

Como acha que vai ser recebido?
Não sei. É certo que estive lá dois anos e que gostavam muito de mim. O mais certo é ser bem recebido, mas no futebol tudo pode acontecer. Desta vez vou aparecer como rival e se ganhar podem não ficar satisfeitos, mas estou preparado para qualquer um dos cenários.

E se marcar vai festejar?
Não. Claro que não! É um clube ao qual estou muito agradecido. O Olympiakos ajudou-me muito a conquistar alguns dos meus sonhos e a jogar a Liga dos Campeões. Se marcar, festejar está fora de questão. 

Na altura do gesto aos adeptos do Dínamo, os do Olympiakos manifestaram apoio e pediram o seu regresso. Como assistiu a isso?
Foi bom sentir esse carinho. Eles conhecem-me bem e sempre me apoiaram. Sei que dei muito ao clube e eles reconhecem isso. Notaram que precisava de apoio, depois de um momento menos positivo. Sempre me trataram com carinho e apelidavam-me carinhosamente por Moustaki, por causa do bigode. É bom sentir que os adeptos de um clube que me marcou ainda gostam de mim. Quem sabe, por isso, não voltarei um dia.

Gostava de voltar?
Sim, gostava de voltar. Foram dois anos incríveis e o clube no estrangeiro que mais me marcou. Quem sabe o que o futebol me proporcionará no futuro? Era uma das equipas onde gostava de acabar a carreira, por tudo aquilo que lá passei.

Atualmente o Olympiakos é treinado por um português. Acha que Marco Silva tem o perfil certo para ser o treinador desta equipa?
Claro que sim. Tanto mostrou que tem o perfil certo e capacidades para o ser, que esperaram que resolvesse tudo com o Sporting para o poderem contratar. Se não achassem que assim fosse, não esperavam o tempo que tiveram de esperar. Tenho acompanhado o trabalho dele: o que fez no Estoril é notável e o que fez no Sporting não é fácil de fazer. Conseguiu construir uma equipa e mostrar bom futebol. Os treinadores portugueses são bons e estão bem cotados no estrangeiro

E o que pode Marco Silva conseguir na Grécia?
Ser campeão, até porque isso é quase obrigatório. Se não o for, é quase certo que o mandem embora. São muito exigentes e se o contrataram com esse objetivo, exigem que assim seja. Na Grécia, às vezes, não é fácil nem quando se ganha, por isso imaginem quando se perde.

São assim tão exigentes?
Ui. São. São para lá de exigentes. Temos o caso do Leonardo Jardim. A equipa pode até estar em primeiro e ganhar todos os jogos, mas se não estiverem satisfeitos com o futebol praticado, atrativo e que agrade aos adeptos, já não gostam. Mas os adeptos apoiam e dão força do início ao fim, mesmo que o resultado não esteja a ser positivo. Fazem tudo para inverter essa situação.

E o Hernâni vai conseguir adaptar-se e corresponder?
Acho que sim, que se adaptará bem. Quanto ao corresponder, passa também pela adaptação e pelos adeptos. Vão exigir-lhe o máximo e acredito que o dará. É preciso ser forte mentalmente para corresponder, porque lá é-se facilmente assobiado e nem toda a gente consegue ultrapassar isso da melhor maneira.



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