Rafa Soares acaba de cumprir 23 anos, feitos nesta quarta-feira, e falou ao Maisfutebol.

Um balanço sobre a carreira até aqui e sobre esta temporada, em que passou por três clubes diferentes. Muito FC Porto, a passagem pelo Fulham e a ida para o Portimonense com o desejo de voltar ao Dragão.

Portista de coração, Rafa Soares considera que a etapa no FC Porto ainda não terminou e que tem valor para voltar a vestir a camisola azul e branca, tal como os jovens da formação que enumerou e elogiou.

O título do FC Porto, Sérgio Conceição e também rivais numa entrevista com quatro partes.

Sendo esperança nacional para o lado esquerda da defesa, o lateral formado no FC Porto também falou da seleção e disse acreditar que no futuro poderá ser internacional AA depois das 72 internacionalizações nas camadas de formação.

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23 anos acabados de fazer e já uns 15 a jogar futebol, mais de metade da idade que tem. Em que idade foi mais feliz dentro de campo?

Sem dúvida que entre os 10 e os 14 anos, que era quando não havia tantas responsabilidades. Não jogava a lateral, jogava à frente e fazia vários golos. Era muito feliz! Não que agora não o seja, sou, mas é diferente.

Muitos anos de FC Porto e empréstimos como sénior. Em qual dessas saídas aprendeu mais? Académica, Rio Ave…

No Rio Ave, porque foi uma temporada inteira e apanhei grandes treinadores, o Nuno Capucho e o Luís Castro que já conhecia e que sempre me ajudaram. Foi, certamente, o ano em que aprendi mais.

E o que é que gostaria de já ter conquistado até agora?

Além dos títulos que tenho, gostaria de ter conquistado um dos campeonatos de juniores, que nos fugiu entre as mãos, e um título a nível de seleção. Nos sub-19 fui vice-campeão, estive quase a ganhar o título, mas só deu para chegar à final.

Se tudo correr bem, e pela média, restam-lhe ainda uns 10 anos de futebol. O que gostava que lhe acontecesse até lá?

Gostava de ser campeão nacional em Portugal, claro que pelo FC Porto, e também num clube estrangeiro. Em que Liga? Não penso em nenhuma em concreto, mas gostava de jogar em Itália porque acho que conseguia vingar lá. E, fora clubes, ser internacional AA.

No ano passado ou há dois, numa entrevista disse «sinto o FC Porto em cada osso». A maior mágoa é, até aos 23 anos, não ter sido aposta do clube do coração?

Não diria mágoa, mas sim uma pequena tristeza por ainda não ter conseguido uma oportunidade, mas vou correr atrás. Sei que só com muito trabalho é que vou conseguir lá chegar, e é isso que farei.

Mas nesta temporada que vai terminar, ainda fez a pré-época com o FC Porto. Considera que era o «menos bom» ou que não lhe foi dada a devida oportunidade?

Boa pergunta, boa pergunta… Acho que não foi nem uma coisa, nem outra. Eu tive a oportunidade de ficar, mas fiz as contas e tinha o Alex Telles e o Layún que foram grandes investimentos do FC Porto, sabia que se ficasse ia ter poucas oportunidades e por isso tentei ser emprestado. Achei que seria o melhor para mim.

O Alex Telles, um dos melhores laterais do nosso campeonato… não é?

Sim, é um belíssimo jogador, uma estrela do nosso campeonato; fez uma época excelente e está a mostrar todo o valor que tem. Só lhe desejo o melhor, obviamente.

Com a saída do Layún, quem jogou também no lado esquerdo da defesa foi o Diogo Dalot.

É um grande jogador, ainda é muito novo, mas é muito bom e tem-no demonstrado. Agora está lesionado, mas vêm aí as férias, vai recuperar e para o ano vai estar aí ao seu nível outra vez. Gosto muito dele também.

Bom bom era ele ir para a direita e o Rafa ter oportunidade de ir para a esquerda, não era?

(risos) Era, era. Se o FC Porto conseguisse apostar na formação era ótimo. Ele de um lado e eu do outro.

Ainda assim depois do empréstimo ao Fulham, que não correu muito bem, regressou a Portugal e foi vendido ao Portimonense...

Sim, fui vendido mas o FC Porto mantém metade do meu passe e a opção de recompra. E eu espero, e tenho a confiança, que o clube possa exercer essa recompra porque acho que a minha etapa no FC Porto ainda não acabou.

Não acha, portanto, que seja difícil voltar ao Dragão?

Não, acho que não. No ano passado fiz uma excelente época no Rio Ave, nesta tive o azar de cinco dias antes de ir para o Fulham me ter lesionado e de ter sido mais grave do que se esperava, e isso fez-me perder o início da época, tirou-me minutos de jogo e oportunidades para mostrar aquilo que sou capaz, mas não me tirou qualidade. Se tenho qualidade para jogar no FC Porto? Acho que sim. Acho que tenho qualidade para um dia, quando eles acharem que chegou o momento, jogar lá.

Houve mais jogadores que fizeram a pré-época e saíram. Quem voltou, na altura em que o Rafa assinou pelo Portimonense, foi o Gonçalo Paciência que agora festejou o título de campeão nacional. Como viu a aposta nele?

Fiquei muito contente e acho que foi uma aposta justa. Finalmente o Gonçalo teve uma época tranquila, sem lesões ou outros problemas, e conseguiu mostrar aquilo de que é capaz. Em seis meses no Vitória mostrou o jogador que é e que sempre foi. Sou amigo dele e estou muito feliz por ele ter ido para o FC Porto e ter conseguido o título no clube do nosso coração. Nota-se que está feliz e merece, depois de tudo aquilo que já passou.

Agora mais longe, mas Pinto da Costa já lhe deixou elogios - «Toda a gente sabe que o Rafa vai ser um grande jogador». Que significado têm essas palavras?

(risos) Sim, fiquei e fico muito feliz com isso, porque demonstra que o FC Porto confia e acredita em mim. A mim cabe-me corresponder às expetativas. Ainda não consegui ter a oportunidade que desejo, mas claro que fico contente por ouvir esses elogios ao meu trabalho.