André Ribeiro é o único jogador que chega de fora para representar Portugal no Mundial sub-20. Nascido e criado na Suíça, nunca jogou por cá, embora tenha passado por um período de treinos no Benfica. Mas fala muito bem português e sonha jogar na Liga. O futuro é para decidir depois do Mundial sub-20, conta o jovem avançado de 19 anos ao Maisfutebol, numa conversa que fala ainda da admiração por Cristiano Ronaldo e da amizade com Renato Sanches.

O percurso de André nas seleções jovens começou há mais de dois anos. As ligações a Portugal vinham de trás. «Nasci na Suíça, os meus pais vieram para cá com 17 anos», conta André no dia seguinte a saber que vai estar, pela primeira vez na carreira, na fase final de uma competição de seleções. «Íamos sempre cada ano a Portugal. Os meus pais são de Lisboa, o meu pai de Moscavide, a minha mãe tem família em Viseu e também em Lisboa», continua, a explicar por que falar português perfeito e quase sem sotaque: «Sempre falei português em casa. Também tive aulas de português em Genebra. Depois continuei sempre a falar com a família, com os meus avós.»

André separou-se dos pais muito jovem. Começou por jogar no Étoile Carouge, onde se definiu cedo como avançado. Chamou a atenção do FC Zurique, que o observou várias vezes em ação em Genebra. E mudou-se mesmo: «Vim para Zurique quando tinha 15, 16 anos. Vim para a academia do FC Zurique. Fui sozinho, para uma casa onde também havia outros jogadores. Agora estou com uma família portuguesa.»

«No princípio foi complicado. No primeiro ano foi mais difícil. A língua, outra cidade para viver, foi complicado. Agora estou mais integrado», conta, sorrindo quando diz que em Zurique se viu obrigado a aprender também alemão, mais uma língua para o currículo: «Falo bem português, francês e alemão. Inglês falo mais ou menos.»

A seleção portuguesa apareceu cedo, a primeira vez que foi chamado foi em dezembro de 2014. «Começou tudo nos sub-18. Telefonaram ao meu pai e disseram que estava convocado para fazer um estágio de três dias.»

A decisão de escolher entre Portugal ou a Suíça pôs-se nessa altura: «Esse foi um ano muito forte. Tinha a seleção suíça também interessada. Optei por Portugal, o meu país do coração.»

Os primeiros tempos com a seleção foram de adaptação. «Foi estranho, ver novas caras, novos jogadores. Agora somos uma equipa unida, já nos conhecemos», diz.

Desde então fez 20 jogos pela seleção e marcou quatro golos, o último dos quais na vitória sobre Marrocos em novembro do ano passado, na preparação para o Mundial sub-20. É dele o primeiro golo neste resumo.

André tem representado a equipa B do Zurique. «Estou a treinar com a equipa principal mas jogo na equipa B», diz, ele que também representou o clube na edição deste ano da Youth League.

Uma semana no Benfica e o futuro 

Pelo meio chegou a passar uma semana no Seixal, em janeiro do ano passado. Nessa altura chegou a jogar e a marcar num particular da equipa B com o Real Massamá: «Recebi um convite do Benfica para ir fazer uns treinos, porque eles estavam interessados. Foi uma semana de treinos com a equipa B. Propuseram-me ficar. Mas por causa das condições, de várias coisas, e como o meu contrato acaba agora, decidi esperar pelo fim do contrato.»

André cresceu a gostar do Benfica. «O meu clube de adepto em criança foi sempre o Benfica. O meu pai é benfiquista.» Mas quem como ele quer fazer carreira como jogador profissional, o que procura agora é a melhor solução para o seu futuro: «O que quero é ter oportunidade num clube grande, jogar numa primeira equipa.»

E aí as prioridades de André são claras. Onde gostaria de jogar? «No campeonato português», responde sem hesitar: «Adorava.»

Um passo de cada vez. Só a seguir pensa em olhar para mais longe, para um campeonato maior: «Depois, vendo mais longe, gostava de jogar em Inglaterra. É uma Liga por onde passam os grandes jogadores. É mais rápida, mais física.»

Com o contrato a terminar neste verão, André Ribeiro tem o futuro em aberto. «Agora tenho vários clubes interessados, ainda não está nada feito. Estou concentrado no Mundial, depois do Mundial é que vou ver», diz, acrescentando que mesmo a hipótese de continuar em Zurique ainda não está fora da mesa: «Ainda não é nada garantido, vamos ver.»

O ídolo Cristiano Ronaldo e o amigo Renato Sanches

André define-se como um avançado versátil: «Sou ponta de lança mas também jogo nas alas. Aqui, sobretudo na equipa B, jogo mais nas alas, no lado esquerdo. Na seleção mais a ponta de lança, mas para mim é um pouco igual.»

Quando se lhe pergunta por referências, a resposta sai rápida e é curta. «Ronaldo.» O jovem avançado assume a enorme admiração pelo capitão da seleção nacional. «É o meu ídolo. Pelo jogador que é, pela imagem que ele dá aos portugueses. Defende o que é nosso. É o melhor jogador do mundo.»

Esse sentimento de orgulho por Ronaldo é ainda mais forte para quem é português e está fora, admite André. Como foi a festa pela vitória de Portugal no Euro 2016: «Deu-me muito gozo.»

E a vitória de Paris também serve de inspiração aos outros jogadores que representam as seleções nacionais, acrescenta, já a falar sobre o Mundial sub-20. «Deu também ânimo para as outras seleções. Agora que vamos ao Mundial é uma boa imagem de motivação.»

Para a Coreia do Sul, André Ribeiro centra para já atenções na primeira fase, onde Portugal terá pela frente Zâmbia, Irão e Costa Rica: «Primeiro é tentar passar a primeira fase, e sobretudo tentarmos ser primeiros no grupo. Depois cada jogo é uma final.»

Em Portugal André já criou laços e amizades. Uma delas é Renato Sanches. Em dezembro esteve em Munique com o agora jogador do Bayern.

«A primeira vez que encontrei o Renato foi na seleção. Encontrámo-nos em vários estágios, ficou um colega, um amigo. Já fui também visitá-lo a Munique, ver um jogo do Bayern», conta, para dizer que a adaptação do jovem médio a Munique não está a ser fácil, mas que tem confiança absoluta no seu sucesso: «Está um bocado desiludido, é normal, não joga muito. Mas tem o talento puro para ser um grande jogador. Acho que ainda vai alcançar muito mais do que já vimos.»