Vítor Pereira comentou, esta sexta-feira, as declarações de Fernando, que tinha-se afirmado arrependido por ter querido deixar o F.C. Porto no Verão, no rescaldo do triunfo sobre o Shakhtar Donetsk.

«Fernando é um grande profissional, um jogador colectivo, que não pensa individualmente. O mercado foi agressivo, com propostas a chegarem e é naturalmente humano que mexa com a estrutura emocional de um jogador. Eles lêem jornais e sabem as movimentações... Mas isso passou, temos o Fernando de novo e pronto para uma grande época. Ele próprio teve a humildade de reconhecer que esteve instável e agora temos de volta o nosso Fernando, com o espírito colectivo de sempre», assinalou.

«Não esperem um Porto a golear o Feirense»

A «ressurreição» de Fernando surge numa altura em que se vislumbram alterações no estilo de jogo portista e logo na posição que o brasileiro chamou a si nos últimos anos: médio defensivo. O início da época revelou Souza naquele lugar, mas, nas segundas partes dos jogos com V. Setúbal e Shakthar, Vítor Pereira apostou num esquema com Defour e Moutinho e sem o denominado «trinco».

Caminha o F.C. Porto para prescindir do médio defensivo? «O F.C. Porto caminha para jogar com três médios, como sempre, e caminha, cada vez mais, para que o seu médio defensivo seja um 6,5 ou um 7 a ir para um 8. Caminha para que os médios sejam de grande dinâmica», antevê Vítor Pereira.

«Guarín não está a ficar para trás»

O treinador explicou, depois, as alterações que, no futebol moderno, se verificam na figura do médio defensivo: «Antigamente o 6 era visto como o trinco, o médio defensivo, de equilíbrios, que recuperava e entregava a bola o mais próximo possível para não ter preponderância na organização ofensiva. Neste momento o 6 é cada vez o primeiro organizador do nosso jogo e isso vê-se nas grandes equipas. A minha ideia é aproximar cada vez mais o nosso 6 de um pivot.»

Mas, com essa nova ideologia, jogadores como Fernando e Souza não poderão perder espaço no onze? Vítor Pereira garante que não. «Por exemplo, há a ideia de um Fernando recuperador de bolas, agressivo, forte nas transições defensivas, que equilibra a equipa. Há quem lhe chame «Polvo», mas o Fernando é mais que isso. Ele e Souza gostam de subir e atirar à baliza. Não impomos o que queremos. Percebemos a qualidade deles e tentamos perceber o que nos dão», explicou.

Por fim, o técnico dos dragões falou de outro médio candidato ao onze: Guarín. Com a recente ascensão de Defour e Souza, a subida de forma de Belluschi, a recuperação de Fernando e a «certeza» João Moutinho, poderá estar o colombiano a perder espaço?

«Ninguém está atrás de ninguém, estão todos dentro numa competição interna. A nossa qualidade depende do que conseguirmos produzir internamente, numa competição saudável. Nenhum treinador do mundo deixaria para trás um jogador da qualidade do Guarín. Ficamos contentes com o nível exibicional do Belluschi, do Defour, do Moutinho e dos outros, mas o Guarin não fica para trás», garantiu, frisando depois que essas decisões cabem, obviamente, à equipa técnica.»

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