O Rússia-Portugal desta sexta-feira marca o regresso da seleção portuguesa a pisos sintéticos, 17 anos depois da participação vitoriosa no Skydome Cup, diante de Canadá e Dinamarca. Mas a relva artificial do estádio Luzhniki é o contrário de um papão para a maioria dos jogadores da seleção. De 2006 para cá, abundam os contactos felizes de jogadores portugueses com o estádio mais famoso de Moscovo.

Foi no final da época 2005/06 que a UEFA autorizou pela primeira vez a realização de jogos da Liga dos Campeões em piso artificial. Uma equipa portuguesa foi testemunha e intérprete da mudança: a 27 de setembro de 2006, o Sporting, treinado por Paulo Bento, e com João Moutinho, Miguel Veloso e Nani no onze, participou no batismo da relva sintética em jogos da Champions. Palco, o estádio Luzhniki, claro. Resultado final, um empate (1-1) com o Spartak Moscovo. O golo luso foi marcado por Nani.

Nani e Ronaldo: campeões europeus... em relva natural

No fim dessa época, o extremo iria trocar Alvalade por Old Trafford. Mas Moscovo e o estádio Luzhniki continuariam a ser fonte de momentos inesquecíveis na sua carreira. Em maio de 2008, o Manchester United conquistou aí a Liga dos Campeões, diante do Chelsea. Cristiano Ronaldo e Nani foram titulares nos «red devils». O primeiro marcou o único golo da sua equipa. O segundo converteu um dos penalties no desempate que encaminhou o troféu para Manchester. Precisão importante, porém: essa final foi jogada em relva natural, importada da Eslováquia poucos dias antes.

Nani voltaria a ser feliz no Luzhniki, em outubro de 2009, quando o Man. United venceu o CSKA por 1-0, com o português a titular. Já sem a companhia de Cristiano Ronaldo, que nesse ano tinha rumado a Madrid. O capitão português voltou a visitar o Luzhniki em fevereiro deste ano, já com a camisola merengue. Tinha Pepe e Fábio Coentrão a seu lado, no onze. E, para não variar, marcou o golo do Real no empate (1-1) que deixou bem encaminhada a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões.

F.C. Porto: dupla vitória com AVB

O registo de boas memórias do Luzhniki não ficaria completo sem a dupla referência ao F.C. Porto, na época dourada de 2010/11, que culminou com a conquista da Liga Europa. Com André Villas-Boas ao comando, os dragões fizeram duas viagens consecutivas a Moscovo, batendo no Luzhniki, primeiro o CSKA , em março (1-0 com golo de Guarín) e depois, em abril, o Spartak (5-2, com Rúben Micael entre os marcadores). Além de Micael, e do repetente Moutinho, também Varela, Beto e Sereno estavam entre os convocados portistas.

Se juntarmos a estes nomes o do experiente Bruno Alves, que ao serviço do Zenit não perdeu em nenhuma das últimas quatro viagens ao Luzhniki, a conclusão é a de que mais de metade da equipa nacional, selecionador Paulo Bento incluído, guarda boas memórias do palco de sexta-feira. Um bom hábito que interessa manter.