Um milagre, para um homem que acaba de ganhar um título inédito como treinador e se vira para Deus, o que se passou no Pacaembú só pode ter sido um milagre. Contra todas as previsões, e contra o Santos, o Ituano, do quarto escalão do futebol brasileiro, sagrou-se campeão paulista. Talvez fosse altura de o treinador, logo ali após a conquista, enaltecer o esforço e as qualidades da equipa e jogadores que orienta. Mas não, para o técnico, um ex-FC Porto, foi obra de Deus.

Doriva ficou famoso pelos pontapés. Fortes, certeiros, muitas vezes fatais. Seriam, para ele, apenas manifestações do Divino. «Toda a glória é do Senhor Jesus, Ele está acima de todas as coisas», disse o antigo médio portista, agora campeão estadual de SP com o modesto Ituano, logo após o triunfo sobre o Peixe.

O Santos teve todos os avisos. Caiu o Ponte Preta, caiu o São Paulo, ficou o Corinthians para trás e caiu o Palmeiras. O Ituano foi melhor que todos eles. Mas ainda faltava o Peixe, clube de Rei Pelé.

No dia 6, na primeira mão, novo aviso: Cristian fez golo. O Peixe não ligou...



Ainda havia a segunda mão para disputar. O 1-0 de há uma semana era pouco quando se olhava para as diferenças entre um Santos que já foi campeão do mundo e um Ituano que foi campeão de quase nada. Em 2002, venceu este mesmo Estadual Paulista, mas nesse ano nem Santos, nem Palmeiras, nem São Paulo, nem Corinthians entraram na prova.

Neste domingo, foi diferente. Cícero empatou a final para os santistas de penálti. Mas a Galoucura, a claque do Ituano, festejou no Pacaembú perante SP inteiro incrédulo com o milagre da equipa de Doriva e do presidente: um tal de Juninho Paulista ( conheça o clube aqui).



Ao fim de 16 penáltis, Vagner defendeu um último, de Neto, e o hino do galo rubro-negro tinha por fim razão: A grande massa proclama, Ituano, és o grande campeão!

Ninguém mais Carioca do que o Flamengo

No Maracanã, polémica! O Flamengo saiu campeão e aumentou para 33 os campeonatos estaduais. Tem agora mais dois que o Flu. E o Vasco voltou a ser vice. A equipa não vence o título desde 2003 e esteve quase, quase a acabar com o jejum. Um golo irregular acabaria por dar a vitória ao Mengão.

No primeiro jogo, houve empate 1-1. Muitas queixas da arbitragem também. Neste domingo, Erazo bem se pôde queixar, mas a verdade é que cometeu uma grande penalidade que deixou Douglas com ocasião para marcar e colocar o Vasco na frente. Assim foi, aos 75 minutos.

Respeitemos a crónica da Globo para explicar o que se passou: Foi sofrido, suado, catimbado, chorado, polêmico, mas o Flamengo conseguiu, na tarde deste domingo, mais uma vez ser campeão estadual em cima do Vasco. Falta acrescentar o como: o empate favorecia o Fla, houve um canto cobrado e um remate de cabeça; bola na trave e Márcio Araújo fez a recarga para o título. Em fora de jogo…




Mineiro: beijos e vagabundo

Quer descansar de mais uma polémica de arbitragem? Não pode, porque agora chegámos a Belo Horizonte, onde o Cruzeiro conquistou o Estadual Mineiro ao eterno rival Atlético. O jogo ficou 0-0, mas não foi por isso que não teve controvérsia.

Antes do encontro, o presidente do Galo andou a distribuir beijos aos adeptos…contrários. Que o insultavam, diga-se. No final da partida, Alexandre Kalil já não estava para cenas amorosas e partiu para cima do árbitro.

«Foi um escárnio, um escândalo. Por isso nós ganhamos a Libertadores, porque esse gangue não entra em campo», afirmou, para soltar um «vagabundo» e assim categorizar o juiz do encontro. A fúria do dirigente do Atlético teve como causa o facto de o árbitro ter assinalado um penálti e depois ter voltado atrás na decisão. O assistente tinha assinalado um fora de jogo. Que nunca existiu, de acordo com as crónicas…

Assim, o Cruzeiro beneficiou do nulo [teve melhor desempenho no caminho para a final] e terminou campeão invicto pela 11ª vez na história dos 100 campeonatos mineiros.

Gaúcho: que vergonha, Grémio

DAlessandro foi o homem, o Inter foi a equipa. Os dois emblemas mais representativos do Campeonato Gaúcho discutiram o título em Caxias do Sul. O Internacional humilhou o rival Grémio com um triunfo claro por 4-1, depois de há quinze dias ter ganho também por 2-1. E neste domingo, o Colorado só não marcou mais porque o técnico contrário lhe fechou a loja de golos com as opções que lançou para o campo.

O Colorado tornou-se tetracampeão do Rio Grande do Sul. O Gaúcho, como é conhecido o campeonato. Foi também a 43ª vez que o Internacional obteve o troféu.