Não podia ser mais duro para a Holanda: Johan Cruyff, o mentor do seu futebol e antiga estrela mundial, arrasou a sua selecção, finalista do Campeonato do Mundo da África do Sul.

«Foi uma final disputada, sim, mas de qualidade questionável. A Holanda não quis jogar, ou tentou-o aquém do seu mais puro estilo. A Espanha, que tratou de ser ela mesma, esteve muitos minutos fora do jogo e, inclusive, no fim decidiu que seria campeã do mundo jogando mais individualmente que colectivamente», escreveu o antigo treinador Ajax e Barcelona no «El Periódico», publicação da Catalunha, nesta segunda-feira.

«Na quinta-feira, perguntaram-me da Holanda: Podemos jogar como o Inter? Podemos travar a Espanha da maneira que Mourinho eliminou o Barça? Disse que não, de forma alguma. E disse-o, não porque deteste esse estilo, mas porque pensei que os meus não se atreveriam e que não renunciariam ao seu estilo. Equivoquei-me. Não quiseram a bola e, lamentavelmente, tristemente, jogaram muito sujo. Tanto que mereciam ter terminado com nove desde cedo, pois houve duas entradas feias e duras que até a mim me doeram», argumentou.

Para Cruyff a renúncia da Holanda às origens determinou a condenação. «Esse estilo feio, desprezível, duro, hermético, pouco vistoso, pouco futebolístico (certo que é uma maneira de jogar e até de ganhar, mas não a defendo), serviu à Holanda apenas para enervar a Espanha», defendeu Cruyff.

O desempenho do inglês Howard Webb também mereceu duras críticas do holandês: «Podes arbitrar mal, enganares-te, mas o que não podes fazer é criar a tua própria justiça e, pior ainda, inventar uma aplicação demasiado pessoal do regulamento. Uma final de um Mundial merece uma grande arbitragem e, sobretudo, merece um árbitro que se atreva a fazer tudo o que implica a sua profissão.»