Os adeptos do Sheffield Wednesday cantavam «Carlos had a dream» em louvor a Carlos Carvalhal. Miguel Ribeiro também tinha um sonho. Aos 29 anos, cansado pela falta de perspetivas em Portugal, ao nível do treino de formação, largou tudo, meteu o sonho numa mala, com as roupas, diplomas e certificados, e partiu, de mãos a abanar, com a namorada, rumo a Derby, mesmo no meio do Reino Unido. Chegou a trabalhar três meses num pub para poder pagar as contas, mas conseguiu retomar a rota do sonho. Atualmente é treinador na formação do Loughborough College, entre Nottingham e Leicester, uma das universidades mais conceituadas a nível mundial no domínio do desporto. O próximo passo é entrar numa academia de um dos grandes clubes de Inglaterra e continuar a perseguir o sonho «com uma paixão sem limites» pelo futebol inglês.

Nascido no Porto no ano de 1988, Miguel Ribeiro teve, desde cedo, um contato próximo com o futebol. Começou pela mão do pai, a caminho do Estádio das Antas. «O meu pai levou-me ao pela primeira vez ao Estádio das Antas para ver um FC Porto-Chaves, talvez em 1994. A partir daí fiquei um fã do FC Porto. A paixão começou aí». Começou por dar uns pontapés na bola, jogou no Gondomar e na Associação Desportiva de São Pedro da Cova, mas rapidamente percebeu que o futuro não passava por aí. Miguel Ribeiro preferia estar a orientar, a conduzir, a analisar a partir do banco. «Nunca fui um grande jogador. Nunca atingi um nível alto, mas aprendi imenso como jogador», começa por contar.

Os anos passaram e o sonho resistiu. Licenciou-se em Desporto no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), tirou um mestrado em treino desportivo e o sonho começou a ganhar forma. Ainda com o curso a decorrer, começou a dar os primeiros treinos na Associação Desportiva Macieira da Maia, na Trofa, ali mesmo ao lado do ISMAI. «Um colega meu já trabalhava lá, tomei a liberdade de começar a colaborar e começar a desenvolver o meu trabalho ao nível da formação. Estava no primeiro ano do mestrado e estava a trabalhar numa área que era a observação e análise do jogo». Os contatos universitários abriram-lhe novas portas para por em prática os conhecimentos que ia adquirindo e fortalecendo. Seguiu-se o Lavrense, também ali no Concelho de Matosinhos.

«Fui falar com o treinador. Entrei como observador e analista. Basicamente ia ver os jogos dos adversários e fazia relatórios de análise e observação para o treinador poder explorar os nossos pontos fortes e conhecer os pontos fracos do adversário. Ia ver, por exemplo, os Dragões Sandinenses e fazia um relatório. Acabámos por subir para a Divisão de Honra nesse ano e fui convidado para ser treinador adjunto. Passei de treinador dos sub-10 no Macieira da Maia para adjunto dos seniores na Divisão de Honra».

Miguel Ribeiro cria uma relação especial com o treinador do Lavrense, José Pacheco, e a relação vai manter-se por cinco anos. Nesse período, Miguel Ribeiro também trabalhou com os sub-12 e sub-17. «Ainda conseguimos ficar um ano na Divisão de Honra, mas no ano seguinte as coisas não correram tão bem e acabámos por ser despedidos à segunda jornada. Continuámos o trabalho na formação, com os sub-15 e na iniciação com os sub-7». A dupla seguiu depois para o Sporting de Alfena [formação com ligação à Academia do Sporting] ou Alfenense [equipa sénior]. «É o polo norte do Sporting. A formação, até aos sub-15, está integrada na formação do Sporting. Tudo o que seja treinos e torneios é com o equipamento do Sporting, a partir dos sub-16 até aos seniores é Alfenense». «Chegámos a ir jogar a Alcochete, aliás, um miúdo nosso dos sub-10, o Martim, jogava connosco, mas depois ia com o Sporting para os torneios internacionais».

Nesse plantel do Sporting de Alfena, Miguel Ribeiro também tinha um miúdo com nome de craque: Maradona. «Definitivamente não era o Maradona, era só alcunha. Ele nem ficou até ao final da época, acabou por sair em dezembro para o Folgosa da Maia, mas definitivamente não era o Maradona». Um ano difícil para Miguel Ribeiro que, nessa temporada, também acumulou funções de preparador físico no Senhora da Hora, na segunda distrital da Associação de Futebol do Porto. «Foi um ano muito duro. No Alfena dava treino aos sub-10, depois os sub-15, e à noite íamos para a Senhora da Hora, em Matosinhos, dar treino aos seniores. Foi muito exaustivo. Mas é neste contexto de extrema dificuldade que acabas por aprender, nem que seja o como não fazer. Acabei por retirar coisas boas».

A verdade é que Miguel Ribeiro estava preso num labirinto sem saída, a trabalhar em clubes sem condições da Associação de Futebol do Porto, a desperdiçar o seu talento em projetos de formação que não tinham sustentabilidade, nem futuro. Era urgente dar um salto. «Sempre fui um apaixonado pelo futebol. Estava a meio da época dos sub-16 do Alfenense. Cheguei a um ponto em que ao nível que estava a trabalhar, tanto na formação como nos seniores, nunca iria conseguir uma carreira no futebol. Seria extremamente difícil».

A namorada do Miguel, a Mariana, uma fisioterapeuta - «conhecia-a no Alfenense» - também não estava satisfeita com as condições de trabalho em Portugal. Em agosto de 2016, o casal decidiu dar um novo rumo à sua vida. «Sempre fui um apaixonado pelo futebol inglês. Sempre que jogava jogos de computador era sempre em Inglaterra, seguia os campeonatos ingleses, adorava aquela imprevisibilidade do futebol inglês. Sozinho não ia alinhar numa aventura dessas. A minha namorada tinha um maior conhecimento de inglês porque a mãe dela era professora de inglês. Um dia dei-lhe a dica: vamos para Inglaterra? Ela aceitou e decidimos arriscar».

Miguel começou a enviar currículos para os clubes e academias de Inglaterra, mas foi a Mariana a primeira a ter uma resposta positiva para trabalhar como fisioterapeuta em Derby. O Miguel não teve respostas, mas decidiu avançar com a namorada. «Sempre acreditei que estar nos locais pessoalmente seria melhor do que estar a mandar e-mails ou candidaturas espontâneas. Nunca fui muito aventureiro, mas neste caso, mesmo sabendo que ia desempregado e ia sujeitar-me a uma busca tremenda ou a trabalhar fora da área que queria, que era o futebol. Estava convencido que, mais mês menos mês, ia acabar por conseguir. Queria arranjar um trabalho pelo aquilo que eu sei. Como toda a gente sabe, o futebol é feito de conhecimentos. Em Portugal toda a gente me dizia:  se conheceres as pessoas certas vais lá chegar. Custou-me imenso despedir-me do Alfena, deixar a pessoa com quem trabalhei cinco anos, deixar a família, mas metemo-nos num avião e seguimos para Derby».

Ainda antes da partida, Miguel recebeu um convite que ainda o fez hesitar. «Uma semana antes da partida fui abordado com uma possibilidade de trabalhar no futebol na China, mas recusei. Era a Inglaterra que queria, a ambição era tremenda. A proposta até era bastante aliciante, mas nessa altura estava mesmo determinado em seguir o meu sonho». Miguel embarcou, então, ainda sem nenhuma perspetiva de trabalho, mas com o sonho bem guardado entre a bagagem. «Levei na minha mala a minha roupa toda, os meus certificados, os meus comprovativos e as minhas cartas de recomendação e,  no resto que sobrava, nos pequenos bolsos, levava os meus sonhos. A minha namorada ia empregada, já prontinha para começar a trabalhar a 3 de abril, eu levava apenas sonhos e aquela vontade imensa».

Os primeiros meses foram difíceis. Miguel e Mariana partilharam uma casa com outras pessoas em Derby, mas Miguel, que tinha saído de casa dos pais, sentiu dificuldades em adaptar-se. «Até a língua foi um constrangimento para mim. Eu achava que falava bem inglês, até pelas série de televisão que via, mas o sotaque aqui é tão acentuado que, quando cheguei aqui pensei, espera lá, se calhar não sei falar inglês... Mas com o tempo tive de me desenrascar e a coisa foi funcionando». Foram dois meses muito complicados, com o Miguel a ver a namorada sair para ir trabalhar todos os dias e ele ainda sem qualquer perspetiva. «Passava os dias em casa, no computador, à procura de oportunidades de emprego, a acordar tarde, sem nada para fazer. Eu que trabalhei sempre desde os meus 18 anos, portanto foram tempos de sofrimento, mas nunca perdi os sonhos que tinha na mala».

Oportunidade num pub e conversas de futebol ao balcão

O primeiro emprego caiu do céu. «As pessoas com quem partilhávamos a casa convidaram-nos para ir a um pub, daqueles típicos ingleses, e logo à entrada da porta dizia que precisavam de um empregado de balcão». Miguel preencheu um formulário e, duas semanas depois, estava a trabalhar. «Na altura o patrão era um grande fã do Carlos Carvalhal e do Sheffield Wednesday. Passava a vida a cantar «Carlos had a dream…». Não sei mesmo se não foi por isso, por eu ser português, que me aceitou lá a trabalhar, porque a minha experiência como empregado de balcão era zero. Ele estranhava como é que uma pessoa com um currículo como o meu não conseguia trabalho na minha área».

A verdade é que, em dois tempos, Miguel estava a falar inglês fluentemente, com sotaque de Derby e tudo. «O pub foi o melhor instituto de inglês que podia ter tido. Desenvolvi o meu inglês, desde a linguagem normal às calinadas inglesas. Os dias de jogos no pub eram um inferno. Quando o Derby County jogava em casa, o pub enchia, tudo a beber cerveja, era um pesadelo». Além do Derby County, Miguel está rodeado por outros clubes históricos do futebol inglês. Leicester e Nottingham são mesmo ali ao lado e, a poucos quilómetros, estão ainda Wallsall, Birmingham, Coventry, Stoke e Peterborough. Mais a norte, Manchester e Liverpool. «Nos dias dos jogos era mesmo a loucura. Durante a semana era mais tranquilo, mas falava-se sempre de futebol. Havia clientes que estavam ao balcão, com o seu pintezito, a falar durante três ou quatro horas sobre futebol. Depois sai um e vem outro. Falam todos de futebol. Em Portugal as pessoas são adeptas do Benfica, Sporting ou FC Porto, mas aqui são todos ferrenhos das cidades onde vivem. Em Derby toda a gente é do Derby County, vais a Nottingham e é a loucura pelo Nottingham e se vais a Leicester é a loucura pelo Leicester. Os estádios estão sempre cheios, era essa a paixão que eu perseguia, que trazia na mala, mas não a trabalhar num balcão».

Em final de junho de 2017, ao fim de três meses a trabalhar no pub de Derby, a vida de Miguel voltou a mudar de rumo quando, finalmente, recebeu uma resposta de um dos muitos e-mails que tinha enviado em abril. Tinha sido selecionado para uma entrevista pelo Loughborough College, uma das universidades de desporto mais conceituadas do mundo que procurava um treinador credenciado para a sua academia de futebol. «Nem sabia onde era Loughborough, não fazia a ideia como ir para lá, na altura nem tinha carro». Não era muito longe de Derby, era ali mesmo ao lado, a vinte minutos de Leicester. Miguel Ribeiro preparou-se e lá foi de autocarro rumo a Loughborough, sem saber propriamente o que o esperava. «Quando lá cheguei é que me apercebi do que era aquilo. Fiquei a tremer. Não sabia que era assim, mas depois contextualizaram-me. O Loughborough College é um dos melhores colégios de desporto de Inglaterra e do outro lado da rua fica a Universidade Loughborough que é considerada a melhor universidade de desporto do mundo. Era ali que queria começar».

A entrevista consistia numa parte teórica, em que Miguel tinha dez minutos para exprimir todas as suas ideias. Se passasse esta primeira fase, depois havia ainda um teste prático. «Correu extremamente bem, saí com a ideia que não me esqueci de dizer nada do que queria». Um dia depois é chamado para o exame prático. «Tinha de dar um treino de vinte minutos a trabalhar a organização defensiva. Ia muito mais nervoso. Além das pessoas que me estavam a avaliar, tinha de falar para uma plateia de miúdos entre os 16 e os 18 anos. Nunca tinha dado um treino de vinte minutos e disse ao treinador que falar de futebol em dez minutos e dar um treino de vinte tinha de ser considerado um crime. Acho que foi aí que os conquistei. O líder do meu programa também tem uma paixão pelo futebol». Miguel Ribeiro veio, entretanto, passar um fim-de-semana a Portugal e quando voltou, na segunda-feira, tinha um convite para começar a trabalhar.

Em Loughborough, Miguel encontrou uma realidade bem distinta daquela que tinha conhecido em Portugal. «Um contexto de um colégio é completamente diferente. Temos de estar atentos a situações que não temos nos clubes. Temos de saber se eles tiram boas notas, como é que é o comportamento deles nas aulas, a assiduidade. Se falharem em qualquer um destes pontos interfere diretamente com o futebol. Ali tens de ser estudante em primeiro lugar e só depois atleta. Se não tiras boas notas, se falhas a entrega de um trabalho ou se faltas às aulas, isso interfere no futebol, porque eles são castigados. Às vezes corres o risco de estar a preparar uma equipa para um jogo e depois não podes contar com um jogador porque portou-se mal nas aulas».

Um contexto que, à partida, parece amador, ao nível do futebol, mas a verdade é que a própria universidade orgulha-se dos antigos estudantes que chegaram a jogar na Premier League, inglesa e escocesa, e dá exemplos disso mesmo no seu site oficial: Mason Bennett, Toni Duggan, Jeff Hendrick, Steph Houghton, Tom Huddlestone, Tom Rogic, Jeffrey Schlupp, Ben Chilwell, Andy King, entre outros. «Alguns têm qualidade, o problema deles é o trabalho de base. Nós, em Portugal, trabalhamos, nas Associações, dos sub-9 até aos seniores. Aqui acaba por ser um pouco mais facilitador, não existe aquela complexidade progressiva que temos em Portugal».

Miguel Ribeiro trabalha, essencialmente, com três equipas no departamento de futebol da universidade. «Uma joga na National Alliance, que é um campeonato de sub-19 semi-profissional, outra que joga na ECFA [English Schools' Football Association], uma competição organizada pela federação inglesa, e temos ainda outra equipa de desenvolvimento que joga na Leicestershire, joga basicamente com outros colégios da zona de Leicester». «Eles às vezes chegam aos 17/18 anos com problemas a nível técnico e tático que um miúdo meu dos sub-9 em Portugal já resolveu. Em Portugal, quando trabalho com os sub-16, eles já sabem que têm de fazer uma receção orientada, mas aqui, no contexto de colégio, não sabem».

Além disso, Miguel Ribeiro procura passar os seus conhecimentos, sem interferir na mentalidade e na génese do futebol inglês. «Tento passar o meu ADN, impingir aquela mentalidade Ibérica, aquela maneira que temos de trabalhar em Portugal e em Espanha, mas ao mesmo tempo sempre quis não perder aquela mística inglesa. Eles são muito jogo de luta, de bola no ar, de um-contra-um, um-contra-dois. Vejo a minha equipa a jogar com o meu ADN, mas também tenho aquela imprevisibilidade inglesa que me dá uma paixão tremenda». Esse é, aliás, um ponto determinante para Miguel Ribeiro. «No dia em que acabarmos com a imprevisibilidade inglesa, estragamos o futebol inglês, perdemos um ícone do futebol mundial. Acho que é isso que os Mourinhos e Guardiolas estão a tentar fazer, tentar perder o imprevisível, mas acho que não vão conseguir. Vão conseguindo porque têm equipas que não têm muitos ingleses, mas o futebol inglês é apaixonante se tiver uma mística daquilo que tu queres, mas com a mística inglesa. É isso que tento dar às minhas equipas e tem corrido bem».

Uma realidade bem distinta de Alfena ou de Lavra. «Aqui os jogos são sempre às quarta-feira à tarde. Treino todas as segundas, terças e sextas das 7h30 da manhã às 9h00. Tenho miúdos que acordam às 5h30 em Leicester para apanhar o autocarro. Isto também demonstra a paixão que eles têm pelo futebol. É essa paixão que me deixa fascinado. Eu próprio pensei que ia sofrer com os horários, estava habituado a treinar ao final da tarde até às onze da noite. Mas a paixão que eles me proporcionam é tanta que ando aqui todo energético. Este ano batemos o recorde de atletas. Tenho 21 atletas na minha equipa da ECFA e na equipa de desenvolvimento tenho mais 38. Com os da National Line temos à volta de setenta atletas. É um recorde do colégio», conta.

Como é habitual nos colégios ingleses, a tradição é para respeitar. «Gosto muito de uma tradição que é nos dias dos jogos os nossos atletas têm de vir todos de fato. Sempre achei muita piada. Temos de andar sempre identificados. Cada vez que vamos para um jogo ou uma competição, temos de ter o nosso comportamento e imagem a salvaguardar. É uma forma de fazer as coisas tão profissional que acaba por ser fascinante. Logo quando cheguei deram-me uma mala cheia de roupa, com fato e gravata para coisas mais formais, roupas para ir aos jogos, material de treino, tudo. É uma cultura que gosto e prezo».

Miguel Ribeiro conseguiu, agora, encontrar uma situação mais estável, mas não quer ficar por aqui. O objetivo é chegar aos clubes ingleses e para isso, vem agora, em maio, a Portugal para tirar o curso da UEFA B em Aveiro. «Agora não posso parar, não quero estagnar. Isto aqui é muito bom, mas é apenas um começo. Em maio vou começar a parte específica do curso da UEFA B. Está tudo tratado com o acordo do colégio. Houve uma altura em que fui contatado pelo Birmingham, mas quando souberam que só tinha só o UEFA C fui logo posto de lado. Vou tentar colmatar isso agora, para depois poder associar o trabalho nas academias com o do colégio. Não vou ter de abdicar de um para ter o outro», destaca.

O próximo objetivo, a curto prazo, é encontrar espaço numa das academias de um clube do Championship ou mesmo da Premier League. «Aprendi muito em Portugal com o José Pacheco, mas desde que cheguei aqui, desde que tive a liberdade para tomar as minhas próprias decisões, fez-me querer mais. O contexto do colégio não é aquilo que um treinador procura em termos de competição. Aqui, como já expliquei, a prioridade é o estudante. Quero trabalhar num contexto em que a prioridade seja o futebol e a competição. Já tive a oportunidade de jogar contra o Leicester e de estar na Academia do Leicester. É definitivamente aquilo que eu quero. Pode demorar dois, três ou quatro anos, tenho tempo, tenho 29 anos, mas esse é o meu objetivo», conta entusiasmado.

Um entusiasmo reforçado com o sucesso dos treinadores portugueses em Inglaterra, com particular destaque para o sensacional percurso de Carlos Carvalhal no Swansea. «Conheço o Bruno Lage, que é o adjunto dele. Uma vez estivemos quase para nos encontrar porque o Derby County jogou contra o Sheffield Wednesday, mas uma falha de comunicação acabou por não permitir o encontro nessa altura. Mas é definitivamente uma pessoa que quero conhecer. Não é por agora ser muito famoso no Swansea, já o queria conhecer quando os resultados no Sheffiled não eram os melhores. Tenho visto o percurso dele com surpresa, sempre achei piada à maneira dele ser, sempre tive curiosidade de o conhecer. O Sheffield Wednesday sempre foi um clube que mudava de treinador com uma facilidade tremenda e o Carvalhal conseguiu ficar lá dois anos e meio e, como diz o meu patrão, acaba por ser quase um milagre», conta ainda.

Carlos Carvalhal é, sem dúvida, uma das referências de Miguel Ribeiro, mas há mais. «O Mourinho é o Mourinho, é o top, o nosso ícone. Sempre fui fã do Bielsa e do André Villas-Boas, sempre foram referências para mim. Também gosto do Sarri no Nápoles e agora o Carvalhal no Swansea. É o treinador do momento. Já o era em termos de simpatia, agora ainda mais. Quero conhecê-lo no futuro e, se for possível, quero aprender com ele», destacou ainda.

A partir de maio, Miguel Ribeiro vai estar preparado para dar um novo salto numa carreira que está ainda em fase de construção, mas com uma determinação inabalável. «Com o curso de UEFA B e com o Loughborough College no currículo, sem dúvida que vou ter mais portas abertas. Tem de ser um objetivo meu. Se me perguntassem há um ano quando ainda estava no Alfena para onde é que eu quero ir, da maneira como as coisas da formação estão em Portugal, mesmo nas equipas que estão no top, eu não sabia para onde que havia de ir. Não tinha perspetivas. A nível das camadas jovens só muda o emblema, porque as dificuldades estão em todos os clubes. A nível de futebol sénior só dá para alguns, tens de conhecer as pessoas certas, é muito limitado. Aqui sinto que o céu é o limite», conta ainda Miguel Ribeiro, quem sabe, um futuro português de sucesso na Premier League. Se lá chegar, está prometida nova conversa com o Estórias Made In.