Mário Sérgio está de volta a casa depois de ter passado a maior parte da carreira no estrangeiro. Oito anos em Portugal e outros nove lá fora, divididos entre o Metalurh Donetsk da Ucrânia e o Apoel Nicósia do Chipre. Encontrámos o lateral formado no Paços de Ferreira no arranque de umas curtas férias, a «apanhar um solzinho no Algarve», com a família em festa, uma vez que o Mário, desta vez, não veio com bilhete de ida e volta. Aos 35 anos, Mário Sérgio veio mesmo para ficar de vez. Uma altura perfeita para fazermos um balanço da carreira deste jogador que chegou a jogar com Cristiano Ronaldo no Sporting e que sagrou-se agora pentacampeão no Chipre.

Uma entrevista que rapidamente perdeu os cadeados da formalidade e fluiu numa agradável conversa, bem ao estilo que «made in» mais aprecia. Uma conversa que serviu essencialmente para fazer um balanço da carreira internacional de Mário Sérgio que, apesar de estar num ponto de viragem, ainda quer continuar a jogar, como deixou bem claro. «Estou à procura de clube», destacou o lateral que, ao longo da entrevista, recordou episódios que marcaram o seu percurso, desde a formação no Paços de Ferreira, passando pelo Sporting, Vitória de Guimarães e Naval.

Mas a conversa começou por um balanço das últimas nove temporadas em que Mário Sérgio jogou no estrangeiro, mais de metade da carreira como sénior. «Foram nove anos muito positivos, a todos os níveis. Realmente é muito tempo, mas por outro lado passaram muito rápido. Foram nove anos de culturas diferentes, principalmente quando fui de Portugal para a Ucrânia, um país totalmente diferente, a começar pelo tempo. Aí senti muito a diferença, também foi a primeira vez que fui para fora. Depois no Chipre já foi mais fácil. Na Ucrânia o que custou foram os primeiros meses, mas depois estava ali por um objetivo, por isso é que fiquei lá quatro anos», começar por contar.

Nove anos divididos por dois países bem diferentes, um gelado no norte da Europa, outro bem mais quente, em pleno Mediterrâneo. «Muito diferentes. Enquanto apanhava muito frio na Ucrânia, no Chipre apanhava muito calor, foi do oito ao oitenta. Na Ucrânia cheguei a jogar com neve, com cinco e dez graus negativos, enquanto no Chipre foi totalmente o oposto», destaca. Diferenças que extravasaram para o domínio desportivo. «Na Ucrânia, o objetivo do Metalurh era lutar por um lugar na Europa, no APOEL era diferente, conquistei tudo o que havia para ganhar no Chipre, conseguimos uma presença na Liga dos Campeões, jogámos na fase de grupos da Liga Europa, o APOEL era uma equipa para ganhar títulos. Nesse aspeto foi muito bom porque também fui para o Chipre com esse objetivo de ganhar títulos e de jogar na Liga dos Campeões, o que nunca tinha acontecido. Valeu muito a pena», prossegue.

«A partir de uma certa idade só via bola»

Feito um primeiro balanço, está na hora de puxar a fita atrás e ir ao encontro dos primeiros passos do lateral nascido, em 1981, em Paredes. «As primeiras memórias da bola são da escola, comecei muito cedo, com oito anos já estava no Paços de Ferreira. Foi sempre a minha paixão, a partir de uma certa idade só via bola, na escola, em todo o lado. Cheguei muito novo ao Paços e a partir daí nunca mais parei. Fizesse sol, fizesse chuva, nunca faltava um treino. A minha paixão era mesmo essa, daí também ter conseguido fazer a carreira que fiz», recorda.

Mário Sérgio chegou à Mata Real com oito anos e fez toda a formação nos «castores», chegando à equipa principal, em 1999/2000, ainda no primeiro ano de júnior. Era o mais novo no plantel que se preparava para atacar a promoção à I Liga. «Ainda era júnior de primeiro ano, mas já treinava com os seniores. Depois fiquei mesmo. Na altura era o Henrique Calisto o treinador, entretanto saiu e ficou o José Mota a tomar conta da equipa. Subimos de divisão nesse ano. Não sei se era o mais novo quando subimos à I Liga, mas era com certeza um dos mais novos», refere.

Mário Sérgio agarra a titularidade ao longo de três temporadas consecutivas sob o comando de José Mota. «Foi um treinador muito importante, sem dúvida, porque foi ele que me lançou, foi ele que me deu oportunidades. O treinador, o Paços de Ferreira e toda a gente, mas o Mota foi um treinador que me marcou porque foi ele que me abriu portas no início da carreira. Vou ficar sempre agradecido ao Mota pela aposta que fez em mim. Tive essa oportunidade e foi o José Mota que ma deu na altura, em que era ainda muito novo».

Já na segunda temporada, Mário Sérgio marcou o seu primeiro golo na Liga, numa goleada do Paços ao Salgueiros por 6-0. «Foi esse o primeiro? Estava na dúvida entre esse e outro que fiz ao Moreirense, mas lembro-me perfeitamente desse golo ao Salgueiros. Levei a bola controlada, depois tabelei, fiquei sozinho com o guarda-redes e fiz o golo».

«Ronaldo partiu tudo e todos e foi-se embora»

Ao fim de três anos a jogar na Liga, sustentados por um percurso de destaque nas seleções, com frequentes chamadas para os sub-20 e sub-21, Mário Sérgio recebe um convite do Sporting para o arranque da temporada de 2003/04. Um ano especial para os leões, numa altura em que já tinha começado a a contagem decrescente para o Euro2004, que preparavam-se para inaugurar o novo Estádio de Alvalade. Uma inauguração com pompa e circunstância que tinha o Manchester United como convidado de honra. Mário Sérgio jogou os últimos quatro minutos desse jogo que acaba por ditar a saída de Cristiano Ronaldo para Old Trafford. «Foi um ano especial, tivemos logo a inauguração do estádio, ainda apanhei o Ronaldo, mas depois ele partiu tudo e todos e foi-se embora. O Manchester já não o deixou fugir. Ainda joguei com ele nesse jogo e, mais tarde, na seleção também».

A verdade é que não foram tempos muito felizes para Mário Sérgio que estava habituado a jogar com regularidade. Na primeira época ainda fez quinze jogos, mas na segunda, tapado por Miguel Garcia e Rogério no flanco direito, fez apenas três. «Na altura não devia estar preparado. Sinceramente as coisas não me correram bem, não foi o que estava à espera, mas o futebol é mesmo assim. Não tenho de estar agora aqui a lamentar-me, foi o que foi, os dois anos não correram com esperava. No primeiro ano ainda fiz alguns jogos, mas no segundo não. Depois precisei de mudar, tinha de sair dali», conta.

Apesar das poucas oportunidades, Mário Sérgio aproveitou para crescer com os mais experientes, a começar pelo treinador Fernando Santos, atual selecionador de Portugal e campeão da Europa em título. «Tinha uma boa relação com ele, se as coisas não correram bem para mim, não foi pelo treinador. Eu era jovem, se calhar não estava preparado para a mudança e para os desafios. Mas o futebol é assim mesmo, as coisas nem sempre correm como queremos, temos de olhar em frente, porque para trás já não há nada a fazer», insiste.

Além de Fernando Santos, o plantel do Sporting contava ainda com outros dois futuros selecionadores, Rui Jorge e Paulo Bento. «É verdade, foram todos meus colegas, deu para aprender com essa gente toda. Com o próprio Pedro Barbosa, o João Viera Pinto, o Sá Pinto, ainda apanhei esses todos. Tive a sorte de jogar com eles e deu para aprender, realmente aprendi muita coisa com essa gente toda», recorda. Pedro Barbosa, desculpem, «senhor» Pedro Barbosa, era o capitão e tratado com as devidas referências pelos mais novos. «É verdade sim senhor, era normal, era o respeito. Quando entras ali no balneário vindo da formação ou de um clube mais pequeno, chegas ali e dás-te com o Barbosa... Na altura o Pedro era um símbolo do clube, era um ídolo, um símbolo do Sporting, portanto, essas situações eram normais. Já não me lembro se o tratava por senhor, agora que tinha um grande respeito por ele, sem dúvida, ainda hoje continuo a ter».

O primeiro ano de Mário Sérgio foi também o primeiro ano de Liedson no Sporting, o levezinho que acabaria por deixar marca forte no Sporting ao longo de oito temporadas. «É verdade, chegámos no mesmo ano, na mesma altura, mas ele acabou por jogar mais do que eu».

«Se calhar estávamos com medo das bombas»

Nesse primeiro ano, Mário Sérgio não tem férias. No final do campeonato é chamado para os Sub-21 que vão disputar a fase final do Campeonato da Europa na Alemanha. A seleção portuguesa, comandada por José Romão, cai nas meias-finais, diante da Itália (1-3), mas garante o terceiro lugar frente à Suécia (3-2, ap) e, mais importante, a qualificação para os Jogos Olímpicos que se iam disputar, nesse mesmo verão, em Atenas. «Foi muito bom, estive sempre disponível para representar a seleção e cheguei lá por mérito. Fizemos um bom Europeu que nos deu a qualificação para os Jogos Olímpicos».

A expetativa para o torneio olímpico de Atenas era elevada, tendo em conta a qualidade dos convocados, mas acabou por resultar numa enorme desilusão com uma derrota, na estreia, frente ao surpreendente Iraque (2-4) que tinha chegado a Atenas entre as bombas da segunda Guerra do Golfo. «Em Atenas já não correu tão bem. Perdemos com o Iraque logo a abrir, se calhar estávamos com medo das bombas [risos]. Não correu bem, mas foi importante estar ali com grandes jogadores na seleção», conta.

A verdade é que Mário Sérgio não estava feliz no Sporting. Na segunda época ainda fez três jogos logo a abrir, mas depois não voltou a jogar até ao final da época. «Praticamente não joguei. Jogava mais o Miguel Garcia, depois ainda veio o Rogério. Foi uma época positiva para o clube, chegámos à final da Liga Europa em casa, mas foi complicado para mim, fiquei quase sempre a ver de fora. Uma coisa é sentires que és opção e que a qualquer momento podes jogar, outra coisa é sentires que não contas para nada», recorda.

Um segundo ano com uma equipa  bem mais jovem. Mário Sérgio assistiu de perto aos primeiros passos de jogadores como João Moutinho, Miguel Veloso, Carlos Saleiro e Dannny, mas já estava decidido a mudar de ares. «Nessa altura entrou muita gente nova sim, mais jovens, mas também com qualidade. Eu precisava mesmo de jogar, tive de sair dali. Na altura já me estava a acomodar e isso não podia acontecer, ainda era jovem».

A solução encontrada passa pelo Vitória de Guimarães, em 2005/06. Mário Sérgio volta a jogar com regularidade (23 jogos), mas a época acaba por ser um desastre para os minhotos que acabam por descer para a II Liga. «Comecei com o Jaime Pacheco, mas a meio da época o Jaime foi mandado embora e veio o Vítor Pontes». Desceu o Vitória, mas Mário Sérgio aguentou-se no primeiro escalão, mudando-se com armas e bagagens para duas tumultuosas épocas na Figueira da Foz ao serviço de uma Naval instável. «Lembro-me que começámos com o Rogério Gonçalves, depois veio o Ulisses Morais, depois o Francisco Chaló e ainda o Mariano Barreto. Não sei se me estou a esquecer de um ou outro, sei que nesses dois anos houve ali várias mudanças de treinador», conta.

«Nunca tinha ouvido falar no Metalurh»

Era altura de voltar a mudar. Desta vez uma mudança mais a sério que chega por uma inesperada chamada telefónica do amigo Ricardo Fernandes a falar de um clube completamente desconhecido para Mário Sérgio. «Ele já estava lá na Ucrânia há três meses, tinha ido para lá em fevereiro, depois ligou-me em maio. Eu na altura tinha um convite do Partizan, da Sérvia. O Partizan ainda conhecia, já tinha ouvido falar, agora o Metalurh nunca tinha ouvido falar, mas acabei mesmo por ir para a Ucrânia. O Ricardo ligou-me a dizer que o treinador queria um lateral direito, ele indicou-me e acabámos por chegar a acordo».

Paços de Ferreira, Lisboa, Guimarães, Figueira da Foz e, de repetente, Donetsk, na outra ponta da Europa. «Era tudo muito diferente. Lembro-me perfeitamente de chegar ao aeroporto, passar o passaporte e à minha espera estava um trator ou uma daquelas carrinhas de caixa aberta. As malas estavam todas lá em cima, não havia cá tapetes rolantes, não havia nada. Esse primeiro cenário foi assustador, era outra realidade a que não estava habituado. Logo aí pensei, prepara-te para o que vens. Mas isso são recordações, histórias que ficam e nos fazem crescer. Depois foi uma questão de hábito, saber estar, saber respeitar a cultura deles. As coisas também começaram por me correr bem em termos desportivos e ficou tudo mais fácil».

Mas o que era assim tão diferente na Ucrânia? «As pessoas, sobretudo as pessoas. São um povo muito frio, não são muito de rir. Depois, com o tempo, nós [os portugueses], com a nossa maneira de estar, mais alegres, lá os conseguíamos fazer rir com as nossas brincadeiras. Mas o primeiro contato foi um choque, tudo de cara fechada, para se rirem era uma guerra. Mas aos pouquinhos, fui-me entrosando, também sabíamos estar no nosso canto, sempre tive um bom relacionamento com as pessoas», prossegue.

Mário Sérgio não estava sozinho. Além dos ucranianos, o plantel do Metalurh tinha mais doze nacionalidades diferentes. «Tínhamos muitos estrangeiros, mas a maior parte eram de leste. Tínhamos jogadores da Bulgária que são do mesmo estilo, da Sérvia que também é um bocadinho igual, mas depois havia um ou outro brasileiro que já eram mais o nosso estilo. Mas o facto de ter muitos estrangeiros também permitiu que nos ajudássemos uns aos outros, foi mesmo assim». E além de Mário Sérgio, havia mais portugueses no plantel, a começar pelo «amigo» Ricardo Fernandes. «Comecei com o Ricardo, depois veio o [João] China e na segunda época o Filipe [Teixeira]. Isso também ajudou, já tínhamos um grupo de gente porreira e, como desportivamente as coisas nos estavam a correr bem, tudo ajudou». Mário Sérgio tinha marcado quatro golos em oito anos em Portugal, mas na Ucrânia marcou cinco em apenas quatro temporadas. «Há anos em que a gente se engana um bocadinho, não sei, mas correu bem as épocas que fiz ali correram muito bem».

Quatro boas temporadas a jogar com regularidade, mas sem títulos, com o Metalurh sempre à sombra do gigante da mesma cidade, o Shakhtar, além do gigante da capital, o Dínamo Kiev. «Sem dúvida, eram muito fortes, para mim mais o Shakhtar que era uma grande equipa e que agora, com o Paulo Fonseca, vai continuar a ser. Na minha opinião, o Paulo Fonseca é um grande treinador e tem um grande plantel, alguns dos que ainda lá estão chegaram a jogar contra mim. Este ano ganharam tudo, o Paulo Fonseca também se adaptou bem ali», comenta.

«O Ricardo Fernandes era praticamente meu empresário»

Mário Sérgio tinha voltado a jogar, a ser feliz, mas faltava-lhe saber o que é ganhar. Uma nova chamada telefónica proporcionou-lhe um novo mundo. «Foi um empresário que me ligou. Falou-me do APOEL, o Ricardo [Fernandes] já lá tinha jogado e disse-me que devia aproveitar a oportunidade, garantiu-me que ia gostar, o clube era bom e que ia lutar para ganhar. Os nossos objetivos também passam por aí, não é? Passam por tentar ganhar. Ali o objetivo era o título e tentar entrar na Liga dos Campeões ou na fase de grupos da Liga Europa. O objetivo era ganhar».

Tal como na mudança para a Ucrânia, Ricardo Fernandes volta a ser determinante na mudança de Mário Sérgio para o Chipre. «Sem dúvida, quando fui para o Chipre, o empresário também ligou para ele e ele passou-me o telefone, ele era quase o meu empresário [risos]. O Ricardo foi muito importante na minha carreira, sem dúvida», comenta bem-disposto.

Em Nicósia a adaptação é ainda mais fácil do que tinha sido em Donetsk. Mário Sérgio encontra desde logo Hélio Pinto, Hélder Sousa e Nuno Morais. Mais tarde chegam ainda Esmael Gonçalves, Hélder Cabral, Tiago Gomes e ainda Estrela. «Foi fácil, era só gente boa, acolheram-me muito bem e as coisas, mas uma vez a nível desportivo, também correram bem e, quando assim é, as coisas ficam mais fáceis».

Ao longo de cinco temporadas, Mário Sérgio conquista cinco títulos de campeão consecutivos e ainda duas Taças do Chipre e uma Supertaça. Mas o objetivo, além dos títulos, era também jogar nas competições europeias, principalmente na Liga dos Campeões, um sonho por cumprir para Mário Sérgio. «O maior objetivo quando fui para lá, era um dia poder jogar na Liga dos Campeões. Nunca tinha acontecido e tive esse prazer. Fizemos uma grande época nesse ano e só por isso valeu a pena ir para lá». O sonho cumpriu-se na temporada de 2014/15 em que o APOEL surpreendeu tudo e todos e chegou pela primeira vez na sua história à fase de grupos. Mário Sérgio ouve finalmente o hino da Chmapions, pisa pela primeira vez os grandes palcos da Europa e valoriza a sua coleção de camisolas em jogos frente ao Barcelona, Paris Saint-Germain e Ajax. Uma das trocas de camisolas foi com Lionel Messi que, curiosamente, exibiu a camisola de Mário Sérgio recentemnete (ver link em baixo). «Claro que tenho essa, como tenho muitas outras. Troquei camisolas com muita gente, como é evidente, e essa está lá com as outras».

Messi também tem uma camisola de Mário Sérgio

Mário Sérgio viveu cinco anos em Nicósia e ainda os últimos seis meses em Limassol. Tempo suficiente para conhecer a ilha de uma ponta à outra. «Já me sentia em casa, além de ser uma ilha pequenina, já conhecia tudo, fiquei com pessoas amigas lá, sentia-me muito bem. A cultura é um bocadinho parecida com a nossa, a forma deles estarem, deles comerem, é um pouco parecida».

Mário Sérgio foi uma figura determinante na conquista do pentacampeonato do APOEL, mas na última temporada, aos 35 anos, já não era primeira opção. Saiu em janeiro deste ano para o Apollon ainda a tempo de juntar mais uma Taça do Chipre ao seu currículo. «Estava a precisar de mudar, as coisas já não estavam como eu queria que fossem, já não estava a jogar com regularidade, naquele meio ano não me estava a sentir útil. Para estar ali tinha de estar a cem por cento, como não consegui, arranjámos uma solução e saí a meio da época para o Apollon», conta.

Para trás ficavam cinco anos a representar o mesmo clube, recorde para Mário Sérgio. O APOEL reconheceu o contributo do lateral e despediu-se do português de forma simbólica no balneário (veja o vídeo abaixo), com a entrega de uma t-shirt onde estavam mencionados todos os troféus conquistados por Mário Sérgio ao serviço do clube. «Acho que deixei uma boa impressão. Independentemente das pessoas mostrarem o respeito que tinham por mim, isso sempre senti, na altura da despedida as pessoas reconheceram realmente o profissional que fui lá os anos todos. Tive sempre respeito e respeitei toda a gente. Mostraram esse carinho que tinha por mim», conta.

A despedida de Mário Sérgio no APOEL

Nos últimos seis meses no Chipre, Mário Sérgio jogou no Apollon Limassol onde reencontrou Tiago Silva e ainda jogou com Bruno Vale e João Pedro. Quis o capricho do destino colocar-lhe o APOEL e os antigos companheiros no caminho na final da Taça. O Apollon conquistou o troféu com um golo solitário de Paulo Vinicius, central também bem conhecido do futebol português, depois de ter representado sucessivamente Santa Clara, Leixões, Olhanense, U. Leiria, Sp. Braga e Boavista. «O objetivo quando saí do APOEL era para ir para uma equipa para jogar. Conhecia bem o Apollon, também é uma boa equipa no Chipre, daí também ter aceite o convite com o objetivo de ganhar qualquer coisa. Sabia que o campeonato ia ser difícil porque quando fui para lá estávamos a onze pontos do APOEL, mas ainda andámos a lutar até às duas últimas jornadas. Fizemos uma grande recuperação. No fim ganhei a Taça que era um objetivo que tinha definido. Antes de me vir embora queria trazer qualquer coisa comigo e foi conseguido», destaca.

Foi o último suspiro no Chipre. Agora é mesmo hora de voltar a casa, até porque os filhos crescem num instante. «Está na hora de voltar a casa, já estava decidido. Eu e a minha família decidimos que estava na hora de regressar, agora vamos ver o que aparece por aí, mas estava decidido a voltar a casa. Foram nove anos, os meus filhos já estão crescidos. O meu filho mais velho tem agora onze anos, tinha dois quando fui para a Ucrânia. A minha filha mais nova tem sete. Já passei muito tempo ausente porque eles estavam cá em Portugal por causa da escola», conta.

Mário Sérgio está agora de férias, no Algarve, para «sair da zona de conforto» com a família, «apanhar um solzinho e aproveitar para descansar um bocadinho», mas está à espera de notícias do mercado. «Vamos ver que projeto possa aparecer por aí. Quero continua a jogar, sem dúvida, para já ainda não tenho nada. Estou à procura de clube neste momento [risos]. Com calma vai aparecer qualquer coisa», acredita. Por mais que não seja, pode surgir uma nova chamada de Ricardo Fernandes [já regressou há um ano para jogar no Trofense e na próxima época já tem acordo para jogar no Felgueiras], desta vez com um convite de um clube português, de preferência .