A intervenção da CMVM sobre duas das empresas accionistas do Estoril não afecta a SAD do clube, defende António Figueiredo, responsável da sociedade desportiva «canarinha». O dirigente diz que a SAD nunca teve contacto com as empresas em questão, mas apenas com a Southern Cross, a empresa que «se intitulou como tendo o controlo» daquelas que estão agora em causa.
A CMVM acusou de «falta de transparência» a operação de venda das acções de José Veiga a duas empresas, a Mexes Marketing Limited e a KCK Developments Limited, que ficaram detentoras de 39 por cento da SAD estorilista. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários considera que não foi identificada «toda a cadeia de entidades a quem a participação qualificada deve ser imputada» e suspendeu os direitos de voto e de natureza patrimonial dessas empresas, tendo igualmente «congelado» os valores decorrentes do exercício de direitos patrimoniais inerentes às acções em causa.
«A SAD do Estoril nunca teve contacto com essas empresas, apenas com a Southern Cross, que se intitulou como tendo o controlo dessas empresas», afirma António Figueiredo, presidente da SAD, ao Maisfutebol. A Southern Cross reivindica aliás o controlo de três empresas que representam um total de 42 por cento do capital da SAD, sendo que uma delas não foi colocada em causa pela CMVM.
A SAD do Estoril foi informada das transacções e as dúvidas da CMVM também já eram conhecidas, mas as empresas em causa nunca se deram a conhecer, nomeadamente em Assembleias Gerais. «Não há nenhum accionista que seja obrigado a fazer-se representar», defende, considerado ainda que o facto de as empresas em causa terem o direito de voto suspenso «não tem influência» no funcionamento da SAD. «Na última aprovação de contas só estava representado 15 por cento do capital», afirma a título de exemplo.
Figueiredo evita tecer juízos de valor sobre o processo colocado em causa pela CMVM, mas quanto à Southern Cross o seu discurso é muito crítico. A empresa, defende o presidente da SAD, terá assumido vários compromissos, entre os quais «provisões financeiras», mas não cumpriu.
«Estivemos em Londres em Maio, comprometeram-se com uma série de coisas, houve acordos através de documentos assinados e não cumpriram nada. Tudo isto é muito nebuloso. Sinceramente não percebo, porque não tinham necessidade de assumir os compromissos que assumiram connosco», defende.
Pagar as dívidas para poder inscrever jogadores
A administração liderada por António Figueiredo terminou o mandato a 30 de Junho e está demissionária, estando prevista para 1 de Agosto uma Assembleia Geral de accionistas. O dirigente espera agora para ver o que acontece, e vai dizendo que tem curiosidade de ver «se aparece alguém na segunda-feira», numa referência aos investidores estrangeiros.
O Estoril, relegado na época passada à Liga de Honra, por incumprimento relativo à Segurança Social. Figueiredo diz que o clube vai «proceder ao pagamento das dívidas e inscrever a equipa», defendendo que, do ponto de vista desportivo, a situação do Estoril está dentro da normalidade: «A equipa acabou de estagiar em Mafra, está tudo a andar.» A concluir, o dirigente defende que o Estoril «não tem grandes preocupações financeiras», mas admite alguns «sobressaltos de tesouraria».