O tenista português Pedro Sousa foi eliminado na primeira ronda do Estoril Open, esta terça-feira, pelo francês Luca Van Assche, no jogo que marcou, assim, a sua despedida do Clube de Ténis do Estoril.

O atleta luso, atual 475.º colocado no ranking mundial, perdeu com o francês de 18 anos, atual número 91 do mundo, em três sets, pelos parciais de 6-7 (5-7), 6-3 e 6-1, em duas horas e seis minutos.

Na fase de qualificação, Pedro Sousa, que não disputava o quadro principal no Estoril desde 2019 (chegou à segunda ronda em 2017 e 2018) tinha anunciado que esta seria a sua última participação no torneio português.

«O contexto familiar não me permite disponibilidade para alcançar o que ainda gostava»

Passados três dias desde que o lisboeta escolheu o court central do Clube de Ténis do Estoril para anunciar, em lágrimas, a sua última participação no único torneio ATP luso, Pedro Sousa apontou ao «contexto familiar» para explicar que não consegue ter «a disponibilidade física e mental» para alcançar o que ainda pretenderia na modalidade. O atleta de 34 anos remeteu para breve, para um dos dois challenger de Oeiras, agendados para meados de abril e meados de maio, o final de carreira.

«Não era agora que eu queria [ndr: parar], se pudesse continuava, mas tenho de perceber o contexto onde eu estou neste momento e o meu contexto familiar não me permite ter a disponibilidade física e mental para alcançar os objetivos que eu ainda gostava no ténis. Por isso, acho que não valia a pena continuar nessas condições. Não me motivava o suficiente e algum dia tinha de ser e acho que chegou a hora», explicou, em declarações à Lusa.

Embora as lesões tenham sido o maior adversário na carreira de Pedro Sousa, não foi nenhum problema físico a motivar o adeus. Foi, sim, o facto de ter sido pai nos últimos tempos. Manuel «faz três anos em agosto» e assistiu, pela primeira vez ao vivo, a um encontro do pai neste Estoril Open. Caetana, sua filha, tem dez meses.

«As noites são muito mais difíceis, os tempos de descanso praticamente não existem e para me preparar para uma época longa e com bastantes viagens e bastantes torneios é-me difícil. Ainda sem meter a parte das viagens ao barulho… Não podia estar cinco ou seis semanas fora como estava antigamente sem dar justificação nenhuma a ninguém, por isso tudo isso pesou um bocadinho», confessa, rotulando a decisão de «bastante difícil».

«Ainda por cima, ainda sinto que posso jogar bem, que posso estar em condições. É uma decisão difícil, mas quando olho para a balança e vejo o que está de um lado e do outro, torna-se mais fácil, ou torna-se fácil até, por isso é o que é, claro que me custa, mas tem de ser», prosseguiu.

Sobre o seu percurso, referiu: «Claro que cometi erros como toda a gente, claro que poderia ter melhorado um par de coisas ou ter feito um par de coisas diferentes que não fiz, mas naquela altura era o que me parecia certo, por isso não há arrependimentos. Fui o que consegui. Tenho orgulho na minha carreira: fui top 100, fui número um português, fui aos Jogos Olímpicos [Tóquio2020], fiz uma final no ATP [Buenos Aires 2020], ganhei oito challengers e estou orgulhoso com isso», enumera, apontando que a «única coisa» que «fica encravada» na pré-anunciada despedida é «o Grupo Mundial da Taça Davis e ter perdido uma final no CIF [Club Internacional de Foot-ball] que seria a mais especial de ganhar».

Sobre o futuro, diz que ainda não sabe a ligação que vai ter ao ténis quando arrumar as raquetes, mas define o CIF como a sua «casa». «Acho que eventualmente, não sei se agora ou mais tarde, [ndr: o futuro] vai ser ligado [ao CIF], porque foi um clube que me deu tudo, não só é a minha casa como é a casa da minha família, por isso acho que mais tarde ou mais cedo vou lá parar», diz, ressalvando que ainda vai «jogar um ou dois torneios mais».