Vasco Seabra, treinador do Estoril, em declarações à Sport TV, depois da goleada consentida diante do Sporting (1-5), no Estádio de Alvalade, em jogo da 16.ª jornada da Liga:

Nem tudo está bem quando se ganha 4-0, nem tudo está mal quando se perde 1-5. Concorda?

- Sim, é verdade, na semana passada, vencemos 4-0 e disse precisamente isso ao grupo no balneário porque fizemos muitas coisas bem feitas hoje. Desbloqueámos muitas vezes a primeira fase de pressão do Sporting, conseguimos estar por diversas vezes contra a última linha do Sporting por mérito nosso, mas hoje não estivemos tão bem em termos do último terço, essencialmente na preparação para a perda da bola. É uma coisa em que normalmente somos mais fortes, somos mais capazes, no momento em que estamos instalados no último terço ou quando batemos a primeira fase de pressão, normalmente somos capazes de estar preparados para o momento da perda e anular as saídas do adversário. Acabámos hoje no jogo por permitir algumas saídas do Sporting e eles são fortíssimos nesse momento.

- A vitória, naturalmente, é justa, não vamos estar a discutir o resultado, mas penso que é um pouco pesada para aquilo que foram sendo as incidências do jogo. Mas é assim, acabámos por não fazer, o Sporting foi fazendo. Acabámos, na parte final, por estar até a partir o jogo porque queríamos muito tentar reduzir e expusemo-nos ainda mais em transições, mas penso que a equipa demonstrou mais uma vez a qualidade e a capacidade que tem. Temos agora uma horas para sofrer, faz parte, e amanhã, às 10 da manhã, temos treino, por isso temos de estar energizados, com uma vontade muito grande porque acreditamos naquilo que fazemos, acreditamos no grupo. Estamos felizes com eles, estamos tristes com a derrota. Felizes pela coragem e prontos para corrigir as coisas que não fizemos tão bem.

O Estoril não mudou a forma de jogar, mesmo em Alvalade. Satisfeito, apesar dos números pesados?

- Fico satisfeito sempre pela forma como procuramos competir. A responsabilidade da derrota é minha porque pela forma como a gente faz as coisas. Agora, naturalmente, em termos defensivos estamos muito mais estáveis e muito mais coesos e temos vindo a sofrer muito menos golos. Hoje penso que com o 2-0 ao minuto 46 da primeira parte, ou seja, quando já estávamos mais tranquilos com o jogo e estávamos já a começar a dividir um pouco mais o jogo, acaba por mexer um pouco connosco, com o nosso emocional. Não tivemos depois a mesma capacidade para gerir o jogo. Não nos podíamos expor tanto para que não sofrêssemos os golos a seguir. Penso que faz parte do nosso crescimento, da nossa ambição. Temos um compromisso muito grande, uma atitude muito boa e a parte defensiva, que tem vindo a ser melhorada, vai continuar a sê-lo. Vamos seguir o nosso caminho, aprender com os erros e seguimos entusiasmados com o muito que temos para fazer.

Agora vem aí o FC Porto, para a Taça. O Estoril tem sido o «carrasco» do FC Porto esta temporada, que equipa é que vai apresentar na terça-feira?

- Uma equipa igual a esta, com uma vontade muito grande de competir no jogo, naturalmente, a tentar já a corrigir algumas situações que não fizemos tão bem hoje, mas a manter a consistência daquilo que fizemos bem. Sabemos que vamos ter um adversário fortíssimo, por isso, agora é momento de descansar umas horas e amanhã vamos começar a preparar o jogo, com uma vontade muito grande, uma ambição, entusiasmo e alegria por podermos trabalhar com este grupo de jogadores.

Este resultado não vai pesar?

- Desde que nós entramos temos vindo a falar disso. Há uma coisa que temos sempre de apelar aos nossos jogadores, nós temos de dar o melhor de nós. Hoje demos o melhor de nós. Nem sempre o melhor de nós chegou para conseguir anular algumas coisas. É trabalho do treinador agora. O treinador tem orgulho nos seus jogadores, sinto que eles são uns campeões de trabalho, vontade e atitude. Quando não corre tão bem, levantamo-nos e competimos a seguir.