Sérgio Vieira, treinador do Estrela da Amadora, depois da derrota diante do Estoril (0-1), no Estádio António Coimbra da Mota, em jogo da 20.ª jornada da Liga:

Resultado penalizador para o Estrela, tendo em conta as oportunidades nos instantes finais do jogo?

- Não só por isso, pelas oportunidades que tivemos na fase final do jogo, como também por algumas tentativas de chegada ao último terço, com lances de perigo, até melhor do que o Estoril na primeira parte. Um remate do Kikas, o Léo Jabá e o Kikas tiveram chegadas interessantes. Não merecíamos este resultado hoje, mas nas circunstâncias em que estávamos a competir, acabámos por ser infelizes. No lance do golo, a bola sofre um desvio e trai o Bruno Brígido. O Pedro Mendes já não fazia dois jogos seguidos há dois ou três anos. O André Luís não competia desde junho do ano passado, o Bucca desde outubro, o Nanu jogou mais recentemente, mas também esteve muito tempo parado. O Rúben Lima desde maio do ano passado que não fazia 90 minutos. Houve muitas tomadas de decisão no decorrer do jogo em que a frescura física também pesou.

- O que me deixou satisfeito foi a entrega e não haver nenhum jogador lesionado. Olhar para os jogadores e ver frustração pelo resultado, mas também a confiança pelo que somos capazes de fazer. Infelizmente, a instabilidade tem reinado no nosso clube. Nos últimos tempos conseguimos estabilizar um pouco, diminuir as lesões, mas no último jogo perdemos o Mansur. As coisas estão a ficar melhor porque estamos a afinar o processo. Acredito que, com o caminhar da época, vamos ficar melhores e conseguir os pontos para o nosso objetivo.

O Rodrigo Pinho acabou de chegar, foi titular, mas foi dos primeiros a sair. Como viu esta estreia do avançado?

- O Rodrigo teve a ver com isso. Ele já não tinha competição desde o ano passado. Tem de haver competência em todas as estruturas, o que é certo é que o Rodrigo Pinho desde junho que não competia. Foi um risco enorme. Sentimos que a recuperação dele era importante, mas sentimos que precisávamos de mais capacidade no ataque. Normalmente o André quando entra, entra bem. Queríamos refrescar o ataque, ter mais bola, mas infelizmente fomos traídos por aquele desvio no lance do golo.

O Estoril chega ao golo logo depois das primeiras alterações no Estrela. Houve ali um momento de desconcentração?

- Acho que não foi por aí. Defrontámos uma equipa que tinha tudo positivo, contrariamente a nós. Uma equipa estável na sua preparação, vinha de jogos recentes sempre a usar os mesmos jogadores. Não era fácil defrontar o Estoril neste exato momento. Daqui a duas semanas seria certamente um jogo diferente, mas no momento em que se realizou, eram estas as circunstâncias. O lance do golo foi no corredor contrário ao do André. Acho que não está relacionado com isso.

Lançou novos jogadores como o Rodrigo Pinho ou o Nanu, com poucos dias de trabalho…

- Sim, sem dúvida, não temos o Mansur, o Miguel Lopes, o Gaspar, o Keliano. O Ronald também saiu. Eram jogadores que conhecem as nossas regras. Tínhamos uma linha defensiva mais estabilizada, com o Miguel Lopes e o Mansur. Acreditamos que os novos jogadores, caso do Rúben Lima e do Nilton, estavam capacitados para entender as nossas regras e o rigor que nós temos. Foi por esse motivo. Se me perguntar se do ponto de vista físico estavam preparados, não, não estavam. Os que chegam nesta altura do mercado têm esse problema.

Três derrotas na segunda volta, como é que o grupo vai ter motivação para o jogo com o Portimonense?

- Este grupo é um grupo constantemente moralizado, faz parte do ADN do grupo, do meu ADN. Só desta forma é que conseguimos chegar aqui, a superar as dificuldades de oito ou nove meses. Cair e levantar constantemente. É um grupo que tem claramente essa motivação constante, uma motivação intrínseca, que não olha aos resultados. Tudo é passageiro, não ficamos agarrados aos resultados, ficamos agarrados sim, à forma como eles acontecem. Para sexta-feira vamos estar preparados para defrontar um adversário diferente, mas a nossa entrega e confiança vem de dentro de nós. A principal motivação não vem de fora, vem de dentro. O grupo está blindado para, queda pós queda, conseguir levantar-se.

O Estrela trouxe muitos adeptos ao Estoril. Surpreendido com este apoio?

- Não fiquei surpreendido, porque já estou habituado. É por isso que o Estrela faz falta ao futebol português. Foi em Alvalade, na Luz, esta alma é muito importante para o futebol português e para nos apoiar. Foi isso também que nos deu uma energia extra em cada queda que tivemos, Acredito que é com eles que vamos caminhar até ao final para alcançarmos os objetivos mínimos que passam por nos manter na I Liga.