Um cenário de bloqueio total parece cada vez mais afastado. O impasse na construção do novo Estádio das Antas ainda vigora, mas o recomeço das obras poderá estar por dias. Talvez mesmo no final desta semana. A intervenção do Presidente da República, que amanhã ouvirá todas as partes interessadas no mega-dossier «Euro-2004», acalmou uma crise que conheceu o seu pico na passada sexta-feira, quando do anúncio de Pinto da Costa de que iria suspender as obras.

As negociações já iniciadas entre a Câmara do Porto e o Grupo Amorim (accionista da SAD do F.C. Porto e parte interessada na questão da urbanização da nova cidade das Antas) lançaram os alicerces para um entendimento que, embora tenha conhecido recuos no final da semana passada, surge como inevitável. A questão é muito clara: uma suspensão definitiva do novo estádio não só constituiria um rude golpe para todo o projecto do Euro-2004 em Portugal como poria o F.C. Porto numa situação extremamente delicada. Os obstáculos levantados por Rui Rio levaram a uma posição de força por parte de Pinto da Costa. Mas há que interpretar os sinais: mesmo quando anunciou a paragem das obras, o presidente do F.C. Porto não voltou a referir a alternativa Gaia pela simples razão de que, neste momento, ela seria muito arriscada: mesmo havendo terrenos disponíveis, como Luís Filipe Menezes já garantiu que há, teria que ser preparado um projecto em tempo recorde, para já não falar dos acessos que teriam que ser construídos, numa zona ainda muito atrasada nesse capítulo.

Com toda a margem de dúvida que a prudência impõe colocar num momento como este, a verdade é que os contornos da solução começam a ficar cada vez mais nítidos. Os avisos (ameaças?) dos altos responsáveis da UEFA dão conta da necessidade de se evitar a todo o custo uma inviabilização do projecto das novas Antas.

Comerciantes hesitam em aceitar indemnizações

O esboço de acordo entre o Grupo Amorim e Rui Rio prevê uma cedências das duas partes. O presidente da Câmara do Porto abdicaria de uma redução tão drástica do comercial, a empresa liderada por Américo Amorim aceitava uma diminuição em cerca de 25 por cento no espaço destinado a construção de zona comerciais, prevendo-se também uma indemnização de cerca de 7,5 milhões de euros (1,5 milhões de contos) à Associação de Comerciantes do Porto.

Essa via tenta agradar a todas as partes, chegando às tais «pequenas cedências» que Rui Rio propôs há já alguns dias. Mas falta saber como se poderá chegar ao máximo denominador comum: a Associação de Comerciantes hesita em aceitar o valor das indemnizações que está a ser equacionado; o F.C. Porto ainda não respondeu à proposta de abdicar de 25 por cento dos 40 mil metros quadrados da áres prevista para densidade comercial no Plano de Pormenor das Antas (PPA).

Para esta terça-feira, está agendada uma reunião de Câmara extraordinária, novamente para discutir a polémica do PPA. Uma reunião marcada pelo PS, à qual se deverá seguir uma Assembleia Municipal extraordinária, à noite, sendo esperada a presença de Pinto da Costa, o presidente do F.C. Porto e, talvez, do arquitecto Manuel Salgado (este ainda a confirmar).

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