A UEFA publicou o relatório técnico do Euro 2012 e dados novos saltam à vista. Desde logo, o número de passes de uma equipa por jogo, em relação ao que aconteceu em 2008. De todas as equipas, apenas os irlandeses não conseguiram igualar os espanhóis de há quatro anos.

A Espanha de Luis Aragonés, campeã em 2008, teve uma média de 450 passes por jogo. Quatro anos depois, os números parecem quase ridículos. Apenas a Irlanda não conseguiu obter essa média. As restantes onze equipas fizeram, em média, mais de 500 passes por encontro. Bom, algo continuou igual: os espanhóis lideraram esse aspeto em 2008 e voltaram a estar no topo em 2012. Só que o máximo de 510 passes num jogo há quatro anos é quase absurdo perante os 929 que La Roja conseguiu numa só partida do Euro 2012, frente à Irlanda.

O relatório da UEFA traz-nos ainda mais ideias. Obviamente, está lá o facto de este ter sido o Europeu com mais golos de cabeça, num total de 22. O anterior recorde era de 2004, com 17. Ainda assim, e apesar de, unanimemente, o campeonato organizado por Polónia e Ucrânia ter sido um dos mais bem disputados, a prova ficou um golo aquém das duas edições anteriores: marcaram-se 76 golos, contra os 77 de 2004 e 2008.

Na análise dos treinadores, os médios-defensivos desempenharam um papel importante, sobretudo na organização de jogo. Ou seja, deixou de haver a ideia de que um «trinco» se limita a ser «mais um defesa», a fechar espaços.

Os canhotos na direita e o contrário

Quanto a estratégias, passaram quase sempre por «contornar» as defesas contrárias. Prova disto é o facto de cada vez mais se utilizarem extremos-trocados, ou seja, quem joga com o pé direito na esquerda, quem usa a canhota na direita. Para além de desposicionar os adversários, esse fator permitia ainda a subida mais frequente dos laterais para chegar à linha de fundo, papel antes atribuído, sobretudo, aos extremos.

Noutro ponto, as equipas tiveram uma grande preocupação em travar contra-ataques, ou seja, transitar rápido do ataque para a defesa. A pressão imediata foi a principal arma usada, seguida da «falta tática». Ainda assim, o relatório aponta para o facto de várias equipas terem preferido deixar cinco ou seis homens atrás da linha de bola, de modo preventivo, quando o ataque tinha a bola.

Outro fator já identificado foi a diminuição do número de faltas em 20 por cento. As conversas tidas com jogadores e técnicos antes de cada jogo parecem ter funcionado, diz a UEFA, que lembra que em 2008 houve visíveis problemas no que tocava ao respeito nas zonas técnicas atribuídas.

A adição de árbitros assistentes atrás da baliza foi um dos aspetos que, no entender dos responsáveis da UEFA, fez diminuir o número de faltas.