Entram em campo nesta quinta-feira as primeiras duas seleções das últimas oito presentes nos Euro 2016 sendo Portugal uma delas. Frente a frente com a seleção nacional estará a Polónia, para aquele que se prevê seja um dos jogos mais equilibrados desta ronda.

Polónia-Portugal, 20:00, 5ª feira, 30 de junho

Estádio Vélodrome, em Marselha

Árbitro: Felix Brych (Alemanha)

Portugal ainda não conseguiu vencer nos 90 minutos, mas há cinco seleções entre as últimas oito que ainda não perderam e a seleção nacional é também uma delas. A Polónia é outra equipa que ainda não foi batida e que apenas sofreu um golo – no empate dos oitavos de final.

Os polacos, também por isso, ainda não se viram a perder num jogo enquanto a equipa portuguesa não conseguiu virar um jogo por completo (leia-se, ganhar) depois de estar a perder, mas, frente à Hungria, a seleção nacional recuperou três vezes de uma desvantagem no marcador.

Se Portugal tem no seu ataque o maior cartão de visita com a presença de Cristiano Ronaldo a defesa portuguesa tem sido permissiva de mais em relação ao que é hábito às equipas comandadas por Fernando Santos. E o selecionador debat-se ainda com a dúvida sobre a aptidão de Raphaël Guerreiro para o jogo, assim como acontece com André Gomes.

Já os homens de Adam Nawalka têm mostrado muita solidez defensiva – parando ataques do calibre do da Alemanha –, mas a produção ofensiva te também deixado a desejar não tendo os polacos conseguido marcar mais do que um golo por jogo.

Veja também nesta edição a análise à Polónia feita «in loco».

O ataque polaco conta com uma referência de luxo chamada Robert Lewandowski, mas o craque do Bayern Munique ainda não apareceu neste Europeu a marcar. A produção ofensiva dos polacos tem tido em Krychowiak e Blaszczykowski os seus maiores destaques.

Portugal apurou-se apenas como um dos melhores terceiros classificados, atrás da Islândia e da Hungria. Mas, depois disso, já eliminou a Croácia – chegando ao triunfo no prolongamento depois do quarto empate em 90 minutos – estando os croatas entre as seleções que mais tinham dado nas vistas na fase de grupos.

Cristiano Ronaldo já se tornou o único jogador a marcar golos em quatro Campeonatos da Europa. E está a um golo de igualar Michel Platini como melhor marcador em fases finais de Europeus – o antigo capitão francês tem nove golos, conseguidos numa só edição.

O histórico de jogos entre as duas seleções é favorável a Portugal (4V, 3E, 3D), mas a tradição dos jogos em Marselha não. Portugal nunca venceu em dois jogos que fez na cidade portuária francesa. No antigo Véldodrome, a seleção nacional empatou com a Espanha (1-1) na fase de grupos do Euro 84 e perdeu a dramática meia-final para a França (2-3, a.p.) desse seu Europeu de estreia.

Portugal tem, contudo, boas recordações da Polónia em relação ao seu Europeu de estreia, pois venceu os dois jogos frente aos polacos na fase de apuramento para o Euro 84. A Polónia, além de um particular ainda em 1990 (4-0 aos EAU), já jogou neste novo Vélodrome e foi neste Campeonato da Europa. A seleção de Adam Nawalka venceu a Ucrânia por 1-0 na terceira e última jornada do Grupo C.

País de Gales-Bélgica, 20:00, 6ª feira, 1 de julho

Estádio Pierre Mauroy, em Lille

Árbitro: Damir Skomina (Eslovénia)

O embate entre galeses e belgas coloca vários contrastes em campo no que respeita ao conjunto dos desempenhos das duas seleções no Euro 2016. O País de Gales apurou-se como um dos primeiros classificados – ultrapassando a já eliminada Inglaterra. A Bélgica foi segunda classificada atrás da poderosa Itália.

Ambas as seleções já perderam encontros no torneio, mas cada uma tem já também quatro triunfos. E voltam a divergir quando se recorda os jogos dos oitavos de final. O País de Gales teve inesperadas dificuldades para eliminar a Irlanda do Norte – o jogo mais difícil foi com o seu adversário mais fácil – precisando de um autogolo que acabou por fazer funcionar o marcador.

Já a seleção de Marc Wilmots tem vindo a crescer no que respeita às exibições – e esse crescimento inclui as exibições individuais – e ultrapassou a Hungria sem apelo nem agravo: com uns claros 4-0 (o resultado mais desnivelado do torneio) beneficiando da melhor exibição de um jogador até agora na prova: Eden Hazard.

Não é por isso que a equipa de Chris Coleman deverá perder o sono. Se calhar, até dorme melhor a pensar que o poderio belga pode abrir portas a que a sua seleção jogue como mais gosta. A explorar o domínio adversário, como os belgas já sentiram, precisamente, na qualificação para este Europeu. Houve um empate (sem golos) em Bruxelas e o País de Gales ganhou em Cardiff com um golo de Gareth Bale.

Além do jogador do Real Madrid, o País de Gales conta ainda com o talento acima da média de Ramsey ou Joe Allen. Mas, na Bélgica, a qualidade individual abunda: com De Bruyne, Witsel, ou Lukaku. Ou também na defesa. Mas este setor que já veio desfalcado para França ainda está mais permeável para este encontro com o jogo de castigo que Vermaelen tem de cumprir.

Alemanha-Itália, 20:00, sábado, 2 de julho

Estádio de Bordéus

Árbitro: ainda por definir

A Itália volta a estar pela segunda eliminatória consecutiva no jogo mais esperado da ronda. Depois de terem eliminado a Espanha, os italianos vão medir forças com a Alemanha. É garantidamente um dos maiores clássicos do futebol mundial – não só pela quantidade de jogos entre duas tão históricas seleções, como pela importância de muitos dos duelos, desde meias-finais até uma final de um Campeonato do Mundo – no Espanha 82.

O que não virá tão rapidamente à memória coletiva é que, incluindo o Itália-Alemanha, 3-1 que deu um título de campeão mundial, as forças em confronto estão totalmente desequilibradas no que respeita a resultados em partidas oficiais: os alemães nunca venceram os italianos em jogo a contar – e pode ver essa análise em pormenor na próxima edição da MF Total.

Será interessante (como sempre) ver mais este embate na atual conjuntura. Entre dois candidatos já inequívocos, a haver um favorito, terá de ser a Alemanha. É a atual campeã do mundo, é uma das cinco seleções sem perder neste torneio e já é a única que ainda não sofreu qualquer golo.

A solidez defensiva da Alemanha tem sido uma das suas maiores marcas. E se a Polónia conseguiu suster o ataque germânico na fase de grupos, a Eslováquia foi em pouco tempo submetida ao poder concretizador que a seleção de Joachim Löw ainda não tinha exibido, mas, claro, também tem.

A Itália tem defendido bem, como é sua tradição, e tem defendido a todo o campo. Mas também tem jogado, e bem, a todo o campo sendo a equipa de Antonio Conte uma das que mais tem surpreendido e agradado no Euro 2016.

Esta Itália de três defesas que, como sempre, sabe defender, mas que ataca muito e bem, não descansou enquanto não marcou o golo que a colocou em vantagem frente à Espanha. As provas dadas na fase de grupos – sendo uma das seleções apuradas logo ao fim de duas jornadas – não podiam ter melhor confirmação do que a inequívoca vitória sobre os campeões da Europa em título.

As dúvidas colocam-se agora mesmo sobre a condição física de De Rossi quando Thaigo Motta está impedido de jogar por castigo...

França-Islândia, 20:00, domingo, 3 de julho

Estádio de França, Saint-Denis (Paris)

Árbitro: ainda por definir

Como estarão os pratos da balança entre os que garantem que o fantástico conto de fadas islandês já tem os dias contados e os que ainda perguntam se continuará? Provavelmente, colocados proporcionalmente em relação ao favoritismo com que cada seleção entra para este jogo.

Este será, também provavelmente, o jogo dos quartos de final com menos história para contar... até que ela aconteça. E isso será a estreante-Islândia-que-já fez-muito-mais-do- que-alguém-esperaria eliminar a super-favorita-porque-também-anfitriã-França.

Por enquanto, pouco há para prever que não a superioridade francesa em todos os setores do campo – da baliza ao ponta de lança – mesmo que Didier Deschamps não possa contar com os castigados Kanté e Rami; ou não estivesse a seleção gaulesa no topo dos melhores contingentes de 23 jogadores que vieram para este Europeu.

De um lado está, de facto, uma constelação de estrelas francesas, do outro está um conjunto (vasto) de jogadores (sem qualquer desrespeito) com o nome terminado em «son» cuja maior forma é mesmo esse todo organizado (por Lars Lagerbäck) e unido por uma solidariedade e uma crença inabaláveis.

É assim que, fundamentalmente, a Islândia já chegou aos últimos oito do Europeu sem ter perdido alguma vez – e já com duas vitórias. Portugal e Inglaterra viram como esta seleção não desiste.

A França não pode não ser favorita. Mas, por outro lado, a equipa gaulesa, mesmo com três vitórias e só um empate, ainda não correspondeu na devida forma ao favoritismo como outras seleções já o fizeram. A França ainda não convenceu verdadeiramente. Didier Deschamps teve dificuldade em estabilizar o onze e a equipa viveu muito de inspirações individuais, como as de Payet ou Griezmann.

Os gauleses venceram dois dos jogos da fase de grupos ao cair dos panos, empatara outro, e o último triunfo foi conseguido depois de terem começado a perder. Jogo ideal para ganhar embalagem para um título? Os vikings terão (mesmo?) a última palavra.