*Enviado-especial ao Euro 2016

Fernando Santos fez duas alterações no onze, da Islândia para a Áustria. William Carvalho entrou para a posição 6, Ricardo Quaresma substituiu João Mário num dos flancos. O esquema mudou de um 4x4x2 clássico para um losango disforme, assimétrico, algo anárquico. Tão disforme que muitas vezes, e não só no plano sem bola, como o selecionador explicou, mas também nas movimentações de ataque, mais pareceu um 4x3x3, tal a forma como Quaresma se colava à linha e ao quase paralelismo entre as posições de Nani e Ronaldo, com este um pouco mais sobre a esquerda.

Se o selecionador defendeu Danilo depois da exibição instável frente à Islândia, a verdade é que William Carvalho foi um dos melhores no embate com a Áustria, ajudando a anular a estrela David Alaba, com a colaboração de João Moutinho e André Gomes. De novo perante um meio-campo de muito trabalho e intenso, e face ao pouco que os húngaros criam pelo ar, parece que o médio do Sporting continuará a fazer a ligação defesa-meio-campo no terceiro e decisivo embate do Grupo F.

Na defesa, há um dado novo: os problemas físicos de Raphäel Guerreiro, também um dos melhores nas duas primeiras partidas. O lateral-esquerdo treinou condicionado na véspera do encontro com os húngaros, e a sua participação está em dúvida. O mesmo se passa com André Gomes no meio-campo, embora, em caso de indisponibilidade, aí tenha diferentes opções para essa posição.

A confirmar-se a saída do futebolista do Valencia, João Mário, que saiu do onze para os austríacos para dar entrada a Quaresma e entrou nos minutos finais precisamente para o lugar do Harry Potter, poderia ser a decisão mais lógica.

Adrien, que ainda persegue a estreia, e Renato Sanches, utilizado com a Islândia, serão igualmente nomes a ter em conta.

PORTUGAL-ISLÂNDIA (ATAQUE)

PORTUGAL-ISLÂNDIA (DEFESA)

PORTUGAL-ÁUSTRIA (ATAQUE)

PORTUGAL-ÁUSTRIA (DEFESA)

A verdade é que pode não ser uma decisão fácil. O plano A (Islândia) correu pior do que o plano B (Áustria), mas nenhum deles foi excecional, nem que seja pelos resultados alcançados. O selecionador confirmou que, nos dois encontros, a equipa caiu demasiado no jogo exterior e sublinhou algo que até ao embate com Das Team não tinha dito: Portugal tem vergonha de jogar feio, mais direto, subir linhas e criar confusão para ganhar as segundas bolas.

Se a saída de André Gomes poderia, numa primeira análise, abrir espaço para João Mário, a verdade é que Fernando Santos poderia entretanto ter decidido voltar ao plano A que já o contemplava, abdicando de Quaresma para o 11. Resta saber se um técnico mais conservador como ele não irá acabar a achar que já são mudanças a mais, e travar-se a si próprio, ficando com um Plano C mais híbrido, que contempla ambos e garante ao mesmo tempo jogo interior e exterior.

O outro ponto que falta analisar prende-se com esta necessidade de provocar desequilíbrios, confusão na área com um jogo mais direto, a pedir Éder. O ponta-de-lança, pela sua fisionomia, pode encarnar perfeitamente esse papel, dando espaço para que Ronaldo e Nani apareçam de trás, precisamente o que Fernando Santos disse ter faltado à equipa nas duas partidas. Uma eventual titularidade dependeria da saída de um dos três avançados, com Quaresma a aparecer aqui novamente como forte candidato, face às raízes profundas no onze.

No entanto, com a importância do jogo, o conservadorismo omnipresente em Fernando Santos e as eventuais mudanças causadas pelas questões físicas de Raphäel Guerreiro e André Gomes, o selecionador terá sempre alguma cautela para não mudar de mais. Nesse sentido, este seria o Plano C:

PORTUGAL-HUNGRIA (esboço)

A menos de 24 horas do encontro estes são alguns dos exercícios que podem ser feito em torno do onze português, sendo que do outro lado está uma Hungria bastante batalhadora, e que assenta o seu futebol na consistência defensiva e nos contra-ataques.

Com a qualificação já garantida como um dos melhores terceiros, depois da derrota desta terça-feira da Irlanda do Norte frente à Alemanha, o selecionador Bernd Storck poderá gerir a questão disciplinar de alguns jogadores, bem como fazer rodar outros menos utilizados.