*Enviado-especial ao Euro 2016

Fernando Santos encaixou a pergunta com dificuldade. O selecionador foi questionado como conseguia prometer que só volta para Portugal no dia 11, um dia depois da final do Euro 2016, e respondeu assim: «Como consigo prometer? Confio nos meus jogadores! Por que passámos de otimistas para pessimistas ao fim de dois jogos? Fizemos dos melhores jogos deste Euro, e parece que não fizemos nada. Tenho um grupo de trabalho fantástico, que mostra atitude e empenho total nos treinos, jogadores de grande qualidade. Não faz sentido não acreditar. Acredito, e vou lá chegar.»

No que respeito ao embate com a Hungria, o selecionador, que diz que não tem «idade para pressões, não espera bater 90 minutos contra um muro. «Não acredito que a Hungria vá jogar fechada. É verdade que só depende de si própria, pode estar apurada quando começar o jogo [com a derrota da Irlanda do Norte, que terminou depois da conferência de Portugal já está qualificada mesmo que fique em terceiro lugar] e, se não estiver, um ponto pode ser suficiente para consegui-lo, mas não se pode mudar tudo de um dia para o outro. Pode haver algumas estratégias diferentes, mas na sua génese é uma equipa que trabalha muito, que é coletivamente muito forte, e que assumiu as características habituais das equipas húngaras, que é gostar de ter bola, sair a jogar e atacar. Foi o que fez nestes dois jogos. O que espero é o que vi já antes, e que confirmei nestes dois jogos no Euro. Claro que dependendo só de um ponto pode ter algum cuidado, mas não se muda tudo de um dia para o outro.»

Uma ideia que Santos aplica igualmente à Seleção portuguesa. «Temos vindo há dois anos a jogar segundo um determinado padrão, com algumas variações. Optamos várias vezes por um 4x4x2 losango, que se transforma por vezes durante os jogos num 4x3x3, o que é normal pelas caraterísticas dos jogadores que temos. Não podemos mudar também de um dia para o outro, só a trabalhar com os jogadores dia e noite, e eles não iriam ficar muito satisfeitos. Temos de manter a forma de jogar. Portugal fez dois bons jogos, um razoável-bom e outro bom. A única falta foi não concretizar oportunidades. Também passa por trabalho mental, por libertar os jogadores. Se continuarmos a trabalhar, a evoluir e a criar oportunidades, acreditamos que vamos ter de concretizar algumas. Se a bola puder bater duas vezes dentro em vez de no poste ficaremos felizes. Em relação ao padrão regular, dentro das suas variantes normais, não vamos mudar. Já jogámos mais em 4x3x3 com Cristiano como avançado e não como ponta de lança, como frente à Albânia, por exemplo. Depois passámos ao 4x4x2 mais clássico como princípio se depois se desdobra em 4x3x3 ou 4x4x2 losango, por isso o que mais interessa são a forma e a dinâmica. Temos vindo a procurar encontrar acertar melhor todos os mecanismos. »

O técnico sublinha que quando diz que Portugal vai ganhar «não é falta de respeito», porque conhece «o valor dos nossos adversários», mas sim por ser «o ADN» da Seleção: «Contra-atacar não faz parte da nossa mentalidade e por muito que tentasse não a conseguiria mudar.» No que diz respeito a eventuais mudanças por parte de Bernd Storck face aos jogadores em risco ou mais cansados fisicamente, Santos desvaloriza: «Vamos defrontar uma grande equipa, com os que jogarem, bem organizada e com muito bons jogadores.»

O relvado do Parc Olympique Lyonnais foi poupado ao treino de adaptação de Portugal e Hungria. Mas o selecionador não quer desculpas: «Se vimos para aqui dizer que por causa do campo não conseguimos jogar… O que precisamos é de ganhar.»

Voltar a Lyon, ou a outro palco das meias-finais, é óbvio que está no programa da Seleção. «Lyon é meias-finais, não é? Eu quero estar lá, mas meias-finais, não interessa onde. Queremos continuar a treinar forte em Marcoussis durante mais umas semanas», asseverou. 

Sobre o adversário nos oitavos de final, em caso de apuramento, Fernando Santos quis dizer pouco: «Eu não tenho preferência ou pressão pelo próximo adversário. O que eu quero é defrontar o próximo adversário. Vamos tentar vencer. Estar lá e jogar, com respeito por todos.»