Se no Europeu dos «crescidos» até o terceiro lugar pode dar apuramento (Portugal que o diga), na versão sub-21 agora nem o segundo lugar garante a continuidade em prova (só o melhor de três passa). Posto isto, e apesar da vitória sobre a Sérvia (2-0) na ronda inaugural, a representação lusa joga uma cartada muito importante frente à Espanha, nesta terça-feira.

Depois da ausência em 2015, a «Rojita» está empenhada em igualar o recorde de troféus da Itália (5), e a prova disso é que entrou na prova a golear a Macedónia por 5-0. Autor de um «hat trick», apenas o quinto da história da competição, Marcos Asensio assumiu desde logo o estatuto de figura de proa, ainda que o selecionador, Albert Celades, tenha opções como Deulofeu, Saúl Ñíguez, Denis Suárez ou Bellerín.

«Por jogar no Real Madrid, por tudo o que ganhou, é normal que seja olhado como uma referência», diz Nunes, o português que viu Asensio dar os primeiros passos na equipa principal do Maiorca, no final de 2013.

«Já se falava muito dele no clube. Não era um desconhecido. Já se dizia que fazia a diferença na formação. Foi pretendido por Barcelona, Real Madrid e outros, mas num primeiro momento o Maiorca fez um esforço para o manter. Esforço financeiro, também, junto da família dele», lembra o estrangeiro que mais vezes vestiu a camisola do emblema das Baleares, em conversa com o Maisfutebol.

Embora Asensio tenha feito a estreia pela equipa principal do Maiorca em outubro de 2013, com apenas dezassete anos, Nunes lembra o cuidado com que foi preparada a sua integração.

«Foi importante ter um crescimento sustentado. Não forçaram a progressão dele. Vinham miúdos treinar connosco, e o Marco não vinha. Perguntávamos por ele e diziam-nos que era novo, que era preciso calma», recorda.

«Quando chegou, notou-se que era diferente», acrescenta. «Mas se me perguntar se achava que ele ia chegar ao Real Madrid com esta idade, eu diria que era muito difícil. Vi muitos jogadores com imensa qualidade que, por uma ou outra razão, não tiveram sucesso. Chegar ao Real Madrid com esta idade e ter esta afirmação, só está ao nível de um grande jogador», destaca Nunes, antes de sustentar o elogio.

«É humilde. Vem de uma família honesta e humilde lá de Maiorca, e sempre teve os pés na terra. Era educado com os mais velhos, ouvia os conselhos. Teve sempre um comportamento exemplar. Nunca foi de discutir, nunca fez má cara. Nunca se julgou mais do que os outros, mesmo sabendo que o era. A qualidade técnica já nasceu com ele», resume.

Nunes deixou o Maiorca em 2014 mas manteve o contacto com Asensio, que ainda fez mais uma época no clube, embora nos últimos meses já emprestado pelo Real Madrid. Na época passada foi cedido ao Espanhol, mas depois voltou com lugar reservado no plantel «merengue».

«Falei com ele no início da época e ele não sabia se ia ficar, embora tivesse recebido boas indicações. O Zidane foi importante, acreditou nele. Muitas vezes a diferença está em teres alguém que aposta em ti ou alguém que tem medo, por seres jovem. Ele teve essa felicidade, mas também trabalhou para isso», elogia.

Com 21 anos cumpridos no passado mês de janeiro, Asensio somou 38 jogos pelo Real Madrid e marcou dez golos, um dos quais na final da Liga dos Campeões.

«Fico contente com o êxito dele. Sei que ele também tem muito apreço por mim. Fico muito contente pois também merece como pessoa. Espero que o Asensio seja feliz mas que a vitória seja de Portugal», diz Nunes.

«A Espanha tem grandes valores, muita qualidade, mas Portugal também, como tem demonstrado nos últimos anos. É preciso contar com Portugal», avisa o antigo central, que entretanto assumiu o papel de treinador, como adjunto de Nandinho no Gil Vicente e Famalicão.

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