Veja como seguimos o Sérvia-Portugal AO MINUTO

Não, a última imagem não é a que fica. A face de Portugal em Belgrado foi menos bela, menos cativante, sem direito a maquilhagem. Longe, muito longe, daquele ar de seleção competente, competitiva e equilibrada, marca registada no reinado de Fernando Santos.

Fica a vitória, sétima consecutiva nesta fase de qualificação, num final de tarde duro, muito difícil, perante uma Sérvia a viver dentro de um corpo atormentado pela velha questão entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

DESTAQUES DO JOGO: João Moutinho, tropa de elite

A seleção balcânica reduziu Portugal a uma seleção defensiva, muito recuada, conseguiu empatar aos 65 minutos – por Zoran Tosic, o melhor dos sérvios – e nessa altura teve a Seleção Nacional na mão.

Com tudo a seu favor, a Sérvia implodiu. Disparou para os próprios pés, perdeu-se em discussões e em comportamentos impróprios, vergou-se, enfim, ao extraordinário golo de João Moutinho. O segundo em quatro dias, do 112 (bem) chamado por Fernando Santos para o jogo.

Depois desse momento de inspiração divina, Matic agrediu André André. Feio, muito feio o comportamento do ex-Benfica, a face mais visível da bipolaridade perigosa de uma seleção incapaz de encontrar o caminho certo para colocar todo o talento no sítio certo.

Nélson Semedo a tremer na direita

Já se percebeu que Portugal não foi brilhante e esteve a um nível inferior do habitual. De todo o modo, é importante recordar que a seleção teve sete mudanças no onze inicial e, ainda assim, entrou bem na partida, autoritária e segura.

Quando Nani voltou aos golos – o primeiro depois do Mundial – poucos se atreviam a contestar a supremacia de Portugal. Nesses primeiros 20 minutos, a Sérvia era aquilo que se vira em quase toda a qualificação: preguiçosa, desatenta, ufana.
 

Eliseu foi um dos melhores na Seleção Nacional

Depois de estar a perder, sim, a Sérvia teve momentos excelentes. Impulsionada por um enorme Zoran Tosic, os sérvios exploraram muito bem o lado esquerdo e aproveitaram a ansiedade e permeabilidade de Nélson Semedo.

Em estreia absoluta, o lateral do Benfica tremeu muito, cometeu erros primários de posicionamento e acusou o cartão amarelo visto ainda cedo. A qualidade está lá, mas para este nível é preciso muito maior solidez mental e tática.

Um pontapé de Zoran Tosic encaixado por Rui Patrício – bom jogo! – e uma ameaça de Ljajic foram sinais bem claros para o que viria no segundo tempo.

Problemas para André André e Miguel Veloso

Já com Luís Neto no lugar de Bruno Alves, Portugal manteve as linhas baixas e a incapacidade de ter bola. Danilo Pereira fez um jogo competente, mas André André e Miguel Veloso não revelaram nem autoridade nem dinâmica na luta da intermediária.

Melhor o jogador do FC Porto do que o esquerdino, ainda assim, principalmente a partir do momento em que João Moutinho foi lançado. Fernando Santos ficou preocupado com o golo do empate sérvio – justificadíssimo – e apagou o fogo com o comandante geral do corpo de bombeiros.

Fica o triunfo, a qualificação quase exemplar para o Euro2016 e a certeza de que muitas destas opções, normalmente não titulares, podem vir a ser muito úteis no futuro.

Bons sinais, pois, num jogo difícil, numa exibição apenas razoável, numa vitória feliz. João Moutinho, bombeiro e maquilhador profissional, entrou para disfarçar as marcas de uma guerra dura.