Joachim Löw deixou de ser selecionador da Alemanha depois da eliminação do Euro2020, diante da Inglaterra, em Wembley, colocando ponto final a um longo mandato de quinze anos. Altura de fazer um balanço, com pontos positivos, mas também negativos, com destaque para a relação difícil que manteve com Mesut Özil.

A saída de Joachim Löw já estava definida ainda antes do Euro2020 começar, mas não foi o «adeus» pretendido pelo selecionador que conduziu a Mannschaft à conquista do Mundial2014. «Não foi a despedida que todos imaginávamos. Foram quatro semanas muito intensas. Mantive sempre a fé nesta equipa. Sinto que defraudámos os nossos adeptos. Assumo toda a responsabilidade pela eliminação», começou por destacar o treinador alemão.

A Alemanha estava num processo de renovação, mas tinha fortes expetativas para este novo grupo. «Algumas coisas funcionaram de forma brilhante às vezes, outras não. O que posso dizer é que demos tudo o que tínhamos ao longo destas quatro semanas. Não nos preparámos com todos os disponíveis. Entrar agora em detalhes não faz muito sentido. É certo que tivemos algumas dificuldades antes do Euro. Devido ao coronavírus e a algumas lesões, não tivemos a possibilidade de preparar a equipa como era necessário», acrescentou.

Foi a última fase final de um longo percurso de quinze anos. «Ter esta responsabilidade nem sempre é fácil. Houve momentos em que nem tudo foi bonito. Mas depois de quinze anos, agora estou feliz por dar um passo ao lado. De certeza que vou demorar algum tempo a assimilar tudo, os momentos bonitos e as deceções. O Mundial no meu próprio país (2006), na África do Sul, no Brasil, Rússia. Foram muitos jogos. E estou em paz comigo mesmo», garantiu.

Entre as deceções há um nome que salta à vista: Mesut Özil. «Foi uma deceção tremenda no âmbito pessoal. Mas vai chegar o momento em que vamos voltar a falar. O Mesut foi um jogador muito importante para nós», destacou.

Entre as deceções, Löw também destaca a derrota diante da Itália, no Euro2012, mas também revela que foi essa desilusão que esteve na base na conquista do Mundial2014 no Brasil. «A derrota de 2012 contra a Itália deu-nos o que necessitávamos. Estive em contato com muitos jogadores, entre eles Schweinsteiger e Khedira. Foi a chave para ganhar o Mundial2014», recordou.

Mas a pior derrota foi no Euro2016, na meia-final diante da França. «Se tivéssemos ganho, teríamos ganho o título sem dúvida nenhuma. A derrota mais recente diante da Inglaterra é outra que me dói bastante. Esta equipa esteve acima do mundo durante muitos anos. É sempre difícil terminar os torneios entre os quatro melhores, mas nós conseguimos isso muitas vezes. Com o nosso estilo e o nosso futebol, inspirámos muita gente», destacou ainda.

Agora é a altura de passar o testemunho a Hans Flick, o novo comandante da Mannschaft. «Tenho estado em contato com ele ao longo dos últimos meses. Incluindo agora, durante o Campeonato da Europa, temos falado por telefone e trocado mensagens. Estou à disposição dele para tudo o que necessite, mas penso que terá as suas próprias ideias já definidas», comentou.

Quanto ao futuro, a nível pessoal, Löw deixa tudo em aberto. «Não tenho nada previsto, nem sequer as férias. Vamos ver», atirou ainda.