A crítica do adepto comum choca com a mudança operada por Co Adriaanse na arquitectura táctica do F.C. Porto. A aposta nos três defesas e o consequente alargamento do ataque tem sido um suporte discutível e merecedor de vários comentários que fragilizam o treinador holandês junto da exigente massa associativa. Há também quem aponte o dedo ao futebol pouco atractivo do dragão ou à dificuldade em fazer estragos junto à baliza adversária. Este ponto tornou-se uma evidência visível nos três últimos jogos, precisamente quando a aposta nos três defesas se tornou numa presença sólida e marcante do futebol portista.
Os números puros e duros remetem-nos para a clareza de um ataque que deixou de ser letal e já não tem o poder de fogo de outrora. Um golo construído pelos próprios meios nos três últimos jogos (frente à Naval, foi Fernando quem introduziu a bola na sua baliza) é um bom exemplo de como a aposta no risco ofensivo de Adriaanse não tem consequência directa no resultado final. É evidente que se podem apontar outros factores como, por exemplo, a falta de sorte frente ao Sp. Braga (três bolas no ferro) e ainda a soberba exibição do guarda-redes Paulo Santos. Mas só isso não explica tudo, porque há mais de um mês que um avançado portista não marca um golo.
Indo aos factos: McCarthy vive um dos períodos mais delicados da sua carreira no F.C. Porto e a veia goleadora que outrora fez estragos é uma fonte seca. Na presente época, o sul-africano só marcou um golo na Liga. A 24 de Setembro, na vitória frente ao Belenenses (2-0). Um número demasiado magro para um ponta-de-lança que registou 31 golos no campeonato nas duas últimas épocas. A presença na CAN, o seu afastamento da equipa em determinados momentos e o assédio inglês têm sido fardos muito pesados na carreira do jogador.
Os apagões de Lisandro e Hugo Almeida
Por outro lado, Lisandro López também tem estado de costas voltadas para a baliza depois de um começo de época fulgurante. Há mais de um mês que não agita as redes, sendo que o seu último golo aconteceu diante do Penafiel, a 17 de Dezembro de 2005, podendo a explicação residir no cansaço acumulado de uma longa época sem paragens que já se arrasta desde o campeonato argentino. Há ainda Hugo Almeida, ás de trunfo na condição de suplente, eclipsou-se quando Co Adriaanse lhe ofereceu a titularidade. O último golo foi a 23 de Outubro, no terreno do Nacional.
Dentro deste cenário, o F.C. Porto contratou Adriano (ex-Nacional) ao Cruzeiro de Belo Horizonte, mas o avançado brasileiro não tem sido feliz, apesar de se revelar decisivo a desgastar os defesas. Depois de uma estreia promissora no particular com o Dínamo de Moscovo (dois golos), o novo ponta-de-lança ainda não fez o gosto ao pé nos jogos oficiais, um deserto que começou a 6 de Agosto de 2005, quando marcou pela última vez no encontro entre o Cruzeiro e o Atlético Paranenense.
Sendo assim, têm sido Quaresma (quatro golos) a carregar com o rótulo de goleador numa primeira fase do campeonato, para, agora, Lucho González se assumir como o homem dos golos. Com sete remates certeiros, o argentino é o melhor marcador da equipa. Esclarecedor, não?
Marcadores do F.C. Porto:
Lucho González: 7 golos
Lisandro: 5
Quaresma: 4
César Peixoto: 4
Hugo Almeida: 3
Jorginho: 2
Diego: 1
Alan: 1
Ricardo Costa: 1
McCarthy: 1