A imagem está na memória de todos e sempre que são invocados os momentos mais altos do F.C. Porto lá está o calcanhar de ouro, o gesto magnífico de Madjer que empatou o jogo com o Bayern de Munique e lançou a equipa para a conquista da Taça dos Campeões Europeus, em 87.
Quinze anos depois, Rabah Madjer, o ex-avançado de eleição, uma das figuras do clube das Antas, mantém bem vivas as memórias, bem como uma casa em Miramar (Vila Nova de Gaia) e um português quase perfeito. Recentemente demitido do cargo de seleccionador nacional da Argélia, é um treinador no desemprego que continua a amar Portugal.
Não tem qualquer dificuldade em falar no dia 27 de Maio de 1987. «Foi um momento especial para todos. Foi o principal dia da história do F.C. Porto, a primeira e única Taça dos Campeões Europeus do clube e para além disso marquei um golo espectacular, de calcanhar, que ficou para a história do futebol mundial. Agora, espero que o Porto ganhe mais títulos no futuro, porque tem um grande presidente, excelentes condições para trabalhar e uma grande massa de adeptos», disse ao Maisfutebol.

Ainda hoje não sabe explicar o que o fez optar pelo toque de calcanhar. «Acho que teve a ver com a minha qualidade técnica. Tinha muitos recursos e naquela altura achei que era a única hipótese de chegar ao golo e felizmente marquei», lembra, fazendo questão em assinalar que não era só ele a brilhar, pois «existia uma equipa de grande nível, com o Sousa, o Futre, o Gomes e outros».
Madjer marcou o primeiro golo e deu o segundo a Juary, num lance igualmente espectacular. «Tinha sido assistido fora de campo e quando entrei recebi a bola do Celso, corri, ainda passei um adversário e dei o segundo golo ao Juary. Foi um grande jogo, um grande espectáculo de futebol», que continua bem vivo na sua memória.
O dia mais feliz
Atencioso e vibrante, o argelino não tem duvidas em definir aquele dia como «o mais feliz» da sua vida desportiva. «O Porto é como uma segunda família para mim e Portugal o meu segundo país. Vou muitas vezes ao Porto, reencontrar-me com os meus amigos e passar férias na minha casa em Miramar. Este ano espero ir aí em Junho e aproveitar para dar um salto ao Algarve», conta, acrescentando ter «muitas saudades» da cidade e das pessoas.
Madjer gostava de ter sido convidado para os 50 anos do Estádio das Antas, mas não sendo possível marcar presença no Porto na próxima terça-feira, perdendo «uma oportunidade para estar com os amigos», diz que «o coração fica com eles».