Anderson, o menino alquimista
Na conferência de imprensa que antecedeu este jogo, Anderson falou de sonhos. De sonhos que o guiam nesta aventura pelo futebol profissional e que o embalam dia após dia na luta pela sua concretização. A cada jogo que passa, torna-se evidente que esses sonhos, mais tarde ou mais cedo, tornar-se-ão realidade, queira a sorte também ajudar. Descomplexado mas adulto, fantasista mas concentrado, genial e ao mesmo tempo altruísta, Anderson é das maiores revelações do campeonato português nos últimos anos. A «bomba» enviada ao poste da baliza de Akinfeev aos 15 minutos é o melhor exemplo do Midas que Anderson se pode efectivamente tornar. Um alquimista à procura da quimera do sucesso de dragão ao peito.
Lucho, perdido nas linhas russas
Em ritmo quase sempre sereno, Lucho foi conseguindo descobrir linhas de passe aparentemente fechadas e fendas na coriácea defensiva russa. Aos onze minutos isolou Quaresma na esquerda, através de um passe magistral, mas o extremo desaproveitou-o com um cruzamento torto. Foi perdendo influência no futebol da equipa com o decorrer do jogo e parece-nos que o F.C. Porto precisava de outro Lucho na etapa complementar. Um Lucho mais decisivo e incisivo, mais dinâmico e omnipresente, que não falhasse um «passe de morte» como o fez aos 75 minutos. Tal não aconteceu, talvez devido à evidente falta de condição física que ainda o atormenta.
Adriano, excessivamente perdulário
Adriano poderia ter abraçado uma noite de glória, mas foi incapaz de o fazer. O ponta-de-lança teve medo de ser feliz, tantas e tão boas foram as oportunidades de que usufruiu para fazer golo e que desperdiçou. Só entre os minutos 24 e 38, foram três os momentos em que cabeceou por cima da baliza russa, quando poderia e deveria ter feito melhor. Depois, na segunda parte, surgiu duas vezes bem colocado sobre a esquerda mas rematou sempre ao lado. A este nível, erros deste costumam fazer-se pagar bem caro.
Ezequias, em busca da confiança perdida
Estreia absoluta em jogos oficiais do F.C. Porto, Ezequias apresentou-se num plano bastante aceitável. Compreensivelmente tolhido nos movimentos atacantes nos primeiros momentos da partida, soltou-se com o decorrer do jogo e chegou a ter iniciativas interessantes sobre a esquerda. Não cometeu erros de monta e mostrou a Jesualdo Ferreira que não está no plantel para ser apenas mais um. Nota positiva.
Vagner Love, aroma suave nas terras da vodka
Em terras onde a vodka é venerada e abundantemente consumida, Vagner Love marca a diferença com a suavidade do perfume que destila a jogar futebol. Sereno, algo complacente até, saíram dele os melhores períodos no jogo do CSKA. O seu odor de ponta-de-lança habilidoso, contrastou em grande parte com o agressivo bafo destilado pela postura desajeitada da maioria dos companheiros. Percebe-se porque é internacional pelo Brasil.
Rahimic, o fiel recruta bósnio
Colocado à frente do trio de defesas, foi aquilo que se costuma designar por «pau para toda a obra». Fez o trabalho sujo da sua equipa, com uma fidelidade e respeito militaristas. Apesar de ter visto um amarelo bem cedo, não se intimidou e cavou trincheiras bem fundas em redor da área que defendia. Um jogador interessante, no mínimo.