Foi sofrer até ao fim. O resumo de uma época num só jogo, num final de tarde pleno de emoções, como há muitos anos não se via. Com os três grandes a terem a possibilidade de serem campeões, quem saiu por cima foi o F.C. Porto, líder da primeira à última jornada. E, nem que seja só por isso, merecido campeão. Bicampeão.
No primeiro título para Jesualdo Ferreira, submergem as dúvidas sobre esta equipa, mesmo em altura de festejos. Para o treinador de 60 anos, pode ser o momento alto da carreira, mas após tantos erros, tantos tiros falhados, terá de surgir o momento de reflexão em relação ao futuro. O retrato da primeira parte deste jogo com o Aves aponta o lado negro do campeão, enquanto os primeiros momentos do segundo tempo apresentam uma pequena amostra de uma equipa que só a espaços conseguiu ser brilhante.
É certo que Anderson falhou grande parte da época, depois daquela lesão contraída no jogo com o Benfica, mas só isso não justifica a intermitência de exibições. A certa altura da época surgiu a ideia firma de que este Porto era inalcançável, estava noutro patamar, mas 2007 parece ter feito mal aos jogadores, que surgiam sem força, sem convicção e sem qualidade. Resultado disto mesmo é a segunda volta, a pior de um campeão nacional desde que o campeonato se disputa a três pontos.
Paraíso e inferno
O Porto entrou forte no jogo, quis marcar cedo para acabar com qualquer sonho lisboeta. Mas Adriano rematou frouxo logo aos dois minutos. O Aves travava o ímpeto inicial e levantava a cabeça aos dez minutos: primeiro Paulo Sérgio, depois Mércio, com muito perigo. Assobios, até porque Benfica e Sporting marcavam. Temia-se o pior.
Lisandro criava perigo e Adriano rematava ao lado. Até que aos 26 Quaresma arranca um cruzamento perfeito e Adriano empurrava para o fundo da baliza. O paraíso no Dragão durou oito minutos, porque aos 34 Moreira empatou, ficando dúvidas sobre se não estaria em fora-de-jogo. O empate transformava o estádio num autêntico inferno, embora a presença da equipa de andebol ao intervalo, ela que tinha acabado de conquistar a Taça frente ao Benfica, conseguia motivar os adeptos.
Festa total
Jesualdo terá dito algo de decisivo no balneário, porque, sem mexer na equipa, esta apareceu rejuvenescida em campo. Aos 50 Lucho avisava e dois minutos depois o compatriota Lisandro pegava na bola e enchia o pé, colocando a bola no fundo das redes. A vitória estava novamente ao alcance e a festa começava a ser feita. Aos 59 a confirmação: Quaresma marca o canto, ninguém consegue desviar e Jorge Ribeiro acaba por colocar a bola na baliza. 3-1, o Porto é campeão.
Até ao fim só foi preciso gerir a vantagem, pois o resultado estava feito (excluindo o grande remate de Jorge Ribeiro, que acertou na barra, e um penalty que ficou por marcar por falta sobre Jorginho). E ainda houve tempo para Vítor Baía jogar alguns minutos, alcançando o 31º título da carreira. O guarda-redes entrou nos últimos instantes da partida, mas ainda pôde correr para abraçar Lisandro, que fez o 4-1 aos 89 minutos.