Desde que o caso foi tornado público, cobriu-se um tremendo manto de silêncio sobre todos os elementos que fizeram parte do passado de Leandro Lima. Família, dirigentes dos antigos clubes, todos negaram as irregularidades ou alegaram desconhecimento, apesar das constantes investidas da imprensa portuguesa.
Contudo, depois da mãe do médio brasileiro ter cometido algumas inconfidências comprometedoras em conversa com o Maisfutebol, surge novo testemunho a reforçar as suspeitas levantadas nas últimas semanas.
Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato de Atletas de São Paulo, tem acompanhado o processo à distância e confirma: «Ele foi seduzido por alguém para mudar a idade, quando ainda era um menino.»
Caso estava a ser resolvido há meses
Rodrigo Sodré, empresário FIFA, tem acompanhado Leandro Lima nos últimos meses e ajudou o jogador na resolução do caso no Brasil, juntamente com o advogado Leonardo Costa. Rinaldo Martorelli está a par da situação porque fez a ponte entre as partes.
«O Rodrigo disse-me que queria uma forte rede jurídica, ainda antes de ser empresário FIFA, e eu aconselhei o Leonardo Costa. Desde então, têm trabalhado juntos. Aliás, já há alguns meses que estão a resolver este caso juntos, mesmo antes de a notícia ter vindo a público em Portugal (ndr. a 31 de Janeiro)», revelou.
O advogado Leonardo Costa e o empresário Rodrigo Sodré, que substituiu o anterior agente Sérgio Suarez, viajaram com Leandro Lima para Portugal, uma vez que o médio tem de regularizar a sua situação junto das entidades lusas.
Rinaldo Martorelli, que mantém contactos regulares com Leonardo Costa, acabou por destapar o manto de silêncio em declarações ao Maisfutebol, transmitindo os dados que lhe foram chegando nos últimos meses.
«Eu não sei quando foi, mas pelo que me consta, o Leandro foi persuadido por alguém, penso que um empresário, para mudar a idade. Foi alguém que viu nele qualidade para jogar, quando era um menino, e induziu-o a fazer isso», revela.
Tudo solucionado na justiça civil
Recapitulando, Leandro Lima jogava num clube de bairro, enquanto vivia com as dificuldades de uma família pobre no modesto conjunto Novo Mondubim, perto de Fortaleza. A mãe reconhece que ele é o sustento da própria e dos irmãos.
Em 2003, foi descoberto a jogar futebol no seu bairro e rumou à Bahia, para representar os juniores de um clube-empresa, o Real Salvador, que entretanto desapareceu. Nessa altura, o seu registo já apresentava, como data de nascimento, o tal dia 12 de Dezembro de 1987 (20 anos). A mudança, inevitavelmente, surgiu antes desse momento.
Agora, regressado a Portugal com passaporte novo, onde apresenta a idade real (22 anos), Leandro Lima espera resolver a situação junto da justiça desportiva. Na vertente civil, no Brasil, tudo foi solucionado.
«Na justiça comum, está tudo resolvido. Como ele se apresentou de forma espontânea, demonstrou vontade de resolver a situação, foi absolvido. Penso que nem multa pagou», explica Martorelli, confirmando que o jogador esteve filiado no Sindicato de Atletas do São Paulo enquanto jogou no São Caetano. Resta enfrentar a justiça desportiva, sendo que a Comissão Disciplinar da Liga de clubes quer ouvir o jogador.
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