A SAD do F.C. Porto apresentou esta tarde os resultados do exercício da época passada, a qual destaca um prejuízo de dois milhões de euros. Um resultado negativo, portanto, principalmente se comparado com o da época anterior que apresentou um lucro de 24,8 milhões de euros, mas que acaba por deixar os responsáveis relativamente satisfeitos já que a projecção no início da época apontava para um prejuízo de cinco milhões.
A verdade é que 2003/04 foi uma temporada de excepção, com a conquista da Liga dos Campeões, o que gerou receitas desportivas fora do normal. O F.C. Porto na época passada fez, por exemplo, 8,2 milhões de euros com as provas da UEFA e 31,7 milhões com transferências de jogadores, enquanto no último ano de Mourinho realizou 25,1 e 51,9 milhões de euros com as provas da UEFA e com transferências, respectivamente.
No total de receitas, de resto, que para além das transferências e das provas da UEFA ainda contabilizam as receitas de bilheteira, de transmissões televisivas, de publicidade, de merchandising e outras menores, o F.C. Porto diminuiu os proveitos relativamente à época da conquista da Liga dos Campeões de 114,8 milhões em 2003/04 para 77 milhões em 2004/05, ou seja, diminuiu as receitas em 37,8 milhões de euros. Se o ponto de comparação for porém a época 2002/03 - uma temporada mais «normal» embora ainda marcada pela conquista da Taça UEFA -, então nota-se um aumento das receitas, de 53,6 milhões para os tais 77 milhões do ano passado.
Custos diminuem à conta da descida dos ordenados
Como nem tudo é mau, há também que destacar que os gastos da SAD baixaram o ano passado relativamente à época anterior, sendo que na última temporada de Mourinho a SAD gastou 89,1 milhões, enquanto a época passada apenas teve gastos de 76,7 milhões. Para este bom registo contribuiu sobretudo a diminuição dos custos com fornecimentos e serviços (menos onze por cento que na época anterior) e a diminuição dos custos salariais (menos cinco por cento). A maior parte dos gastos da SAD continua a ser com os salários dos jogadores (40,1 milhões de euros), sendo que a SAD gasta em ordenados dos atletas 52 por cento do dinheiro que faz.
Embora possa parecer um número exagerado, gastar 52 por cento do orçamento total em salários acaba por ser um registo muito bom, principalmente se comparado com o que acontece em outros grandes clubes europeus. O G14 tem-se batido aliás pela diminuição da percentagem gasta em ordenados com jogadores, sendo que aconselha os clubes a pagar apenas entre 50 e 55 por cento do que ganha. O F.C. Porto está portanto dentro dessa margem aconselhada, sendo que para isso teve de diminuir os gastos salariais em mais de trinta por cento em duas temporadas, de 84 por cento em 2002/03 para 52 por cento em 2004/05. Para a época em curso a SAD quer ainda descer mais estes custos.
Passivo total ascende a 125,9 milhões de euros
De essencial falta apenas dizer que o F.C. Porto continua a acumular um passivo muito alto, que se situa nos 125,9 milhões de euros, e que tem vindo a crescer ao longo dos anos. O passivo da época anterior é mais do que em 2002/03 (73,6 milhões) e é mais do que em 2003/04 (112,9 milhões). A maior parte deste montante relativo ao passivo prende-se com dívidas a terceiras (100 milhões de euros), as quais compreendem as dívidas a outros clubes pela aquisição de jogadores e a dívida bancária relativa ao empréstimo obrigacionista contraído pela SAD. Para compensar o passivo, porém, o F.C. Porto acumula um total activo líquido de 164,9 milhões.