O Maisfutebol desafiou os jogadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

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Leia a apresentação de Fabeta

«Olá a todos.

Depois de terem lido sobre a minha curta carreira, hoje recordo a minha primeira experiência no estrangeiro, com 21 anos.

Em junho de 2008, o meu ex-empresário falou-me sobre a possibilidade de atuar na primeira Liga Grega ao serviço do Asteras Tripolis, que iria ser comandada por Carlos Carvalhal.

Sabia que o adjunto do mister Carvalhal andava observar-me e até houve a hipótese de representar o V. Setúbal, mas fiquei completamente surpreso quando a soube que a proposta passa por acompanhar o mister na Liga Grega.

O projeto do clube, assim como o contrato que me foi apresentado, não me fez pensar nos contras. Deixei a faculdade quando estava no 2º ano de contabilidade no ISCAP, os amigos e principalmente a família (sendo filho único ainda pior) para ir em busca de um sonho.

Tripoli, onde vivi durante um ano, era uma cidade tranquila, com o essencial mas sem haver nada de interessante para destacar. Já a capital, Atenas, ficava a 2 horas e era o local onde muitas das vezes íamos nos dias livres. Adorei Atenas, principalmente uma localidade chamada Glyfada que fica junto ao mar. Glyfada é linda, limpa, com umas praias maravilhosas e com muito lazer.

A minha adaptação tornou-se facilitada pela presença de vários portugueses. Para além do mister Carvalhal, tínhamos Rifa e João Mario (adjuntos) , Horácio Gonçalves (coordenador e treinador na formação), Ricardo Esteves, Fábio Felicio e Jorginho (jogadores portugueses), Marcelão, Jean Carlos e Flavio (brasileiros) e ainda o Douala ex-Sporting.

Apesar de nunca me sentir sozinho e ter sempre o apoio destas pessoas que foram muito importantes para mim, senti muitas saudades da minha família, dos meus amigos, de certos costumes/hábitos e dos meus momentos universitários. Mas foi uma questão de hábito e com o passar do tempo conseguia controlar essas saudades.

Vivi muitos momentos inesquecíveis desde da nossa apresentação oficial aos adeptos que foi feito na praça da cidade, ao carinho e afeto das pessoas, o primeiro jogo do campeonato em casa do Olimpiakos, etc. Mas o maior momento que vivi foi a minha estreia no campeonato grego.

Decorria o minuto 90, estávamos a jogar no Estádio Olímpico de Atenas contra o Panathinaikos e o jogo estava empatado 1-1. Eu já estava junto ao quarto árbitro quando aconteceu um momento insólito que correu mundo.

Bastia, médio da minha equipa, decidiu intercetar um adepto que havia invadido o relvado com uma rasteira. O momento foi caricato e deu para rir, mas a verdade é que é considerado uma agressão e por isso levou vermelho direto!

Ficámos reduzido a 10 jogadores quando entrei, minutos depois ficámos com 9 mas conseguimos aguentar os onze minutos de compensação e foi uma alegria enorme para os todos empatar em casa de um grande.

Foi fascinante ter jogado num grande palco europeu, perante cerca de 40 mil pessoas e logo na minha estreia.

Sinceramente tudo era um sonho, mas do sonho à realidade foi uma questão de tempo.

Em Janeiro de 2009, a imprensa portuguesa falou de um possível empréstimo ao Rio-Ave. Os jornais gregos destacaram essa notícia e em fevereiro acabei por ser posto de lado. No final de época, pus fim ao contrato que me ligava por mais dois anos ao Asteras e decidi regressar a Portugal para ser realmente feliz.

De um modo geral, a experiência na Grécia foi muito boa, cresci imenso como pessoa e jogador, adorei o pais e deixei bons amigos!

Até breve,

Fábio Barros (Fabeta)