Frederico Barrigana, antigo guarda-redes do F.C. Porto, faleceu este sábado, aos 85 anos, no Hospital de Águeda, na sequência de vários problemas pulmonares.
A notícia foi confirmada à Agência Lusa por um familiar, que revelou ainda que o corpo vai ficar em câmara ardente na igreja de Barrô, Águeda, de onde sairá o funeral marcado para terça-feira.
Conhecido como Mãos de Ferro, epíteto que lhe foi dado por um jornalista francês após um jogo da Selecção Nacional, Barrigana nasceu em 28 de Abril de 1922, em Alcochete.
Iniciou a carreira no Unidos do Montijo e transferiu-se para o Sporting aos 18 anos. Esteve em Alvalade três épocas, sempre tapado por Azevedo, pelo que aos 21 anos seguiu para o F.C. Porto.
Na formação azul e branca foi substituir o húngaro Béla Andrásik, que foi aconselhado pelos dirigentes portistas a deixar o país por estar a ser perseguido pela PIDE devido às suas ligações a organizações anti-fascistas.
Curiosamente foi a saída de Andrásik que precipitou a mudança para o Porto, uma vez que o clube aproveitou as boas relações de então com o Sporting para negociar um guarda-redes suplente de Azevedo, acabando a escolha por recair em Barrigana.
No F.C. Porto tornou-se rapidamente titular e cinco épocas depois acabou por ser chamado também à Selecção Nacional, onde conseguiu o que não tinha conseguido no Sporting: destronar a titularidade de Azevedo.
Jogou doze vezes pela equipa nacional, numa altura em que Portugal passava por um período de resultados menos positivos. Apesar de todo o valor, Barrigana não teve uma carreira feliz, aliás.
A sua passagem pelo F.C. Porto, onde permaneceu 14 anos, coincidiu com uma má fase do clube, marcada por 16 épocas sem títulos. Mesmo assim, bateu o recorde de guarda-redes com mais jogos na equipa principal, recorde esse que só foi batido por Vítor Baía. Curiosamente Barrigana saiu na última temporada antes do F.C. Porto voltar a ganhar o título, em 1955/56.
Dorival Yustrich chegou nesse ano ao clube e dispensou o guarda-redes, que foi jogar para o Salgueiros. No final da época o F.C. Porto foi campeão. Antes disso já Barrigana tinha conquistado a admiração portista, ao recusar mudar-se para o Vasco da Gama, do Brasil, mesmo sabendo que ia ganhar dez vezes mais.
Permaneceu três anos no Salgueiros, ajudando o clube a regressar à primeira divisão. Depois encerrou a carreira de atleta e tornou-se treinador da formação de Paranhos. Passou ainda pela Desp. Chaves e pelo Académico de Viseu, antes de se retirar do futebol. Actualmente vivia perto de Águeda, com uma pensão da Segurança Social e um subsídio de gratidão do F.C. Porto.