Não é novidade para ninguém que já se viveram tempos mais felizes na Luz. A época menos bem conseguida tem provocado um divórcio crescente entre adeptos, treinador, direção e, arrisco, também jogadores.

Não sendo novidade, não deixa de ser digno de registo o que se passou na noite desta segunda-feira, 22 de Abril, em Faro.

O Benfica venceu – e até venceu com justiça (1-3) um Farense que, apesar de alguns esboços de bom futebol, nunca ameaçou propriamente a superioridade dos encarnados.

Mas, nas bancadas, tanto após os golos, como no final do encontro, o que se ouviu foram insultos. Para Schimdt, para Rui Costa e também para um outro jogador (Di Maria foi um deles).

Depois da derrota em Marselha, que ditou o adeus à Liga Europa, o técnico dos encarnados viu-se obrigado a mudar várias peças.

Os 120 minutos em França, na quinta-feira, deixaram por certo marcas – saíram Aursnes, João Neves, Rafa, Neres e Tengsted para entradas de Carreras, Florentino, Kokçu, Tiago Gouveia e Arthur Cabral.

O Benfica entrou bem em jogo e chegou ao golo logo ao minuto 16. Di María, lançado na desmarcação, esperou por Bah, passou-lhe a bola e o dinamarquês cruzou para Kokçu.

Sem marcação, o turco atirou para o fundo das redes.

O Farense não baixou os braços e chegou ao empate pouco tempo depois. Após um canto batido pela direita e um primeiro cabeceamento de Gonçalo Silva, a bola sobrou para Belloumi que, de ângulo apertado, rematou com força sem hipótese para Trubin (23m).

O coro de insultos – que já se tinha ouvido – ainda mais se agudizou. Mas, em abono da verdade, no campo o Benfica mostrava que era melhor do que adversário. Sem deslumbrar, é um facto, mas dando conta do recado.

Até ao intervalo, os encarnados ainda chegariam de novo à vantagem, num grande golo de Arthur Cabral, de calcanhar, depois de mais uma assistência de Alexander Bah.

O mesmo Cabral podia até ter bisado se aquele remate, perto do descanso, não tivesse batido com estrondo no poste.

Com uma vantagem mínima, a segunda parte prometia. Seria o Farense capaz de voltar a empatar? E o Benfica? Aguentaria o 1-2? Marcaria o golo da tranquilidade?

As questões foram rapidamente respondidas: o Farense não conseguiu ameaçar de verdade a baliza de um Benfica que voltaria a marcar, já após mexidas na equipa (entradas de João Neves e Neres para saídas de Florentino e Tiago Gouveia).

Álvaro Carreras, servido por Di María, trabalhou sobre o adversário e rematou de pé direito (o seu pior) para o fundo da baliza.

Estavam jogados 68 minutos e a partida ficou aí sentenciada. O Farense teria uma boa chance para empatar, mas o remate de Rui Costa tirou tinta ao poste de Trubin.

O Benfica ganhou, voltou a ficar a 7 pontos de distância do líder Sporting (e a 1 da Champions), mas as cenas, já após o final do jogo, disseram tudo: à entrada para o túnel, dezenas de adeptos contestaram Roger Schmidt e a equipa.