Com uma hora de jogo, Brahimi abandona o relvado. Surge do nada um tributo ao argelino, digno signatário de um hat-trick: uma ruidosa vénia dos adeptos, lançando uma imagem de marca para o futuro próximo. Foi noite de festa no Dragão, uma goleada para recordar (6-0) e vénias justificadas.

Depois de enfrentar a incerteza de um play-off, o FC Porto garantiu a 19ª presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, um registo impressionante, apenas igualado por Manchester United, Barcelona e Real Madrid. Para além disso, a receção ao BATE Borisov assinalava o 200º jogo da formação portista na prova.

Perante este cenário, o BATE Borisov assumiu-se como o convidado mais desejado, o adversário ideal para jogos de apresentações aos sócios. Nada que tire o mérito à equipa de Julen Lopetegui, de qualquer forma. Soube aproveitar fragilidades e manter um ritmo alto até final.

Aboubakar saltou do banco para fixar o resultado final (6-0), o mais volumoso do FC Porto na fase de grupos da competição. Estreia a marcar para o último reforço dos dragões, depois de o mesmo ter acontecido com Adrián López. Jackson também fez o golo da ordem, na demonstração de argumentos dos avançados do plantel. 

Curiosamente, o registo vistoso surge numa altura em que se discutia a capacidade azul e branca para criar oportunidades, para lá da assinalável gestão de posse de bola. 

Brahimi, Brahimi, Brahimi 

Pelo meio houve Brahimi, Brahimi, Brahimi. Partindo da esquerda no desenho retocado – um 4x2x3x1, com Adrián nas costas de Jackson e Quaresma na direita -, o argelino assumiu-se deste logo como figura de cartaz nesta exibição coletiva de luxo.

Ao quinto minuto de jogo, o BATE demonstrou a escassa capacidade para justificar o nome na Europa, preferindo a lógica masoquista. Erro tremendo de Chernik, com o guarda-redes a deixar a bola fugir das suas mãos para os pés de Brahimi. O argelino fez o resto, passando por um adversário e finalizando de ângulo apertado com o pé esquerdo.

O FC Porto entrava a vencer, parecia arrancar para a confirmação do favoritismo mas teve de aguentar o susto, a ténue ameaça bielorrussa. Aproveitando o desacerto do último reduto e o mau posicionamento de Maicon, Volodko isolou Gordeychuk e Fabiano teve de se agigantar para segurar a vantagem. Andrés Fernández continua na sombra.

Os dragões não tremeram e Jackson Martínez atirou ao poste logo depois. Seria o colombiano a assinar o terceiro golo, de cabeça. Antes, porém, uma obra de arte de Brahimi, um golo por livre iniciativa, fugindo pela esquerda como se não houvesse amanhã, desde o seu meio-campo. O argelino só parou quando viu a bola a balançar as redes. Chegou o segundo, depois o terceiro e o BATE não batia, só sofria rombos. 

Tempo para estreias 

Julen Lopetegui estava naturalmente satisfeito mas queria mais, queria sobretudo ver mais de Ricardo Quaresma ou Adrián López, figuras secundárias na etapa inicial. O português, de regresso à titularidade, entrou com outro espírito na segunda metade e subiu de produção para uma exibição positiva, tal como Adrián.

Ao minuto 56, porém, seria ainda Brahimi a assinar o 4-0. Um livre direto cobrado de forma exemplar, tal como havia sucedido frente ao Lille. O argelino, que pouco marcou ao serviço do Granada nas épocas anteriores, tinha o Dragão aos seus pés. Inusitado hat-trick na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O público endeusou o camisola 8 no momento da saída, recordando o compatriota Madjer. Mas a noite não terminou aí, havia pela meia-hora pela frente e um adversário à medida para finais felizes. Adrián López estreou-se a marcar com um toque de classe, após remate desviado de Quaresma, e Aboubakar fez o mesmo numa parceria de suplentes com Cristian Tello. Tempo para mais um par de sustos, um esboço do melhor BATE ao cair do pano, mas pouco para justificar algo mais na noite azul e branca.

6 golos no 200º jogo do FC Porto na Liga dos Campeões. Com direito a vénia.