O Benfica obteve triunfo importantíssimo no Dragão, palco onde não vencia para a Liga desde 15 de outubro de 2005, e deu passo de gigante rumo ao objetivo do bicampeonato.
 
Dois golos de Lima colocaram a águia com seis pontos de avanço sobre o FC Porto. Curiosamente, nos últimos dois triunfos do Benfica na casa do dragão para o campeonato, o resultado tinha sido o mesmo (0-2) e também com bis (César Brito em 1991 e Nuno Gomes em 2005).
 
Este sucesso benfiquista na casa do eterno rival explica-se pela tremenda eficácia revelada pela equipa de Jorge Jesus: poucas oportunidades, muito menos que as do FC Porto, mas enorme percentagem de concretização.

Jorge Jesus acertou em cheio na aposta de Lima no onze, em detrimento de Jonas. Teve como prémio a sua primeira vitória no Dragão para a Liga. Terá sido também, neste clássico, o triunfo de Jesus sobre Lopetegui.
 
O FC Porto até fez meia hora inicial de grande nível, com fôlego, qualidade e caudal ofensivo. Mas não foi capaz de marcar.
 
E, na verdade, o conjunto de Julen Lopetegui acusou em demasia o primeiro golo sofrido. Ainda deu sinais de poder fazer o 1-1 antes do intervalo, mas o 0-2 de Lima retirou quase todas as esperanças de reviravolta.

O FC Porto sofreu, assim, a sua primeira derrota na Liga -- e ainda por cima em casa, diante do grande rival, depois de ter caído, também no Dragão, para a Taça de Portugal, com o Sporting.

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O clássico começou a todo o gás.
 
Foi meia hora inicial de alta voltagem, com o FC Porto a ter pressa em chegar ao golo. E a fazer por isso: Herrera e Óliver, os médios interiores, surgiam com demasiada facilidade em zonas próximas da área benfiquista, acelerando para lances de aflição para a defensiva encarnada.
 
Não fora algum desacerto de Jackson (o Cha Cha Cha teve nos pés o golo em duas ocasiões, mas atirou para a defesa de Júlio César, em plena área, o que não é muito normal no matador colombiano), os dragões poderiam ter chegado à meia hora de jogo com uma vantagem um ou mesmo dois golos.
 
Mas o Benfica lá foi conseguindo refrear o ímpeto inicial dos azuis e brancos e começou, lentamente, a aparecer no jogo.
 
Gaitán, no flanco esquerdo, protagonizava um dos duelos da noite, com Danilo (que grande momento de forma do lateral-direito da seleção brasileira!).
 
Raras vezes a bola chegava à grande area portista. O FC Porto tinha mais bola, mais jogo, mais iniciativa. André Almeida viu amarelo bem cedo e passou a ter que ter cuidados redobrados. O balanço ofensivo portista parecia estar para durar.
 
A questão é que o golo do FC Porto tardava em aparecer. A equipa de Lopetegui jogava o suficiente para justificar o 1-0, mas fosse pela atenção e pelos reflexos de Júlio César, fosse pela incapacidade portista de concretizar as ocasiões criadas, a verdade é que a tal meia hora de luxo dos dragões esgotou-se com o 0-0 a manter-se no marcador.
 
Marca Lima, tudo muda
 
O relógio tinha passado por poucos minutos a meia hora de jogo.
 
O fôlego portista já não era o mesmo. O Benfica tinha assegurado o essencial para a sua estratégia: sobreviveu à fúria do dragão enquanto ela durou.
 
Com alguma desaceleração portista, a formação da Luz chegava mais perto da baliza de Fabiano.
 
Num desses momentos, Maxi, em lançamento lateral (e depois de um desentendimento com Brahimi, por causa da distância), desmarca Lima, que foge a Danilo e marca... com a anca: 0-1 para o Benfica.
 
FC Porto tenta reagir
 
Não foi o fim do dragão, mas foi rombo de monta. Até ao intervalo, o 1-1 podia ter surgido, mas mais uma vez o Benfica conseguiu aguentar o ímpeto do adversário, que agora nem era assim tão intenso.
 
Lima, outra vez (e agora Talisca decisivo)
 
A segunda parte chegou com um FC Porto com mais coração do que cabeça, a tentar a reviravolta.
 
O Benfica foi gerindo com inteligência a magra vantagem e, em mais uma interpretação da sua estratégia «cínica», aproveitou de forma cirúrgica para chegar ao 0-2: Talisca, com muito mérito, remata forte de fora da área, Fabiano defende incompleto, oferecendo a Lima a recarga fácil.
 
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Questão praticamente fechada: era noite aziaga para um dragão que entrara a todo o gás, mas se baralhara com a eficácia cínica da águia.
 
Lopetegui ainda retaliou, lançou Quintero e Quaresma, tirou Herrera e Tello (ambos começaram bem, mas já estavam a baixar de produção). Quaresma assinou uma das melhores jogadas da partida, irrompendo pela direita, com muito perigo (65), valeu o corte de Samaris.
 
Jackson à barra, duas vezes
 
Decididamente, não era a noite de Jackson: duas bolas à barra em altura em que o 1-2 ainda recolocava o FC Porto no jogo, pelo menos a sonhar com o empate. Na segunda situação, aos 81, após centro bem medido de Quaresma, o colombiano tinha tudo para faturar, mas cabeceia à trave, quase de baliza aberta. Não é costume. 

O Benfica segurou a vantagem, soube aguentar a pressão, foi jogando sempre que possível, mas sem arriscar o que não precisa.

O 0-2 é um pouco enganador, é claro, mas revela a noite aziaga de um dragão estranhamente perdulário e de uma águia nos píncaros da eficácia. 

Não é fim de história na luta pelo título, ainda faltam 21 jornadas e a diferença é de seis pontos (podem ser sete, caso o FC Porto não reverta na Luz a vantagem benfiquista no confronto direto), mas é óbvio que este triunfo do Benfica é empurrão psicológico muito grande no objetivo encarnado do bicampeonato.