O FC Porto-Sporting de domingo assume particular importância na contabilidade de dragões e leões. É o terceiro duelo da época e, até agora, o saldo favorece a formação orientada por Marco Silva: a um empate (1-1) para o campeonato em Alvalade seguiu-se um triunfo (1-3) no Dragão para a Taça de Portugal.

Responsabilidade acrescida, como tal, para os homens de Julen Lopetegui. Para além do fator-casa, com peso histórico, o FC Porto surge pressionado pelo desempenho modesto nos clássicos da temporada 2014/15.

Os dragões começaram com o tal empate em Alvalade mas sucumbiram a dois desaires no seu reduto, perante Sporting e Benfica (0-2 para a Liga). Algo que não acontecia há cerca de quarenta anos.



Na época 1975/76, o FC Porto recebeu leões e águias na primeira volta do campeonato e perdeu os dois jogos pelo mesmo resultado: 2-3. Na segunda volta, novo resultado negativo em clássicos, desta vez fora de portas – 5-1 na visita ao Sporting -, de pouco valendo o triunfo no Estádio da Luz (2-3) na reta final da competição.

Essa formação portista terminou o campeonato no 4º lugar, a posição mais baixa das últimas décadas. Pior mesmo só em 1969/70, anos antes, quando os dragões saíram derrotados dos quatro clássicos e ficaram num histórico 9º lugar.

Os azuis e brancos inverteram a tendência no legado de Jorge Nuno Pinto da Costa. Ainda assim, o primeiro ano de presidência teve outro desempenho pouco convincente em clássicos. No regresso de José Maria Pedroto, em 1982/93, o FC Porto não venceu nenhum duelo com Sporting e Benfica (três empates e uma derrota), perdendo a corrida ao título nacional para os encarnados.

José Mourinho, quando apanhou o comboio portista em andamento, associou-se igualmente a um registo modesto com claros reflexos na classificação. Na época 2001/02, iniciada por Otávio Machado, a equipa da Invicta perdeu em Alvalade, empatou na Luz e fez o mesmo em casa frente ao Sporting. O 3-2 na receção ao Benfica elevou apenas a moral: campeonato para os leões, último lugar do pódio para os dragões.

Julen Lopetegui precisa obrigatoriamente de vencer o Sporting, neste domingo, para sonhar com o triunfo final da Liga? O exemplo mais recente aponta o não como resposta. É possível conquistar o troféu apenas com um triunfo frente aos outros ‘grandes’.

Os dragões recebem os leões e têm ainda uma visita ao Estádio da Luz no horizonte. 

Co Adriaanse, na temporada 2005/06, desbravou um novo caminho que este FC Porto procura trilhar. Após desaires com o Benfica (0-2 e 1-0) e um empate caseiro frente ao Sporting (1-1), o técnico holandês sorriu com nova igualdade frente aos leões e sucesso nos castigos máximos (1-1 e 5-4 nas g.p.), para a Taça de Portugal, e ganhou ânimo para uma vitória no Estádio de Alvalade (0-1). Os dragões, nessa franca recuperação, acabaram por vencer o campeonato e a Taça.

Eis o grande desafio de Julen Lopetegui: começar a vencer clássicos, ao quarto embate do género. Será o último no Estádio do Dragão, na presente temporada – faltam a visita à Luz e uma possível final da Taça da Liga frente ao Benfica em terreno neutro. E fica o sinal de alerta: o FC Porto nunca perdeu três jogos com Sporting e Benfica no seu recinto na mesma época.

O Sporting, por seu lado, encara o clássico de domingo numa perspetiva diferente. Pior no que diz respeito à classificação, mas melhor no balanço destes clássicos. É que para além do saldo positivo com o FC Porto, a formação leonina também não perdeu com o Benfica esta época. Ambos os duelos com o rival da Segunda Circular, referentes à Liga, terminaram empatados a uma bola.


 
A visita ao Dragão representa o último duelo da época com os dois rivais históricos, e nela o Sporting pode garantir um feito pouco habitual: fechar uma temporada sem qualquer derrota frente a FC Porto e Benfica, treze anos depois.
 
A última vez que tal aconteceu foi em 2001/02, época em que os leões festejaram o título sob o comando de Laszlo Bölöni. Logo na jornada inaugural do campeonato o Sporting venceu o FC Porto por 1-0. O primeiro duelo com o Benfica surgiu à 15ª jornada, na Luz, e terminou empatado a duas bolas. O mesmo resultado com que terminou a visita às Antas, três jornadas depois, no arranque da 2ª volta. Na antepenúltima jornada a formação verde e branca empatou em casa com o Benfica (1-1), adiando a festa do título para a semana seguinte.
 
Mas embora esta distância temporal seja simbólica, o feito torna-se ainda mais relevante se tivermos em conta que, ao longo da história do futebol português, tal só aconteceu quatro vezes no total.
 
E se em 2001/02 esta conjugação de resultados frente aos rivais contribuiu para a conquista do título, em 1974/75 não deu para mais do que o terceiro lugar. Foi a época da curta passagem de Alfredo di Stéfano pelo banco leonino, encerrada ainda antes de começar o campeonato. Na 3ª jornada, com Osvaldo Silva no banco, os leões empataram a uma bola nas Antas. A três dias do natal, já com Fernando Riera como treinador, o Sporting empatou a bola na Luz. Na segunda volta, em Alvalade, a equipa verde e branca venceu o FC Porto por 2-1 e empatou com o Benfica a uma bola.
 
Mas por estranho que seja ver o Sporting ficar em terceiro lugar numa temporada em que não perdeu com os rivais, saiba que em 1968/69 a equipa leonina ficou em quinto lugar no campeonato. Em novembro de 1968 o Sporting empatou nas Antas (1-1) e registou também uma igualdade em casa com o Benfica (0-0), para depois vencer o FC Porto em casa na 20ª jornada (2-1) e empatar na Luz na ronda seguinte (0-0).
 
Curiosamente, nestes três exemplos já apresentados o Sporting fechou a temporada com uma vitória e três empates em quatro jogos com os rivais. Na primeira época em que não perdeu com Benfica e FC Porto a situação foi inversa: três vitórias e um empate.
 
Em 1952/53 este saldo positivo com os rivais também permitiu ao Sporting festejar o título. Na segunda jornada os leões jogaram com o Benfica no Estádio Nacional e venceram por três bolas a duas, no último jogo de Jesus Correia. Duas rondas depois, no Porto, o Sporting empatou a uma bola. Na segunda volta o Sporting venceu o Benfica por 3-1 e goleou o FC Porto por 5-1.