*com Vítor Hugo Alvarenga

A idade e os cabelos brancos, o olhar sereno, a roupa clássica e uma vitória confortável. A estreia de Luís Castro dificilmente poderia correr melhor. O FC Porto triunfou no primeiro jogo sem Paulo Fonseca e, apesar de alguns erros persistirem, a equipa parece ter conquistado alguma paz consigo própria.

Em poucos dias o novo técnico portista conseguiu fazer algumas mudanças visíveis, desde logo no esquema tático, apostando no tradicional 4x3x3 com Fernando sozinho em tarefas mais defensivas e Defour de regresso ao lado de Carlos Eduardo. Mangala ocupou o lugar do ausente Alex Sandro e Jackson Martinez e Varela voltaram ao onze.

O figurino agradou aos adeptos e parece também ter empolgado a equipa. No «tribunal» do Dragão surge mensagem de otimismo e a vontade de vencer o que ainda é possível: Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga.



Nessa altura o jogo ainda estava empatado 0-0, mas dois minutos depois Varela é derrubado na área por André Claro, o que dá a Quaresma a possibilidade de abrir o marcador. As coisas começavam a correr bem a Luís Castro, que enfrentava Pedro Emanuel, com quem se tinha cruzado no Centro de Treinos do FC Porto quando era coordenador de formação e o atual treinador do Arouca era técnico dos sub-17.

Castro, sempre discreto e tranquilo, não conteve a alegria pelo golo e as câmaras da Sport TV captaram um homem esfuziante.



É óbvio que ainda não existe empatia entre o treinador e o jogador. Foram muito poucos dias de trabalho, mas o clique pode ter sido dado neste jogo com o Arouca, tendo em vista que os próximos desafios do FC Porto serão de muito maior exigência, nomeadamente os embates com o Nápoles e o Sporting.

O golo de Carlos Eduardo deu alguma tranquilidade, mas o 2-1 aos 31 revelou que as fragilidades defensivas dos portistas ainda persistiam e o fantasma pairou no Dragão durante o resto do jogo, até que Quintero entrou em campo e revitalizou o jogo da equipa, lançando-a para uma exibição positiva, mesmo depois de Quaresma ter falhado uma grande penalidade.

Com o colombiano em campo o FC Porto chegou a um resultado confortável, permitindo que Quaresma bisasse com um grande golo e até Jackson Martinez voltou aos golos, acabando com um jejum que já estava a ser intrigante. No final do jogo, Quintero não se conteve e partilhou a sua alegria nas redes sociais: « Gracias Dios. Buena victoria equipó !! Obrigado Deus. Boa Vitoria equipa !!  #SOMOSPORTO».



Luís Castro gritou para dentro de campo, festejou quatro golos, lamentou um golo sofrido e no final abraçou Pedro Emanuel (antes do jogo tinha tido o mesmo gesto com Bruno Amaro, seu ex-jogador no Penafiel), enfrentando a comunicação social com um discurso tranquilo: «É um desafio importante na minha carreira, de facto. Este é um trabalho que tem muita visibilidade mas, volto a dizer, é mais um trabalho. Sou treinador, como fui várias vezes. Devo também dizer que se torna desafiante trabalhar com jogadores de tamanha qualidade, que procuram o sucesso».

Os jogadores agradecem e na voz de Quaresma aparentam estar tranquilos e revigorados: «Havia jogadores que podiam dar mais. Neste momento, estão com cabeça limpa e estão para ajudar o clube».