Na Champions é que eles estão bem. Suada mas saborosa a vitória do FC Porto sobre o Atl. Bilbao (2-1) que deixa o apuramento no bolso e a liderança isolada do grupo garantida. Duas vitórias em casa, um empate fora. Vai formosa a equipa de Lopetegui. Mas nem por isso vai segura.

Virtudes e pecados expostos, em mais uma exibição bipolar dos portistas, que continuam a alternar períodos de algum encanto com erros de fazer perder a paciência a qualquer um. Desta feita o final foi feliz, o que até assenta bem no que foi o jogo.

O FC Porto entrou bem e fez uma primeira metade de qualidade. Uma resposta positiva à primeira derrota da temporada que ditou o afastamento da Taça de Portugal frente ao eterno rival Sporting.

Os primeiros 15 minutos foram de ataque azul e branco, com arrancadas de Tello, colado à esquerda, a serem a face mais visível. Lopetegui, que promoveu cinco mudanças no onze, quase todas esperadas, manteve Quintero encostado ao flanco e colocou Brahimi no centro, atrás de Jackson. O plano esgotou-se rápido.

Se é certo que o FC Porto entrou melhor e, num desvio de Jackson a passe de Casemiro, após desarme em cima da área, teve a mais flagrante oportunidade do início, a verdade é que só quando Quintero veio para o centro, Brahimi encostou na esquerda e Tello na direita, o futebol portista ganhou fluidez.

Tello arrancou para a melhor primeira parte de azu e branco vestido e Quintero desenhou a jogada do tento inaugural. Tabelou com o espanhol entregou a Jackson, que não chegou, mas enganou Laporte. Herrera, nas costas, rematou colocadíssimo.

Estávamos em cima do intervalo e o golo dava justiça ao que se vira. O Bilbao só assustara (mas de que forma!) num remate ao poste de San Jose, ainda longe. Um ato isolado que nada teve a ver com este filme.

O FC Porto não brilhava, mas era francamente melhor. Intervalo, então.

Quintero: do meio só sai para…o banco?

Lopetegui percebeu que a equipa rendia mais com Quintero no meio e foi assim que arrancou a segunda metade. Parecia lógico e esperava-se que partisse daí a caminhada portista até ao golo da tranquilidade. Mas essa é uma palavra que não entra, para já, no léxico do FC Porto de Lopetegui.

Os passes errados voltaram a surgir e o Bilbao, já com Muniain e Beñat em campo, após o descanso, percebeu que era ali que estava a mina. Esticou as linhas, subiu e ficou à espera da oferta do costume.

Sim, do costume.

Depois de Ruben Neves em Alvalade, Oliver e Maicon em Lviv, Brahimi frente ao Sp. Braga, Marcano e Casemiro com o Sporting, chegou a vez de Herrera. Passe horizontal no primeiro terço com força a mais. Casemiro não chega, Susaeta, o melhor dos bascos, dá a Guillermo Fernandez que engana Maicon e empata. Faltava ainda mais de meia hora para o fim.

Mas o Dragão está escaldado e teme qualquer pinga de água. A gota que fez transbordar o copo foi a troca de Quintero por Ruben Neves. O colombiano estava a ser dos melhores, Casemiro arriscava a expulsão, Herrera tinha estado no melhor e no pior. Foi difícil ao adepto perceber.

A verdade é que Lopetegui quis ambientar Ruben ao jogo antes de preparar a mexida mais acirrada. E o jovem português ajudou a acalmar a equipa. Depois veio a tal troca: Casemiro por Quaresma. O Dragão aplaudiu de pé o extremo. E este retribuiu.

O grito de Quaresma

Quatro minutos depois de entrar, o segundo português em campo numa equipa que voltou a não os ter no onze, fletiu da esquerda para o meio e arriscou por onde viu espaço. Tinha Brahimi bem colocado ao seu lado, mas os artistas são assim: teimam em escolher caminhos difíceis.

Quaresma ousou o remate, Iraizoz colaborou e o FC Porto voltou para a frente. O avançado correu em direção ao centro, agarrou a camisola e gritou para os céus. Aquele tinha de ser o momento do jogo.

E foi. Porque Fabiano tirou em cima da linha um cabeceamento basco e Jackson falhou na cara de Iraizoz, já nos descontos. Nada de mexeu e Quaresma fica com o estatuto de herói. Quando a equipa arriscava entrar no mesmo fosso do sábado passado, veio alguém do banco, talvez o maior símbolo do plantel atual, empurra-la para cima. Há dias felizes.