Pinto da Costa mostra-se encantado com Iker Casillas e tece rasgados elogios a Julen Lopetegui numa entrevista ao jornal generalista espanhol El País. 
 
O presidente do FC Porto admitiu que a contratação do guarda-redes não tinha sido idealizada, mas que era necessário adquirir um jogador para a baliza. 
 
«As estrelas interessam-nos sempre, mas era impensável. Estávamos à procura de um guarda-redes porque o titular, Fabiano, foi para a Turquia e Heldon já tem 37 anos, mas nunca pensámos em Casillas. Quando surgiu a possibilidade, perguntei se era real e ordenei que se parasse tudo; o objetivo já era só o Casillas», disse.
 
E, nesse seguimento, elogiou o ex-jogador do Real Madrid: «Nunca conheci uma estrela do futebol tão simples e humilde. Estamos muito felizes com as suas qualidades profissionais, mas sobretudo humanas. Estou certo de que vai triunfar e ser muito feliz aqui.»
 
Com a entrevista centrada nos protagonistas espanhóis, Pinto da Costa justificou que, apesar de uma época sem títulos, está satisfeito com o trabalho de Lopetegui e explicou o porquê.
 
«No primeiro ano esteve bem, mas no próximo [esta época] vai ser melhor. Não ganhou nada, mas estou satisfeito. Na Liga, um estudo demonstrou que o Benfica foi favorecido com sete pontos. E na Liga dos Campeões foi o Bayern de Munique que nos eliminou nos quartos de final», comentou, para acrescentar: «É um treinador jovem, com a ambição de crescer.»

E assim admitiu, também, que no passado não precisou de treinadores com este perfil porque tinha jogadores de maior qualidade: «Às vezes não é preciso um treinador como Lopetegui. Quando se tem Hulk, Falcao ou James, é-me indiferente quem é o treinador. Com eles é difícil não ganhar. Mas quando o contratámos não tínhamos esses jogadores, nem capacidade financeira para os substituir.»
 
No mesmo seguimento, e porque desde a última época que o FC Porto tem vários espanhóis no seu plantel, Pinto da Costa foi questionado sobre se é o presidente quem escolhe os jogadores.
 
«Não, nunca. Todos os que vêm é porque o treinador os escolhe. Oferecem-me muitos jogadores, mas nunca avanço para as negociações se o treinador não os aprovar», justificou.
 
Instado ainda sobre o facto de ser conhecido por comprar jogadores baratos e vende-los caros, Pinto da Costa foi claro: «Tenho essa fama, mas vendo barato. Sou o que vende mais barato. Vendi Pepe por 30 milhões de euros. Quantos jogos já disputou? Saiu muito barato. Antes, o Real Madrid tinha comprado muitos defesas por 10 e 15 milhões que não valiam nada. Caros são os que se compram baratos e depois não jogam.»
 
«Todos sabem que quando compram um jogador ao FC Porto compram não só qualidade, mas também personalidade. Fico feliz quando saem e também triunfam lá fora», rematou.

Já sobre os fundos utilizados no mercado, Pinto da Costa mostrou o seu parecer contra a proibição. «Sou totalmente contra a proibição. O financiamento é permitido em todas as atividades económicas. Não se o pode proibir no setor imobiliário, no têxtil, na saúde ou na investigação. Antes tínhamos a banca a apoiar os clubes, agora não o querem fazer. Porque não nos fundos? Mas sou a favor de que se saiba quem são os acionistas dos fundos. A proibição prejudica os clubes mais frágeis.»

Há 33 anos na liderança do clube portista, o dirigente foi ainda confrontado, nesta entrevista, com o facto de já por diversas vezes ter estado envolto em polémicas nos tribunais e com o telemóvel sob escuta. A isso Pinto da Costa respondeu com a resolução dos mesmos: «Já tive dez processos e em todos fui absolvido. Todos foram a recurso e em todos voltei a ser absolvido. Tenho a consciência tranquila.»

À parte dos espanhóis, mas centrado no futebol espanhol porque é lá que jogam os melhores do Mundo, Pinto da Costa disse que «Cristiano Ronaldo é o melhor», mas que «Messi é de outro planeta», justificando: «Não posso esquecer, ainda que queira, o sentimento patriótico, mas isso não nos pode condicionar o raciocínio. Entristece-me quando os selecionadores elegem os melhores do mundo e não vejo, por exemplo, o treinador português, o meu amigo Fernando Santos, a pôr Messi nos três melhores.»