Otávio tem sido uma das figuras do FC Porto neste início de época e em entrevista ao Porto Canal explicou que o plantel está determinado em dar a volta a esta situação.

«Quando entramos no campo entramos para ganhar, para dar felicidade aos adeptos, aos nossos familiares e amigos e para estar feliz a trabalhar no dia seguinte. Quando acontece isto da bola não entrar e a gente tentar, tentar, não tem outra forma senão trabalhar mais. Ela vai entrar», disse o médio.

O brasileiro referiu que o grupo sabe da responsabilidade que tem e salientou que é preciso mais foco: «Toda a gente quer ajudar, somos uma família. Temos que ver no que estamos a errar, na finalização, onde a gente entra, no último passe, esta fase vai mudar. O ambiente [animado do início de época] tem que se manter, mais focado um pouco por causa dos resultados, mais focados em marcar golos para conseguir a vitória. Às vezes vamos jogar mal, vamos estar num dia mau, mas temos que ganhar o jogo, nem que seja 1-0.»

Sobre a crítica e o descontentamento dos adeptos, Otávio concordou: «Estão no direito de cobrar, temos que dar mais um pouco, o FC Porto não pode estar este tempo todo assim. Temos que trabalhar para dar o melhor.»

Caso o FC Porto não seja campeão, fica quatro anos sem ganhar, algo que não acontece há mais de 30 anos. Nuno Espírito Santo coloca essa ambição no seu discurso, algo que para Otávio influencia «positivamente».

«Se conseguirmos acabar com isto vai ser uma marca que não será batida e também vamos entrar na história porque vamos ser campeões.»

Na entrevista, Otávio recordou o passado e os primeiros tempos no FC Porto: «Treinava na equipa A e jogava na B. Nunca fui usado pelo Lopetegui, opção dele, mas foi bom para me adaptar ao futebol português e foi muito bom aprender com os miúdos e com o Luís Castro. Depois fui para o V. Guimarães, que me acolheu bem e aprendi muito lá.»

No plantel de Luís Castro chegou a duvidar do futuro, mas não se deixou abater: «Toda gente conhece o FC Porto, mas não sabem da grandeza da equipa B, que até foi campeão no ano passado. No Brasil diziam: "Está na equipa B está meio largado", mas ninguém sabia que era uma evolução para a minha carreira. Confiava em mim e sabia que ia dar um passo maior.»

Depois saiu para Guimarães e na Cidade Berço houve um treinador que o marcou.

«Aprendi muito taticamente no Vitória de Guimarães com o Sérgio Conceição. Ajudou-me muito na forma de querer e jogar e eu ajudava-o fazendo o meu trabalho.»

Mas não ficaram por aqui as menções ao treinador. Quando falava da sua altura e da dificuldade que podia ter na discussão aérea e no confronto físico, respondeu assim: «Tive sempre a capacidade forte de chegar às bolas. Até a saltar consigo destabilizar, dar uma "trombada" no adversário. Acredito em todas as bolas, é um ponto forte. Aprendi a ter mais raça com o Sérgio Conceição, ele foi um jogador assim.»

Após essa passagem de ano e meio pelo Vitória, chegou esta pré-época ao FC Porto, afirmou-se e tem sido indiscutível, algo que o surpreendeu.

«Surpreendeu-me jogar regularmente. Quando cheguei no início da época sabia que ia ter que lutar muito pelo meu espaço, estava com medo de ser emprestado, de não saber se ia ser usado ou não, e vi que a minha oportunidade era aquela, que tinha que dar a minha vida e o mister tinha que ver isso. Nas férias comecei a cuidar-me bastante, cheguei bem e isso foi um passo importante. Nos treinos estava muito bem e muito focado para continuar a ajudar o FC Porto.»

«Joguei um jogo, depois fui titular contra grandes nomes como o Ronaldinho»

Otávio chegou ao Dragão pela porta do Internacional, clube pelo qual se estreou aos 17 anos.

«Acho que fui o mais novo depois do Pato, foi um momento único contra o Santos, ainda no Beira-Rio. Quase fazia um golo e no outro jogo fui logo titular contra o Atlético Mineiro, jogar com o Ronaldinho ao meu lado...puff! Nunca vou esquecer.», contou.

Ao seu lado jogou Diego Forlán, aliás foi suplente seu: «Quando ele chegou era um ídolo do futebol mundial, começou a jogar, mas eu estava num melhor momento, acreditava no meu futebol e joguei. Joguei ao lado dele também, foi bom.»

No FC Porto há quem o compare a Deco, o médio diz que ficava «feliz» se tivesse o mesmo percurso: «Ele jogou em vários clubes grandes, Barcelona, FC Porto, seleção de Portugal, ganhou muita coisa. O Deco é um ídolo na forma de jogar, baixinho, tem raça, sabe jogar com bola. Espelho-me muito nele. Se eu tivesse uma carreira como a dele ficaria muito feliz.»

Contudo deixa o aviso: «Deco é de outro mundo.»

Otávio é nordestino tal como Hulk, figura que brilhou no Dragão: «Toda gente viu o que o Hulk fez aqui, a passagem que ele teve. Espero ter o mesmo sucesso que ele aqui.»

O camisola 25 tem um desejo: «Sair de um clube tão vitorioso como este e não ganhar títulos não passa pela minha cabeça, quero fazer como os outros que já passaram aqui como o Hulk.»

A seleção também foi tema, mas Otávio desvalorizou: ««Acredito que posso chegar lá, mas tenho muito trabalho pela frente, a cada dia quero trabalhar mais.»

A «dura» de Dunga que lhe mudou a forma de pensar

Otávio foi treinado por Dunga no Brasil e o ex-selecionador da Canarinha teve influência no crescimento de Otávio. Foi uma crítica do treinador que o fez mudar a forma de estar no futebol.

«Passei dois meses lesionado, tinha uma fissura na perna e depois fui de férias. Fiquei três meses parado, não me cuidei bem e prejudicou-me bastante. Com essa "dura" do Dunga evoluí bastante e aprendi muito», reconheceu.

E acrescentou: «Hoje sou mais maduro, cuido de mim fisicamente, ajuda muito isso.»

Otávio é um médio ofensivo, mas no passado já jogou noutras posições recordou. «Depois das captações [no Internacional] e de ter ficado colocaram-me a volante, aqui dizem pivot acho. Eu nunca tinha jogado, sempre fui 10 no Santa Cruz, mas comecei a jogar ali, um nordestino é assim, onde pedem ele vai jogar. Dava a vida onde ele me colocava, isto com o Davis. Com o Clemer, ele colocou-me mais aberto e depois de volante fui para lateral. A primeira parte era lateral, na segunda era médio-ala.»