É algo que já se falou na época passada, mas que volta a ser abordado com alguma insistência no presente. Se no ano anterior o Marítimo estragou as pretensões do F.C. Porto em chegar ao final do campeonato sem derrotas, na presente temporada, quando estão decorridas 23 jornadas, o líder do campeonato apenas cedeu cinco empates e nenhuma derrota. Será desta vez que a equipa portista vai conseguir igualar o feito apenas conseguido uma vez e pelo Benfica?

Para José Mourinho esse não é, com efeito, um objectivo. Pelo menos um objectivo confessado. Na sua perspectiva seria preferível, «se tivesse que escolher, três campeonatos seguidos do que ganhar o campeonato sem derrotas», até porque não se recorda de nenhum treinador que o tenha conseguido. Este é um dado novo e que vem reafirmar a sua vontade de permanecer no clube por mais uma época, apesar de continuar a deslumbrar a Europa.

Confessada a nova pretensão, avisa que «para serem conquistados os três é preciso ganhar dois e nem o segundo está ainda garantido». As prioridades têm, obrigatoriamente, de se «centrar no bicampeonto, portanto, ganhar este campeonato é de facto mais importante e a posição actual é tão privilegiada neste momento» que a equipa «não tem que lutar muito para ser bicampeã».

O feito do passado, a conquista de um campeonato sem qualquer derrota, é, na sua perspectiva, «muito difícil e por isso só uma vez é que aconteceu, mas principalmente mais difícil nos dias de hoje». As novas exigências tornam-se fulcrais nesta matéria: «Quando se joga mais de uma competição ao mesmo tempo e, principalmente, se tivermos a felicidade de seguir em frente na Liga dos Campeões, a partir do momento em que sentirmos que somos ou matematicamente campeões ou que nos faltam uns pozinhos para sermos campeões, é natural fazermos o que fizemos no ano passado em termos de rotatividades exageradas. Estou-me a lembrar, por exemplo, no ano passado, em Paços de Ferreira, em que penso que o único jogador tradicionalmente titular que jogou era o Postiga, porque não podia ir à final de Sevilha. Ou jogou o Postiga e o Costinha, qualquer coisa assim».

Essa hipótese, no entanto, não está totalmente descartada, porque, os factos demonstram que, apesar de já ter defrontado os principais rivais pelo título, o F.C. Porto ainda não perdeu esta época. «Acho que depende muito de como o campeonato evoluir, porque, na minha opinião, é mais fácil ganhar o campeonato sem derrotas se for havendo indefinição no campeão até ao fim, do que se as coisas ficarem resolvidas mais cedo, mas para mim é uma questão secundária», apontou decididamente.