O FC Porto assumiu esta terça-feira a existência de um problema pubálgico em André André. O dado confirma e acentua a limitação física apresentada pelo médio nos últimos meses.

De acordo com o apurado pelo Maisfutebol junto de fonte próxima ao atleta, André já se debate com este tipo de sintomas desde o final de novembro. Mas nunca parou de jogar.

Na passada semana, em conferência de imprensa, o nosso jornal questionou José Peseiro sobre a situação de André André. O técnico desvalorizou o cenário.

«O André é um caso como os outros. Não é só o André que não tem jogado a cem por cento. (…) Um profissional de futebol joga sempre com dores e está sujeito a tratamento sistemático. (…) É normal um jogador ter de viver com stress, pressão e dores».

Nesta altura, é impossível perceber se André André terá mesmo de parar ou se continuará a jogar, como Peseiro diz, com dores. E a fazer tratamento.

Objetiva é, porém, a perda de influência do internacional português dentro do futebol da equipa. O jogador fogoso, intenso e permanentemente insatisfeito desapareceu nos últimos tempos, surgindo apenas pontualmente, impelido por um caráter muito próprio.

Um caráter portador do que dizem ser a mística do FC Porto.

Onde e quando começaram a surgir as queixas de André? Pouco depois do duplo compromisso com a Seleção Nacional, a 14 e 17 de novembro.

André André fez 72 minutos na Rússia e mais 65 contra o Luxemburgo, regressando, segundo foi possível confirmar, em boas condições ao FC Porto. Sem lesões. As dores apareceram posteriormente, já perto de dezembro.

Até essa paragem competitiva do FC Porto, André André fizera sete vezes os 90 minutos (Arouca, Dínamo Kiev, Benfica, Moreirense, Belenenses, Maccabi e Sp. Braga).

Depois, já debilitado, André só completou três jogos: Tondela, Rio Ave e Moreirense.

José Peseiro tem gerido cirurgicamente a utilização de André André e substitui o jogador quase sempre, mantendo o quadro desenhado por Julen Lopetegui e Rui Barros. Nos últimos dez jogos da Liga, André André foi substituído em oito.

Mais evidente do que a queda do número de minutos em campo é o colapso qualitativo das exibições. André André, provavelmente o melhor jogador do FC Porto até novembro, está a render metade do que pode.

Ricardo Caridade, fisioterapeuta e osteopata, ajuda o Maisfutebol a perceber as consequências das «queixas de síndroma pubálgico».

«Estamos a falar de uma lesão complexa e que explica bem a falta de rendimento e do rendimento intermitente do atleta», diz o proprietário da clínica FisioPrime, especializada no tratamento de lesões desportivas.

«Estas situações podem dever-se a vários fatores», continua Ricardo Caridade, realçando «as retrações e desequilíbrios musculares que podem existir, nomeadamente entre os músculos posturais, adutores da coxa e abdominais».

Dentro de campo, aponta o doutor Ricardo Caridade, as inibições do atleta afetado acabam por ser potenciadas pela dor e o desconforto.

«O jogo de pés que os futebolistas são obrigados a praticar submetem os músculos a fortes desequilíbrios ao nível da pélvis (osso da bacia)», sublinha o fisioterapeuta.

«Isso implica o aparecimento de contrações musculares importantes e anormais, levando a compensações. É fundamental avaliar as causas dessa patologia e restabelecer a biomecânica normal da zona».

André André, quatro vezes internacional A por Portugal, tem fundadas esperanças de estar no Campeonato da Europa de 2016. Mesmo limitado, o atleta é opção indiscutível no FC Porto. Como é que clube e seleção irão gerir este quadro tão sensível até ao verão?