Yacine Brahimi nem pestaneja: o FC Porto só pensa em ser campeão porque já são anos a mais sem o conseguir. O argelino garante foco total nesse objetivo, a poucos dias do Clássico da Luz, que pode ajudar a adivinhar o que irá acontecer esta época.

«Digo-o porque tenho no coração. Queremos ser campeões. Não passa outra coisa pela cabeça. Posso falar por todos. Vamos lutar até ao fim para conseguir este objetivo», garantiu, ao Porto Canal.

O argelino recordou algumas passagens desta época, nomeadamente o golo de Rui Pedro, ao Sp. Braga, visto como um momento de libertação do grupo que vinha de alguns jogos sem marcar e sem ganhar.

«Não sei se era falta de sorte. Não sei explicar isso. Esse golo mudou muitas coisas. Estávamos a empatar sempre, com 15 oportunidades por jogo e a bola não entrava. E desde aí marcamos muitos golos. Às vezes o futebol é assim», comenta.

Sobre o início do ano, em que demorou a ser opção indiscutível para Nuno Espírito Santo, Brahimi diz apenas que se preocupou sempre em trabalhar e esperar a sua oportunidade.

O primeiro ano: «Ainda hoje não sei como não ganhámos nada»

Na mesma entrevista, Brahimi fez uma retrospetiva da carreira, desde o tempo em que foi um dos 25, entre 1000, selecionados para a Academia Clairefontaine, em França, até ao Mundial 2014, quando passou a representar a Argélia, uma escolha «de coração».

De lá chegou ao FC Porto. «O interesse? Foi um pouco antes do Mundial e durante também. Estava o Lopetegui. Quando soube do interesse para mim foi o máximo, porque queria jogar num grande clube. Foi uma decisão muito fácil de tomar», garante.

O argelino recordou momentos especiais do primeiro ano, como a estreia frente ao Lille, com um golo marcado no Dragão, o hat-trick ao BATE Borisov («Ainda tenho a bola desse jogo autografada por todos») e a eliminatória com o Bayern Munique.

«Quando ganhámos 3-1 sabíamos que o segundo jogo ia ser difícil, mas sonhámos todos em passar às meias finais. Porque sabíamos que tínhamos uma equipa com muita qualidade. Não ter os laterais lá foi muito importante. Faltou-nos experiência e jogamos contra uma equipa top. É um jogo que fica um pouco atravessado. Podíamos ter feito melhor, mas são coisas que acontecem», lamentou.

O FC Porto falhou ali e, mais tarde, deixou fugir de vez a Liga para o Benfica. «Acabamos a temporada com muitas desilusões. Tínhamos equipa para ganhar a Liga. Falhamos em momentos cruciais, muito importantes. Ainda hoje não sei como não ganhamos alguma coisa nesse ano», assume.

«Tudo o que faço em campo é para a equipa»

O ano seguinte foi ainda pior para o FC Porto. Brahimi lembra que até começaram bem, mas a derrota caseira com o Dínamo Kiev, para a Liga dos Campeões, foi o sinal de que algo mau estava para vir.

«Não sei o que aconteceu. Perdemos 2-0 contra uma equipa que, por muito respeito, podíamos perfeitamente ganhar ou no mínimo empatar», sublinha.

Recordando a pressão que era, naquela altura, jogar no Dragão, Brahimi recorda também a final da Taça frente ao Sp. Braga, outro momento muito duro.

«Foi muito difícil perder. Depois de estar a perder 2-0, empatamos aos 94. E quando empatas ao minuto 94 pensas: ‘ok, vamos ganhar!’ Com aquela euforia, chegamos aos penaltis e tínhamos na cabeça que íamos ganhar. E perdemos. Foi dos momentos mais difíceis desde que cheguei ao Porto. Dois anos a jogar no Porto sem ganhar ada para mim era impossível», remata.

Por fim, Brahimi falou da fama de individualista que foi ganhando devido ao seu estilo de jogo. O avançado tenta não dar valor às críticas, mas rebate-as: «Há gente que não me conhece e a minha forma de jogar pode levá-las a pensar que sou individualista. Tudo o que faço no campo é para a minha equipa. Seja quando driblo, quando defendo, quando tento rematar. É para que a minha equipa ganhe. Em nenhum momento deixei de fazer um passe porque sou egoísta. Nunca.»