Sócio número 2287 do FC Porto, Luís Gonçalves é o sucessor de Antero Henrique «com efeitos imediatos». A informação oficial foi prestada pelo site oficial dos dragões e coloca no comando do futebol profissional um homem perfeitamente identificado com o clube.

Chefe do departamento de observação do Shakhtar Donetsk desde 2011, Luís Gonçalves regressa ao emblema azul e branco, que já serviu na década de 90 como observador, vice-presidente e coordenador do futebol jovem, ainda antes de abraçar a liderança do scouting.

Apesar de pautar o seu comportamento pela discrição, o Maisfutebol descobriu algumas entrevistas de Luís Gonçalves na Ucrânia. Através delas é possível chegar a algumas conclusões sobre o novo homem forte do futebol profissional do FC Porto, nunca esquecendo Pinto da Costa, naturalmente:

. é um apaixonado pelo FC Porto e pelo scouting
. conhece como poucos o mercado sul-americano (principalmente o brasileiro)
. não está habituado a lidar com agentes de futebolistas
. trouxe Radamel Falcao para o Dragão
. desviou Bernard do Porto para o Shakhtar Donetsk
. para si um bom olheiro deve ter «intuição e um pouco do sorte»

Ao serviço do Shakhtar Donetsk, Luís Gonçalves viajava «quatro ou cinco vezes por ano» para o Brasil e seguia competições menos óbvias, como a Copa São Paulo de Sub18 ou o Campeonato Brasileiro de Sub20.

Paulo Fonseca, atual treinador do Shakhtar, diz ao JN que FC Porto contrata «um grande portista, conhecedor de toda a dinâmica do clube». Miguel Cardoso, adjunto de Fonseca, lembra os tempos com Luís Gonçalves no futebol de formação do FC Porto e mais recentemente na Ucrânia. «É um profissional de excelência, de linha dura, disciplinador», explica à RR. 

Em discurso direto, aqui ficam excertos de uma entrevista de Luís Gonçalves ao site Footbal.ua, em 2013:

. «Trabalho no futebol desde que me lembro. Há 20 anos (por volta de 1993), o FC Porto criou um departamento de observação e ofereceu-me um emprego».

. «No início o departamento de observação do FC Porto era pequeno. Trabalhavam lá alguns treinadores e ex-futebolistas do clube. Durante dois anos criámos e organizámos esse setor. Agora é chefiado pelo diretor, tem oito ou nove elementos fixos».

. «Na América do Sul podemos encontrar muitos jogadores bons. Outras razões são os preços dos atletas e os seus salários. Os brasileiros, os uruguaios e os colombianos são os que se adaptam mais rapidamente às condições do futebol português».

. «O trabalho de observação hoje está facilitado. Nos dias que correm não é muito difícil conseguir informações. Nós juntamos tudo sobre os jogadores e só depois tomamos uma decisão. É a fase mais importante do nosso trabalho».

. «Para verificar a autenticidade dos dados que nos são fornecidos temos muitas vezes de ir a diferentes torneios no Brasil, Argentina, Colômbia e outros países. Vemos jovens com idades até aos 15 ou 16 anos a jogar. Depois disso, avaliamos toda a informação e decidimos se vale ou não a pena comprar determinado jogador».

. «José Mourinho? A minha relação com ele pode ser chamada de profissional. Pelo menos não havia nenhum atrito entre nós. Discutíamos apenas questões relacionadas com o futebol. Às vezes ainda falamos».

. «Já vi muitas vezes jovens sobredotados que não conseguem chegar a nenhum lugar devido ao seu temperamento e visão de mundo».

. «Felizmente não me cruzo com agentes de futebolistas. Isso é trabalho dos diretores dos clubes.

. «Quando o Falcao jogava no River Plate ninguém imaginava que ele iria crescer até ao nível que cresceu. Sim, ele era um jogador promissor, mas não mais do que isso. O incrível progresso do Radamel mais uma vez vem provar que o nosso trabalho precisa da sorte. Estávamos no lugar certo à hora certa e ele veio para o FC Porto».

. «O FC Porto é um clube de alto nível, conhecido em todo o mundo e exclusivamente associado ao sucesso. Mas o Shakhtar abriu-me novas oportunidades e a minha vinda para cá acabou por ser um novo desafio. Às vezes as mudanças na vida são simplesmente necessárias».