Moussa Marega considera que está na altura de dar o salto para um novo clube e, em entrevista ao site francês Sport SFR, espera poder realizar o «sonho» de jogar na Premier League. Uma longa entrevista em que o jogador aborda a difícil relação que manteve com Nuno Espírito Santo e o alento que, depois, lhe foi transmitido por Sérgio Conceição.

Uma entrevista dada desde o Dubai, onde o avançado maliano está de férias com a família a recuperar da «melhor época de sempre». «Fiquei impressionado comigo próprio pelo meu tempo de jogo e número de golos que marquei. Olhando para trás, penso que até podia ter feito ainda melhor, mas o registo é positivo. Esta foi a melhor temporada da minha carreira porque, além disso, no final, há o título, a recompensa coletiva», começa por destacar.

Apesar da boa temporada, Marega quer aproveitar a embalagem para dar jm novo rumo à sua carreira. «Vivi um ano muito bonito com a conquista do campeonato, foi um orgulho enorme. Acabei a época com 23 golos em todas as competições. Para mim, penso que este é o melhor momento para tentar a minha sorte noutro lado, experimentar um novo campeonato, como a Premier League. Custa-me dizer isto porque estou muito apegado a este clube, a estes adeptos que me dão muito», referiu.

O avançado aponta diretamente para Inglaterra, mas prefere não dizer se já tem uma proposta. «Já me interesso pela Premier League há muito tempo. Quem não gosta? É um campeonato enorme, com jogadores fantásticos. É lisonjeador saber que há clubes interessados em mim porque sempre foi um sonho jogar em Inglaterra. Quero ser feliz com a minha família num campeonato que adoro», apontou.

«Se Nuno tivesse ficado, teria feito tudo para sair do FC Porto»

Mas a verdade é que Marega nem sempre foi feliz no FC Porto. Os primeiros tempos, sob o comando de Nuno Espírito Santo, não foram fáceis. «Cheguei ao FC Porto em janeiro de 2016. Fiquei muito feliz por assinar por um clube tão grande. Para mim, era uma honra, um orgulho. Os primeiros quatro meses deixaram-me um pouco desgostoso com o futebol. Eu era o pequeno jogador que todos se riam. Adeptos, até uma certa imprensa gozou comigo. Foi um momento muito difícil. Depois chegaram as férias e decidi colocar o destino nas minhas mãos. Contratei um treinador, Fabien Delporte, que trabalhou o físico mas também o aspeto mental comigo, porque estava realmente muito triste. Pensar em voltar para Portugal e olhar as pessoas nos olhos era difícil», contou, antes de aprofundar a difícil relação que manteve com o atual treinador do Wolverhampton.

«Quando regressei, Nuno Espírito Santo disse-me, ao fim de uns dias de treino, que não me conhecia e que tinha de procurar um novo clube», contou.

Tudo mudou com a chegada de Sérgio Conceição. «Se Nuno tivesse ficado, teria feito tudo para sair do FC Porto. Isso teria sido difícil para mim, porque tenho um respeito enorme por este clube. Mas o Nuno foi-se embora e chegou o Sérgio. Já o conhecia, conheci-o quando jogava no Marítimo. Tentou levar-me para o Nantes porque gostou de mim. Assim que assumiu o comando técnico do FC Porto, ligou ao meu empresário e disse-me que eu ia ficar. Deu-me confiança, fui uma aposta dele e acho que fui uma aposta ganha. Fez de tudo para me fazer sentir bem, integrado, confiante. Nos treinos, sempre que fazia um passe, mesmo que fosse de cinco metros, ele encorajava-me. Quero agradecer tudo o que fez por mim. Devo-lhe esta época, a ele, aos meus colegas e aos adeptos», referiu ainda Marega que ficou sem palavras quando lembrou que os adeptos até lhe tinham dedicado uma canção.