O empate do FC Porto em Guimarães, neste domingo, assinala o quarto jogo consecutivo sem vitória para os homens de Paulo Fonseca, depois da derrota com o Estoril e dos dois empates com o Eintracht Frankfurt na Liga Europa. Uma série pouco habitual no Dragão: é preciso recuar até à atribulada época 2004/05, em que a ressaca da era Mourinho consumiu três treinadores, para encontrar algo de semelhante.

Nessa altura, com Victor Fernandéz ao comando, a época ainda estava no começo. O jejum começou a 27 de agosto, com a derrota na Supertaça Europeia, diante do Valência, e prolongou-se até 25 de setembro, altura em que uma série de quatro empates (três para a Liga e um para a Champions, com o CSKA Moscovo) foi quebrada por uma vitória em Guimarães.

Daí para cá, mais cinco treinadores passaram pelo banco portista: José Couceiro, Co Adriaanse, Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas e Vítor Pereira. Nenhum tinha ficado mais de três jogos oficiais sem vencer. E se é certo que o empate de quinta-feira, em Frankfurt, destoa nesta série, por ter permitido a permanência dos dragões na Liga Europa, a forma acidentada e sofrida como foi conseguido ajuda a acentuar a impressão de desnorte que se vive na equipa.

Em Guimarães, pela segunda vez em dez dias, o FC Porto voltou a desperdiçar uma vantagem de dois golos, um dado que o treinador reconheceu como sendo inaceitável, mas para o qual não conseguiu encontrar explicação.

«Temos de ser realistas, isto não pode acontecer»

O mesmo já tinha acontecido na conferência de imprensa de antevisão da partida, durante a qual, com visível desconforto, remeteu explicações para os erros defensivos da equipa para «os doutorados» que escrevem na imprensa. Certo é que os oito golos sofridos nos últimos quatro jogos, à média de dois por jogo, estão na base da pior série da equipa de há nove anos e meio a esta parte.

Com o treinador a assumir, por palavras e gestos, a sua impotência para mudar o estado de coisas, o empate de Guimarães faz com que a permanência de Paulo Fonseca à frente da equipa, esteja nesta altura cada vez mais ameaçada. Ainda que o técnico continue a ter melhor relação entre jogos e pontos do que qualquer um dos quatro treinadores despedidos a meio da época na era Pinto da Costa (Quinito, Ivic, Octávio Machado e Victor Fernandez).

Mas o calendário de março, com uma visita a Alvalade intercalada com os dois jogos frente ao Nápoles, para a Liga Europa, e ainda a receção ao Benfica, para a Taça, apanha a equipa em plena tormenta. Numa altura em que o primeiro lugar está a nove pontos, a prioridade no Dragão terá de recentrar-se na luta pelo acesso direto à Liga dos Campeões, com a equipa a quatro pontos do segundo classificado, o Sporting, e à mesma distância do quarto, o Estoril. A receção ao Arouca, no domingo, será o pretexto para evitar que se repita a série de cinco jogos sem ganhar, de 2004/05. As próximas horas dirão se ainda com Paulo Fonseca no comando.