195 centímetros de «solidez e concentração» na baliza do FC Porto B. El Niño Heroe, assim lhe chamam no México, apodo recebido após o Mundial de sub17, em 2013. Raul Gudiño, é dele que falamos, um gigante a impressionar na segunda equipa dos dragões.

Quem é este menino de 18 anos? Que futuro terá no FC Porto? Estará aqui o futuro número um azul e branco (e do México)?

Antes das respostas, os factos: Gudiño nasceu em Guadalajara, a 22 de abril de 1996. Chegou com 15 anos ao Chivas, um histórico, depois de brilhar em torneios locais. Deu rapidamente nas vistas e passou a ser chamado às seleções aztecas mais jovens. O objetivo de ser médico, confidenciado em várias entrevistas, teve de ser posto de lado.

Há dois anos, na prova realizada nos Emirados Árabes Unidos, saiu do anonimato. Titular nos sete jogos que deram o segundo lugar no Mundial ao México, Raul Gudiño entrou nos radares dos grandes clubes europeus.  

Nas meias-finais do Mundial sub17 defendeu uma grande penalidade contra a Argentina. Quem viu o jogo dos sub19 do FC Porto em Madrid, na terça-feira, encontrará algumas semelhanças.

O Porto tem um especialista na defesa de castigos máximos.

Aqui o penálti decisivo parado contra a Argentina:

 

Aqui a tarde fantástica frente ao Real Madrid:



Gudiño está no FC Porto emprestado pelo Chivas. Por dez meses. Os dragões, sabe o nosso jornal, estão fortemente interessados em adquirir definitivamente o mexicano. O aval dos técnicos é positivo e o negócio vai mesmo acontecer.

Raul Gutiérrez é o selecionador sub21 do México e o homem que orientou Gudiño no Mundial sub17. Conhece-o como ninguém e é claro na conversa com o Maisfutebol: «em cinco anos será provavelmente o melhor guarda-redes mexicano».

«Estamos a seguir muito atentamente o seu trabalho no Porto. Aliás quero tê-lo na seleção olímpica brevemente. Não é uma surpresa o que está a fazer em Portugal», explica Raul Gutiérrez, a partir da Cidade do México.

«Jogar na Europa não é simples e ele tem sido fantástico. Sabemos o que vale e o que pode fazer. Trabalhei com ele entre os 15 e os 17 anos e é um 'chico' que adora treinar e melhorar».

Raul Gutiérrez confirma a «especialidade em defender penáltis» e explica «a maturidade anormal» para um rapaz de 18 anos. «É muito alto e tem um instinto fantástico, além de ser muito ágil. Parou esse penálti contra a Argentina, mas contra o Brasil, nos quartos-de-final do Mundial, defendera dois».

«É muito calmo porque tem um enquadramento familiar excelente», continua Gutiérrez. «O pai e a mãe acompanham-no para todo o lado. Ele sente-se seguro e confiante, também por esse apoio constante. Não tenho dúvidas: o México e o FC Porto têm de aproveitar o Gudiño»
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Uma grande exibição de Gudiño contra o Ac. Viseu:

 

Jorge Berlanga é o empresário de Raul Gudiño. Ao Maisfutebol ainda não confirma a oferta oficial do FC Porto para a contratação do guarda-redes, mas confirma a «vontade das duas partes».

«O Raul está muito feliz. Viajarei para o Porto em breve e vamos ver o que se decide. O FC Porto é um clube fantástico e o Raul está decidido em continuar por aí».

Berlanga acompanhou o jogo entre o Real Madrid e o FC Porto, para a UEFA Youth League, e aplaude a «excelente resposta» do futebolista «num contexto duro». «Estava muito vento, o Real pressionou muito na primeira parte e o Gudiño respondeu como um adulto. Nos penáltis fez o que eu esperava dele: decidiu».

Para terminar a reportagem, nada melhor do que a opinião «entusiasmada» de um dos homens que mais vezes defendeu a baliza do México. Jorge Campos, 47 anos, o homem dos equipamentos berrantes e dos comportamentos excêntricos.

Esteve em três Mundiais e fez 130 jogos pela seleção azteca. Atualmente é comentador televisivo, depois de ter feito parte da equipa técnica de Ricardo La Volpe na equipa nacional.

Durante o Campeonato do Mundo do Brasil deu uma entrevista exclusiva ao Maisfutebol.  

«O Raul Gudiño? Nunca o treinei, mas assisti a todos os jogos do Mundial de sub17. Não tem nada a ver comigo (risos)», brinca Jorge Campos, o guarda-redes que às vezes também era ponta-de-lança.

«É grande, seguro, muito concentrado. Só tem de ser um pouco mais ‘loco’ para ser o melhor. Os avançados têm de sentir que ele está lá».

Campos faz questão de dizer que não tem visto Gudiño a jogar no FC Porto, mas que nas seleções jovens «continua bem». «A seleção tem boas opções com o Ochoa, o Talavera e o Muñoz, mas o Gudiño é diferente de todos eles. É mais europeu, mais frio».

Raul Gudiño tem nove jogos pela equipa B do FC Porto, dois pelos juniores e três na UEFA Youth League. E veio para ficar. Perdeu-se um médico, ganhou-se um guarda-redes.    

Uma defesa do outro mundo contra o Feirense: