Futebolista do FC Porto entre 2004 e 2010, contratado ao Boavista após o título europeu, Raul Meireles foi um dos convidados de mais um 'FC Porto em Casa' e passou um bom tempo da conversa a falar sobre os tempos no clube com Co Adriaanse. 

O ex-médio passou a primeira metade da época sem jogar, mas acabou por ser importante na última fase do título conquistado em 2006. 

«O Co Adriaanse pôs-me logo a chorar na pré-época. Deu-me um amarelo, logo a seguir um vermelho e expulsou-me do treino. Adorei-o e detestei-o na mesma época. Ele tinha coisas que ninguém entendia», contou Raul Meireles. 

Mas houve mais. Em dezembro de 2005, Raul pediu para falar com o treinador. «Perdi a vergonha e pedi para ir ao gabinete dele. Disse-lhe que tinha um Euro sub21, que nem sequer era convocado no FC Porto e que precisava de jogar. Ele disse-me para não me preocupar com isso. ‘Eles na seleção não têm melhor do que tu. Tens clubes interessados? Eu sei. O diretor do Feyenoord ligou-me e eu disse-lhe logo que não’. Saí do gabinete sem saber o que pensar. O Adriaanse era assim.»

Raul lembrou que a sua situação no clube e com Adriaanse mudou depois de um jogo amigável. «Fizemos um jogo particular contra o Dínamo Moscovo em janeiro. O Lucho lesionou-se, entrei na primeira parte e fiz dois golos e uma assistência. Passei de não convocado para o banco e logo no jogo a seguir a titular, até ao fim da época. Perdemos 2-1 na Amadora e é a partir daí que ele muda a tática para três defesas.»

Apesar de tudo, Raul teve um misto de sensações na hora da saída de Adriaanse no clube. «Vi a saída do Adriaanse com algum alívio, mas preocupação também. A equipa jogava muito bem. Fiquei dividido na altura da saída dele. Felizmente, o professor Jesualdo entrou e fez um trabalho fantástico», recordou Raul Meireles, ao lado do amigo José Bosingwa.

Outras revelações de Raul Meireles:

A ida para o Chelsea: «O meu empresário na ida para o Chelsea foi o Zé. Eu estava na seleção e ele ligou-me para aí cinco ou seis vezes, com o Villas-Boas ao lado.»


O melhor meio-campo no FC Porto: «Tive médios fantásticos como colegas no FC Porto. Mas adorei jogar naquele meio-campo com o Paulo Assunção e o Lucho, jogávamos de olhos fechados.»

Melhor golo no FC Porto: «Ao Estrela da Amadora no Estádio da Luz, uma bomba.»

O adeus ao futebol: «Nos dois últimos anos no Fenerbahce já não sentia a mesma paixão, o mesmo entusiasmo. Avisei a minha mulher que estava a pensar abandonar, ainda por cima comecei a ter algumas lesões.»

Colegas que mais o surpreenderam no FC Porto: «O Lisandro Lopez, o Hulk. A evolução do Hulk foi incrível. O Falcao também chegou um pouco perdido e foi depois importantíssimo. O Lucho, o Fernando, o Pepe. O Bruno Alves também teve uma evolução impressionante.»