Rúben Neves anda nas nuvens. Neste domingo, o adolescente de Mozelos (Santa Maria da Feira) admitiu que jamais esquecerá a «estreia de sonho» com a camisola do FC Porto, frente ao Marítimo. Com 17 anos e 155 dias, surgiu no onze dos dragões e marcou ao 11º minuto de jogo, batendo o recorde  de Fernando Gomes. 

«Foi uma estreia de sonho. Não só pelo jogo que fiz, pelo golo que marquei mas também pela vitória, que é o mais importante», disse o jovem no Olival.

Tudo começou aos seis anos, no vizinho Lusitânia de Lourosa. Rúben Neves vem de uma família vincadamente portista e amante do futebol. O pai, para além de um tio, foi jogador do União de Lamas nas camadas jovens e seguiu para o futebol distrital. Agora, José enche-se de orgulho com o sucesso do benjamim.

«Curiosamente, o pai do Rúben era central ou trinco. Podíamos dizer que o Rúben aprendeu com o pai a ser trinco, se bem que o Rúben brinca com ele e diz que foi ao contrário», conta um familiar (que pediu para não ser identificado) ao Maisfutebol.

Ainda sem idade para ter carta de condução, o jovem que enchia as paredes do quarto com posters do FC Porto fez a sua estreia como titular dos dragões na Liga e chegou rapidamente ao golo. Uma ascensão meteórica, de facto.

«Para ele, portista desde o berço, foi um momento inesquecível. Para ele e toda a família, são quase todos portistas. Foi tudo ao Estádio do Dragão ver o jogo com o Marítimo. Como deve imaginar, foi uma emoção indescritível.» 


 
Rúben Neves esteve pouco tempo no Lusitânia de Lourosa e rumou ao FC Porto, destacando-se nos treinos de captação. A partir daí, seguiu-se a rotina diária de viagens entre Mozelos e a Invicta, à boleia de familiares. Entretanto, o clube passou a fornecer o transporte. 

A família Neves, popular na freguesia de Mozelos, vive dias de felicidade.   

«É um prémio para o que ele fez ao longo dos anos, fez muito para chegar onde está. A família, sem ser pobre, é humilde mas sempre apoiou muito o Rúben, até porque ele merecia. Foram anos e anos a acompanhar os jogos das camadas jovens do FC Porto, excetuando aqueles meses no Padroense, já que o Porto não tem sub-16. Esteve sempre em escalões à frente da sua idade», explica um familiar do médio.

Rúben Neves passou por todos os escalões de formação do FC Porto sem chegar aos juniores. Na época passada, chegou a treinar com a equipa B e até o plantel principal. A primeira sessão foi em janeiro de 2014, ainda com Paulo Fonseca.


Entretanto, o médio defensivo brilhou com intensidade na fase final do Europeu de sub-17, em Malta, sendo apontado por jornalistas do site da UEFA como um de dez jovens a seguir, no rescaldo da competição,  

«O capitão de Portugal foi o homem responsável por fazer mexer o jogo no meio-campo da selecção de Emilio Peixe, que impressionou em Malta. Sempre pronto para dar início aos lances de ataque da Selecção das Quinas, o médio do FC Porto nunca mostrou receio de tentar, ele mesmo, o golo, como ficou evidente no fantástico remate que esbarrou na trave frente à Inglaterra, nas meias-finais.»

Voltando com enorme crédito ao clube, Rúben acabou por ser chamado por Julen Lopetegui face à lesão de Mikel e à presença de Tomás Podstawski no Europeu sub-19. Agarrou a oportunidade e não mais saiu, chegando ao onze do FC Porto no arranque da Liga. Segue-se o play-off da Liga dos Campeões.

«Ele esteve sempre adiantado em relação à idade mas nem a família imaginava que isto acontecesse de forma tão precoce. O Rúben lutou muito e a estreia levou muita gente às lágrimas. Mozelos está num orgulho enorme e a família Neves também», remata o familiar, antes de solicitar de forma inusitada o anonimato, que o  Maisfutebol respeita.

Rúben Neves cumpriu o sonho que revelou em 2011, então com apenas 14 anos.