No último defeso, Giannelli Imbula irrompeu no Dragão como o mais caro reforço de sempre da história do futebol português ao transferir-se do Marselha para o FC Porto por 20 milhões de euros.

Hoje, em vésperas do clássico de Alvalade, o médio francês voltou a ficar de fora das escolhas de Julen Lopetegui para a partida frente ao Sporting.

Surpreendente? Só para quem não estiver atento às últimas convocatórias do FC Porto.
Imbula não é titular para um jogo da Liga desde 25 de outubro, data do nulo caseiro diante do Sp. Braga da jornada 8 (saiu aos 62 minutos para dar lugar a Bueno).

Esse é o primeiro momento que marca o ostracismo a que praticamente foi votado o médio francês. O segundo momento surge um mês depois, a 24 de novembro, e representa aquele que é até agora o maior trauma dos dragões esta época: a derrota em casa diante do Dínamo de Kiev (0-2), que viria a ter como consequência a eliminação na fase de grupos da Liga dos Campeões (saiu aos 67’).

FICHA DE IMBULA

Daí em diante, esteve ausente em seis das últimas nove convocatórias. Não foi chamado para a eliminatória frente ao Feirense para a Taça de Portugal e para a Liga nos jogos frente a Tondela, União da Madeira, Paços de Ferreira, Académica e agora Sporting.

Nas três partidas em que o francês esteve entre os eleitos, apenas foi titular numa: a derrota frente ao Chelsea, em Stamford Bridge, decisiva para o adeus dos dragões à Champions (saiu aos 56’).

De resto, nos últimos jogos Imbula foi suplente utilizado contra o Nacional, na jornada 13 da Liga, no jogo repartido por dois dias, e na inesperada derrota inesperada em casa, na terça-feira, com o Marítimo (1-3), que comprometeu quase em definitivo o futuro dos azuis e brancos na Taça da Liga.
 
Virtudes, deficiências e críticas
Muito pouco brilho para uma joia de 20 milhões. Sobretudo considerando que na época passada Imbula fez 39 jogos assumindo-se como titular do Marselha durante toda a época.

Quando joga, o médio de 23 anos mostra qualidades, em particular na progressão com bola e capacidade física, mas também debilidades inaceitáveis a quem, pelo preço que custou, devia de ser um jogador já feito. A saber: falta de cultura tática, o que o faz atropelar Danilo por exemplo sempre que jogam juntos, ou incapacidade de arriscar no passe, bem como de se superiorizar no jogo aéreo.

A questão tática pode ser resolvida a prazo pelo trabalho do treinador. Tal como a confiança que Imbula parece não ter. No entanto, Lopetegui que chegou a ter o reforço como uma peça que podia fazer qualquer das três posições do meio-campo, acabou por não conseguir encaixá-lo de forma satisfatória em nenhuma. E foi alvo do pai do atleta, que há cerca de duas semanas em declarações à France Football acusou o treinador portista de não saber tirar partido das qualidades técnicas e físicas do jogador, ao contrário do que conseguiu Marcelo Bielsa em Marselha.

Apenas cinco jogos do princípio ao fim
Com uma aposta mais regular em Rúben Neves, Danilo e Herrera (que no início da época era dispensável), a recuperação de André André e as oportunidades concedidas a Evandro, Imbula parece carta quase tão fora do baralho como Sérgio Oliveira no meio-campo portista e até já foi dado como transferível.

As estatísticas até agora servem para comprovar isso mesmo e para consolidar a desilusão. Em 24 jogos oficiais nesta época, Imbula participou em 17, sendo titular em 13 e cumprindo os 90 minutos em apenas cinco (dois deles, resultados marcantes: as vitórias em casa diante de Chelsea e Benfica).

Ao todo jogou 1085 minutos, metade do total possível. Não marcou qualquer golo e fez duas assistências.
O que ajuda a equilibrar estes números são sobretudo os primeiros três meses da época e em particular a Liga dos Campeões. Aí, na montra do futebol europeu, Imbula foi aposta constante: participou em cinco dos seis jogos e foi titular em quatro.